segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novas Especialidades de Enfermagem?!?

Estou a trabalhar no estrangeiro, mais propriamente em Espanha, mas desejo voltar ao meu país, não digo voltar a trabalhar porque ainda não me foi dada essa oportunidade.
Estou bem onde estou, mas acho que toda a gente quer trabalhar no seu país. Coisa que não se avizinha fácil, nem para mim nem para milhares de companheiros (as) meus/minhas.
Vou estando atento aos concursos que vão abrindo e como se não bastasse sabermos a PALHAÇADA que a maior parte deles são (abre-se concursos para validar o factor C), agora tenho-me deparado com um aspecto que me causa bastante…como hei-de dizer…estranheza (para ser simpático).
Já é normal nos concursos haver como requisito um tempo mínimo de experiência, o que logo elimina a maior parte dos colegas que não a têm…por isso me decidi a vir para o estrangeiro, para a adquirir.
Agora que tenho alguma experiência, começam a especificar o tipo de experiência. Antes era generalizada…agora pedem experiência em determinado tipo de serviços. Porém, não é este requisito que me incomoda.
Nestes últimos concursos um dos requisitos é ter ou já ter tido qualquer tipo de ligação à função pública. Como se costuma dizer, aqui é que “a porca torce o rabo!” Porque raio, é que um concurso que não é interno, tem um requisito que me parece do mais absurdo possível!
Atenção, requisito é diferente de critério. Como requisito, isto invalida logo o concurso de milhares de candidatos...como critério seria algo que mais tarde poderia servir para desempatar a avaliação de 2 ou mais candidatos, mas permitiria a candidatura de toda a gente.
Quer dizer, eu tenho experiência profissional de pouco mais de 2 anos ininterrupta, a trabalhar 40h semanais, mas no estrangeiro e no privado. Alguém que tenha trabalhado 6 meses no público em Portugal deve está mais habilitado que eu, apenas porque trabalhou no público?
Pois bem, sendo assim faço uma sugestão à nossa querida (des)Ordem, que é a criação de mais duas especialidades que serão:
- Enfermeiro Especialista para trabalhar na Função Pública;
- Enfermeiro Especialista para trabalhar no Privado.
Já não bastava olharem para quem trabalha em Espanha com desdém (é certo que temos uma boa formação em Enfermagem, mas quem o apregoa mais é quem menos faz por isso), como ainda vêm agora com requisitos discriminatórios. Acho que em Portugal, não se deve ser tão arrogante, temos uma boa Enfermagem, mas há mais boas enfermagens por esse mundo fora. E muita desta arrogância vem de pessoal que trabalha no público, onde agora se entra, não por mérito, mas por conhecimentos!
Sei que a (des)Ordem diz não ter nada a ver com os concursos, que isso é da responsabilidade das entidades que os promovem, o que comprova mais uma vez que se estão a borrifar para quem lhes paga as quotas! E convém relembrar que, dentro de muito pouco tempo, a (des)Ordem vai ser sustentada maioritariamente por pessoas que estão desempregadas ou a trabalhar no estrangeiro!
HAJA VERGONHA!

sábado, 14 de agosto de 2010

Lado Lunar...

Apenas por saudosismo de ouvir este Sr. da música portuguesa...

domingo, 8 de agosto de 2010

Sabe bem...

Recentemente terminaram as minhas férias, pelo menos parte delas, uma vez que mas deram repartidas. Todos aqueles que me conhecem sabem o desesperado (pese o exagero) que andava para tê-las.
Não tem a ver com gostar ou deixar de gostar de fazer o que faço. Sou enfermeiro com muito gosto, com muita dedicação e cada vez gosto mais do que faço.
A questão (puxando a brasa à minha sardinha e sabendo que cada profissão tem os seus prós e contras) é que, há cerca de 2 anos, não tinha umas férias dignas desse nome. Há 2 anos passei um verão para esquecer e o ano passado, apesar de ter concretizado um sonho de criança, não descansei. Aliado a isto, estar a trabalhar só de noites e da profissão provocar um grande desgaste psicológico (lidar com o sofrimento e com o enlouquecimento humano é desgastante) e físico, fez com que ansiasse pelas férias.
Aproveitei-as ao máximo para ter um descanso do qual já desconhecia a existência. Voltei a sentir o prazer de um sono reparador, do “deitar cedo e cedo erguer” que sem dúvida alguma dá saúde a qualquer pessoa.
Soube a pouco, re-habituei-me a uma vida que já não tinha há muito. Mas faltava algo…algo que sei agora que é um dos motivos que me faz seguir em frente, que me faz querer sempre fazer mais e melhor (como profissional e como pessoa). O carinho e afecto dos “meus” doentes. Sei que muitos deles são pessoas carentes, de saúde e de amor. São pessoas numa situação em que falar bem de quem cuida deles pode ser uma tentativa de conseguir “cuidados especiais”. Porém consegue-se distinguir bem o verdadeiro e sincero “bem falar”.
Regressei ao trabalho e com espanto ouvi algumas expressões às quais não consigo ficar indiferente. Ver o meu trabalho reconhecido por aqueles a quem o meu trabalho e dedicação são dirigidos, é o regozijo máximo que posso pedir.
Sr.ª E - “Olá! Ao tempo que não te via! Benvindo! Ficas esta noite? Sim? Que bom. Sei que precisas de férias e fico contente por ti que as tenhas, mas também fico triste por não estares aqui!”
Sr. A – (um senhor que quando fui de férias tinha sido ingressado nas urgências do Hospital por suspeita de AVC e que entretanto regressou ao nosso centro, apesar do estado de saúde débil) “Sabes uma coisa, senti muito a tua falta, confio em ti.”
Sr. C (senhor de 80 e poucos anos) – “Então meu amigo, ouvi dizer que foste de férias em boa companhia! Não é verdade!? Vá, não te preocupes, podes confiar em mim, eu não digo nada a ninguém. Falamos disso depois…” (após uma querida amiga ter-lhe dito que eu estava de férias com uma rapariga jeitosa…que não era verdade, mas quem é que conseguia tirar daquilo da cabeça do homem?!? Não é menina L?)
Sentir este apreço (por parte dos doentes e dos colegas de trabalho…até o médico, com quem tive um desentendimento, mostrou-se mais simpático) quase me faz não querer ter férias…mas são necessárias para manter a frescura exigida para o desempenho das minhas funções.