quinta-feira, 12 de maio de 2016

Porque sou Enfermeiro?

Sou Enfermeiro há cerca de oito anos, um início, ainda, da minha caminhada. Muito tempo passou desde a última vez que refleti sobre o que me levou a enveredar por esta jornada. Sem ser o habitual “gosto de ajudar os outros”, pois há muitas maneiras de ajudarmos o próximo sem se ser Enfermeiro.
E ao pensar nisso chego à conclusão que fui para Enfermagem porque não sabia o que era ser Enfermeiro. Chego à conclusão que ninguém tem noção disso antes de o ser. A responsabilidade de termos vidas humanas nas nossas mãos, o sofrimento, dor e desespero com que lidamos diariamente, ver a degradação humana, a todos os níveis, ver o abandono familiar ao vivo, lidar com a morte, aguentar com insultos e agressões, viver uma vida (de turnos) incompreendida aos olhos dos outros…pago como se tudo isto fosse normal.
E ao pensar no que me fez ir para Enfermagem, tenho que pensar no que me faz continuar. E o que me faz continuar, é saber o que é ser Enfermeiro. Assumir a responsabilidade duma vida humana, aliviar o sofrimento, dor e desespero dos doentes, ver a recuperação do doente, dar um pouco de calor a quem é abandonado ou ter o prazer de ver que ainda há gente que cuida e se preocupa com os seus, lidar com a vida e proporcionar uma morte digna, ouvir, ver ou receber o agradecimento de doentes e familiares, seja por palavras, gestos ou olhares, ter uma vida que, com esforço, pode ser relativamente normal…e saber que não há nada que pague isto tudo. Como já o escrevi uma vez, não há nada que se compare a conseguir um sorriso de alguém que está em sofrimento.
Não sei se será correto falar numa vocação inerente a cada enfermeiro. Até porque haverá quem não gosta do que faça, refletindo-se isso nos cuidados que presta e nas atitudes perante os doentes. Mas neste momento, sinto-me vocacionado para o que faço, com gosto e dedicação!

Hoje comemora-se o dia Mundial do Enfermeiro. Para todos nós vai ser mais um dia como os outros. A cuidarmos dos nossos doentes ou a descansarmos de o fazermos. A todos os que honram a arte do bem cuidar, os meus parabéns!

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