domingo, 23 de janeiro de 2011

Para a J.L…

Muito em breve mais uma amiga irá partir para longe (dentro do que se pode considerar longe hoje em dia), procurando a sua felicidade profissional e pessoal.
Tenho pena que o país não seja capaz de aproveitar um capital humano, que apenas quer fazer uma coisa…praticar uma Enfermagem de excelência. Digo isto porque nós não emigramos em busca da fortuna, emigramos em busca da nossa realização, que de material muito pouco tem.
Muitos diriam “Podiam ficar naquelas clínicas ou privados, junto a vossa casa, e como iriam morar com os vossos pais, os 500 euros ou menos que vos pagariam seriam mais que suficientes!” Mas eu a esses, embora não fazendo juízos de valor nem criticando, não os admiro. Admiro isso sim, quem prefere ir atrás dos seus sonhos, mas tendo sempre em atenção uma palavra e toda a imensidão do seu significado…dignidade! Dignidade pelas pessoas que são e dignidade pelos enfermeiros (as) que querem ser. Só assim conseguem ser leais com esta nobre profissão.
Não estudamos 4 anos (e são 4 porque cadeiras que dariam muito bem para serem anuais são semestrais), não somos considerados trabalhadores especializados para ganharmos menos ou pouco mais que um salário mínimo para cuidarmos de quem precisa de nós. Não somos freiras nem voluntários, somos responsabilizados pelos nossos actos e até pelos dos outros, embora muita gente faça questão de tapar olhinhos da sociedade. Se um médico se engana a prescrever algo, o seu “criado” se faz o que ele manda também é responsabilizado…daí termos um voto na matéria podendo recusar administrar algo prescrito, mesmo contra o mal-estar de alguns (serve apenas como um exemplo).
Defendo e sempre defenderei o trabalho em equipa multi-disciplinar, pois reconheço a importância e o valor de todos, mas uma equipa só o é quando existe respeito entre os seus membros. Por experiência própria, sei que um serviço pode passar sem um médico, porém sem enfermeiros não passa…porque a nível de trabalho, a verdade é uma, ninguém gosta de fazer trabalho de hierarquias inferiores e muita gente não o sabe fazer. Mas volto a frisar, quero ser apologista da ideia que “médicos e enfermeiros dependem entre si num grau semelhante”, preciso é de argumentos para isso!
Voltando ao assunto deste texto, porque já me desviei bastante, quero apenas dizer à minha grande amiga “J.L.” que lhe desejo toda a sorte do mundo.
Conhecia-a no meu último ano da universidade. Foi das pessoas com quem maior relação e empatia tive no início desse ano e por culpa minha, houve um período de algum afastamento. Felizmente demonstrou-me a excelente pessoa que é e concedeu uma nova oportunidade à nossa amizade. E desta vez, é uma promessa que faço, não cairá. Nunca falei com ela sobre isto, às tantas até pode não ter esta noção, mas eu tenho.
J.L., afirmo aqui, o mais publicamente que este blog pode ser, o carinho, a admiração e o respeito que tenho por ti e pela tua amizade. És uma menina muito especial para duas pessoas (sabes bem a quem me refiro), foi em parte por ti que procuramos estar presentes em determinados momentos dos últimos tempos.
Sei que serás uma excelente enfermeira e sabes porquê? Tens aí tudo…bondade, simpatia, genuidade, inteligência, bom senso e acima de tudo, vontade.
Partes agora rumo à aventura, encara esta experiência como um algo enriquecedor e não te esqueças…estejas onde estiveres, tens aqui alguém que estará a torcer por ti!
E agora despeço-me com um até breve e deixo-te aqui um beijinho e um abraço muito forte…só para ti!

P.S. – Prepara-te para umas visitas!

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Costumbres...

Tapas...cañas...y buena compania...así se pasa una buena noche!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Obrigado…

Nunca duvidei do valor dos meus amigos…nunca duvidei que sei o verdadeiro valor e total significado da palavra “Amizade”. Mais uma vez senti e sinto o carinho deles, do seu importantíssimo e caloroso apoio.
Mas o meu agradecimento vai um pouco mais além dos meus amigos de créditos dados…abrange também:
As pessoas recentes na minha vida que, pela sua simples maneira de ser e estar, e mesmo que inconscientemente, ajudaram a atenuar e amenizar estes dias de maior angústia.
Aos pequenotes da minha vida, deixo também uma palavra…um sorriso, um gesto de ternura vosso…tem um poder sobre mim muito difícil de explicar, mas muito fácil e agradável de sentir.
Aos meus doentes, que me enchem todos os dias de palavras simpáticas e enternecedoras (fora os que me mandam dar uma volta, mas até esses me fazem rir e sorrir) e me fazem ver que estou no rumo certo do que quero ser enquanto profissional.
A todos vocês, que me confirmam a veracidade da expressão “nenhum homem é uma ilha”, o meu muito e sincero obrigado!


domingo, 9 de janeiro de 2011

Ano Novo, Vida...

