domingo, 23 de novembro de 2014

Uma mesa de valor incalculável…

Há pequenas coisas que, por muito insignificantes que sejam, trazem-nos um pouco de felicidade. Coisas imateriais, que só vividas têm o seu valor.
Eu passei muitos momentos da minha infância na casa dos meus avós paternos. O contacto que um rapaz da cidade (apesar de pequena) tinha com o mundo rural. Sim, não era o meu mundo, mas era (é) a minha família. E quem me conhece sabe o que representam para mim os meus avós, os primos e os meus tios. Aprendi com isso que, independentemente do lugar, o importante são aqueles que nos rodeiam. E aquela casa sempre foi para mim a minha segunda casa…tinha lá a minha família.
Passei lá imensos natais, passagens de ano, fins-de-semana…momentos inesquecíveis. E a imagem que tenho sempre na cabeça é da família reunida à mesa de jantar. Com as pessoas sentadas sempre nos mesmos lugares (ou na mesma ordem), como que guardando o seu lugar no seio familiar.
Recordo-me bem também da comida…obrigatoriamente o frango de churrasco, de vez em quando um entrecosto ou um assado. Refeições que se prolongavam no tempo, pois as conversas quebravam sempre a velha máxima do “silêncio à mesa”.
Simplesmente, fui feliz naquele lugar.
Vai fazer no próximo mês três anos que o meu avô faleceu. E com ele morreu muito daquela casa. Incrível como uma pessoa conseguia preencher um espaço tão grande! E há três anos que eu não me sentava naquela mesa. Fui algumas vezes de passagem à casa, mas sentia sempre aquele vazio perturbador.
Vazio esse que senti dissipar-se, finalmente, este fim-de-semana. Voltei a sentar-me naquela mesa com os meus. Nos lugares de sempre, o frango de sempre, o vinho de sempre, as conversas de sempre. Já cá não estão os meus avós, mas a vida é assim mesmo. Ficam as inúmeras lembranças e a eterna saudade. E a melhor maneira de não deixarmos apagar a memória deles é dando vida à casa onde eles viveram…apenas espero que isso seja sempre possível.

Voltei a sentir aquele bem-estar da minha infância, como se aquela mesa fosse um porto de abrigo…voltei a ser feliz naquela casa.

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