sábado, 19 de abril de 2014

A minha Páscoa

A Páscoa, nem tanto pela parte religiosa em si, sempre foi algo que me cativou e encantou.
Desde pequeno, desde que a memória me permite ter lembranças, a Páscoa foi sempre passada em casa dos meus avós paternos, numa aldeia para os lados de Braga. Eu que nasci numa cidade, apesar de pequena, tive a sorte de ter um meio que me permitisse crescer a apreciar a alegria pascal, coisa que não seria possível em Fafe.
Todos os preparativos, as mesas cheias de coisas que as crianças adoram (e não só), as famílias reunidas (para mim o mais importante), tudo a comemorar a alegria da vida…e, cometendo uma inconfidência, o gosto ganho pelo vinho do Porto, bebido às escondidas dos graúdos, juntamente com o meu primo mais velho (acho praticamente estando os dois nos trintas, não há problema)! A ansiosa espera pelo compasso, sempre esperando o ouvir da campainha que anunciava a aproximação do grande momento. Depois, visita a outras casas, sempre com o mesmo ritual. E no dia a seguir, mais do mesmo na terra da minha avó. No meio disto tudo, o folar dos padrinhos era tipo a cereja no topo do bolo, mas um bolo bem grande e recheado.
Mais tarde e mais recentemente pude ver que, com ligeiras variações, a tradição é seguida noutras partes do Minho, neste caso do Alto Minho. Possivelmente das tradições mais bonitas dos tempos que correm. Quem nunca o viveu, valeria a pena “perder” um tempo a viver algo assim.
Desde que o meu avô faleceu a Páscoa perdeu algo do seu encanto. E creio que finalmente percebi o porquê. A Páscoa para mim era aquela casa…os meus avós, a minha família, aquela porta aberta, aquela sala a receber o compasso, aquela mesa. Era quando mais me sentia em casa, mesmo não estando em casa. É verdade, tenho saudades disso tudo!

Por isso dentro de uma hora entro a trabalhar, repetindo a dose amanhã. Não me importo. Para mim será um Domingo como outro qualquer.

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