O ano não podia ter começado melhor…o Benfica começou a ganhar! (ok, espero que este momento tenha sido o ponto estúpido do texto, mas não prometo)
Como milhões de pessoas, tenho um perfil no facebook (2 se contarmos com o do blog), onde por vezes exponho os meus estados anímicos. Às tantas mais do que o que devia…mas menos do que as pessoas pensam.
Várias pessoas pensam que eu ando feliz por estar “apaixonado”. Não nego que estar apaixonado é algo que nos pode trazer enorme alegria, como também pode trazer o reverso. Porém, como sou um romântico convicto, defenderei sempre a 1ª hipótese, mesmo que algumas vezes conduza a estados de menor alegria (servindo “menor alegria” como um eufemismo). Vale a pena lutar por aquilo que queremos e gostamos, desta maneira nenhuma luta terá sido em vão.
Mesmo assim, não é só estar apaixonado que me faz estar bem…dou outro exemplo, mudei de companheira de trabalho, de uma que não me falava para outra com quem me dou às mil maravilhas. Tem idade para ser minha mãe e às tantas vejo-a como a minha “mãe profissional”. Ajuda-me e ensina-me bastante. Um dia que saia do serviço onde estou, ser-lhe-ei grato por tudo o que fez por mim.
Contudo, há algo que ainda me pode trazer mais felicidade, que me eleva a um patamar de alegria superior.
Para os meus leitores mais assíduos (os outros que leiam alguns textos mais para trás), devem ter reparado que no dia 13 de Novembro escrevi 2 textos, no mesmo dia, de apenas uma frase cada um. Frases porém que revelavam uma preocupação profunda e angustiante. Nesse dia descobri que um exame feito por alguém muito chegado a mim tinha detectado uma anomalia…possibilidade de cancro. A palavra cancro, segundo dizem, não assusta tanto como antes…mas quem é que diz tamanha asneira? Nunca sentira tanto medo na minha vida como o senti nesse momento. Eu lido com cancro todos os dias, na minha profissão, mas por muito carinho e quem sabe, amor, que eu sinta por alguns desses meus doentes, saber que uma das ou a pessoa mais importante no mundo para mim poderia estar prestes a enfrentar algo desse género, abalou-me como nada nunca me havia abalado.
Coloquei uma música espanhola, de título “Te voy a decir una cosa”, da cantora Amaia Montero…perguntaram-me mais uma vez quem era a rapariga que me estava a encantar. Sim, a música fala de amor, fala de uma mulher, não digo o contrário…mas é uma dedicatória de uma filha para uma mãe. Eu não sei cantar…foi a maneira de dedicar algo à minha, de dizer a quem quiser ler, ver e ouvir, o que sinto pela minha mãe.
Apenas no dia 6 deste novo ano, soube que o exame deu negativo, as piores suspeitas não se confirmaram…e soube que a médica já tinha os resultados há já algum tempo e nada havia dito. Será que é humana? Será que ela imagina que cada dia que adiou a comunicação desse resultado, foram dias de agonia para uma família, principalmente e acima de tudo para a minha mãe? Para mim não é preciso ser-se nenhum iluminado, nem ser muito inteligente para se ter bom senso nestas situações. Está provado que altas médias não significam alto nível de inteligência (“B” e "J", sabem que não os incluo nesse grupo e estou convicto que serão uns médicos decentes…pois vocês são inteligentes).
Deste jeito, creio que está justificada e explicada a minha mais que natural alegria neste início de ano. Sinto muito mais leve, de ânimo redobrado. O mês de Dezembro foi mau, tirando situações pontuais que já aqui abordei, de uma carga emocional enorme.
Peço antes de mais, desculpa aos meus amigos e amigas. Sei que podia e posso confiar neles, mas não desabafei. Admito que mantive aparências durante um mês, mesmo sabendo que às vezes não o consegui. Houve uma pessoa fora da família que o soube. Ela sabe que me refiro a ela e sabe o quanto ter desabafado com ela significou para mim.
Lamento a extensão do meu texto, mas “J.L.” (para quem não sabe a leitora e amiga que me garante uma visita diária ao blog), queixaste-te que já não escrevia algo há muito, pois aqui tens algo que ler!

P.S. – Apesar deste ser o maior motivo da minha alegria…não exclui as outras possibilidades abordadas no inicio do texto ;-)


Define um pouco de como me sinto...algo que devo a um conjunto de factores e pessoas...