terça-feira, 30 de outubro de 2012



"Enfermeira descuidada tem apoio psicológico

O erro humano que levou à morte de Rosa Pinto Cunha, na sequência de uma sessão de fototerapia no Hospital de Braga, só foi detetado seis dias após o tratamento fatídico.



Segundo o Correio da Manhã, logo no dia 10, quando voltou ao hospital a queixar-se de dores, a paciente devia ter sido transferida para uma unidade de queimados, o que só aconteceu no dia 16, tarde demais.
No processo de averiguações do hospital foi apurado que a enfermeira responsável carregou no botão errado, aplicando um tratamento muito mais forte do que o receitado. Rosa foi assim sujeita a um tratamento de 17 minutos em vez de 5. A enfermeira em causa, com 30 anos e pertencente aos quadros da Função Pública, foi mudada de serviço e está a ser acompanhada por uma equipa de psicólogos."

Antes demais, lamento profundamente esta situação, quer pela pessoa que faleceu, quer pela colega em causa.
Agora, falar em "enfermeira descuidada" parece-me abusivo e ofensivo.  Um enfermeiro por turno desempenha muitas, mas mesmo muitas acções. Quem nunca se enganou no seu trabalho? Quem foi o professor que nunca se enganou a corrigir um teste? Quem foi o mecânico que nunca se enganou a arranjar um carro? Quem foi o jornalista que nunca se enganou a dar uma notícia? Quem foi o médico que nunca se enganou num diagnóstico?
A colega teve um erro fatal, daqueles que não devem acontecer. Sem dúvida alguma. Mas falar em descuido gratuitamente? Bons e maus profissionais há em todas as áreas. De certeza que há maus enfermeiros...há, não tenho a menor dúvida. Já trabalhei com pessoas assim. Agora, até o melhor dos enfermeiros pode cometer um erro grave...o que não significa descuido.
Falam em cortes e recortes na Saúde...um dos preços a pagar vai ser o pior atendimento. Não se queixem  dos trabalhadores da saúde meus amigos. Queixem-se de quem não permite a estes fazer melhor! Vão a um mecânico por um problema urgente e se vos diz que têm que esperar 2 ou 3 dias deixam o carro lá sem dizer mais nada. Vão a um hospital com uma urgência, e mesmo que os médicos e enfermeiros estejam ocupados, exigem que sejam atendidos!
Este caso não me parece que seja o de uma urgência, mas alguém sabe as condições de trabalho da colega?  O excesso de trabalho a que tenha estado sujeita recentemente? Já nem falo na questão das pessoas corajosas que se submetem a este tipo de responsabilidade o fazerem a troco de 1000 euros (caso seja hospital público...senão 500, 600, 700 ou de graça)! Mas se falamos disso, dizem que ganhar 1000 euros hoje em dia já é muito! Se as pessoas acham que é, é porque acham que a sua vida vale isso. Eu sou sincero, eu é que gosto mesmo muito do que faço...mas caso um dia tenha o azar, a incompetência ou  o "descuido" de cometer um erro com este tipo de consequências...tenho a certeza absoluta que o que me pagam não vai compensar o facto de ser responsável por uma morte nem pelo peso na consciência que me vai atormentar o resto da vida...
Esta colega pode ter cometido um erro grave...mas será que não teve nenhuma acção (ou inúmeras) que já salvaram vidas? Somos pessoas que cuidam de pessoas...sempre com o intuito de conseguir o melhor para os nossos doentes!
O senhor que escreveu este artigo a meu ver foi um "jornalista descuidado"...quais as consequências disso?

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