segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Fim de um ciclo...

Sensação estranha esta que me invade neste momento. Há sensivelmente quatro anos, iniciei um ciclo novo, de morar com novas pessoas. Quatro anos e duas casas depois, sempre com o mesmo grupo, o ciclo terminou. Apesar de começarem a deixar Pontevedra há um ano, creio que esta sensação foi mascarada pela permanência, até agora, da última pessoa que ficou a viver comigo.
Hoje, ao despedir-me desta minha última companheira de casa (algo mais abrangente que colega ou amigo) é que percebi que esta fase tinha mesmo acabado.
Fica um vazio. Quatro anos não são quatro dias. Mesmo que cada um tivesse a sua vida, muitas vezes desencontradas no tempo e espaço, foi muito tempo de convivência. Noutro país, por muito perto que seja, sabe bem chegar a casa e “sentir” Portugal.
Sei que estas idas apresentam uma ambiguidade de sentimentos…tristeza por um lado, mas a alegria de estar junto dos seus. Desejo que sejam felizes, seja em Portugal ou noutro lado qualquer, o resto são restos e não interessam a ninguém!

Isto não é um texto de despedida, mas sim a minha forma de dizer obrigado! Não é um “adeus”, mas sim um “até já”, pois as portas estarão sempre abertas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Karate...um caminho para a vida!

Ainda me lembro, eu com 6 anos e pouco, tímido, a entrar pela primeira vez e pela mão do meu pai naquela que viria ser a minha segunda casa, a minha segunda família.
Não sabia para o que ia. Vestido com algo que nunca antes tinha vestido, tímido e com algum receio, fiz a minha primeira saudação e disse pela primeira vez “Oss”. Naquele tempo, longe ainda de ter noção do seu significado e da sua importância.
As instalações na altura não eram as melhores, diria que se fosse hoje meteriam medo a muitos dos papás e das criancinhas. Mas eu e muitos como eu, fundamos os nossos alicerces enquanto karatecas nesse sítio. Podia fazer frio ou chover (quem lá esteve percebe o que quero dizer com isto) que a vontade de treinar era a mesma. Tudo ultrapassado pelo companheirismo e união dos colegas de treino, assim como da dedicação de quem nos treinava.
Sou sincero, são já vagas as imagens que tenho desses tempos. Recordo-me, isso sim, de todos os que contribuíram para o meu crescimento enquanto karateca.
Cresci e muito do que sou, além dos meus pais, devo-o aos ensinamentos que me foram passados nesta casa. Disciplina, dedicação, respeito pelos demais e o mais importante…amar o Karate.
Com o tempo fui ganhando uma admiração absoluta pela pessoa que conheço que vive o karate de forma mais intensa e apaixonante…o meu Sensei, pessoa a quem os mais velhos chamam de forma sentida de “Mestre”. É o nosso mentor, quem nos dá os treinos juntamente com a filha, sendo os dois a alma da AKF! É esta admiração e respeito por pessoas como estas, que o karate se distingue de outras coisas. O respeito por quem nos ensina. O respeito por quem nos dá o seu tempo. O respeito por quem gosta de nós. Quem não compreender isto, a meu ver, não saberá o que é ser karateca na sua totalidade.
Considero os meus colegas de treino, principalmente a minha equipa, aqueles que cresceram comigo, como meus irmãos. Aprendi com eles o valor da união. O lutar e sacrificar-me, não apenas por mim, mas também pelos outros. Valores esses que procuramos agora transmitir aos mais novos.
Faz algures este mês, 23 anos que passei a pertencer a esta família. Numa altura em que manter e respeitar compromissos é cada vez mais difícil, tenho orgulho do tempo que levo aqui. É uma honra pertencer à AKF!

A todos que fazem parte deste grupo, o meu obrigado por 23 anos de aprendizagem e de crescimento e por continuarem a ser uma motivação constante! Oss!

domingo, 10 de novembro de 2013

Um dia diferente...

Eu considero-me uma pessoa relativamente sociável, por isso se há coisa que gosto é de conhecer novas pessoas. Porém, das inúmeras pessoas que conhecemos, há poucas que fazem a diferença.
Como é que se sabe como uma pessoa pertence a esse grupo especial? Quando a despedida faz-nos sentir um “já?”
Foi assim que me senti há pouco. Conheci alguém, e já o disse a essa pessoa, que foi uma lufada de ar fresco para mim. Faz-me bem falar com ela. Fez-me muito bem estar com ela.
Gosto de pessoas alegres, educadas, com sentido de humor inteligente, sinceras e acima de tudo, gosto de pessoas cuja beleza interior supera a beleza exterior…mesmo quando é difícil.
Nestes casos, receio às vezes não ser companhia à altura da companhia que me fazem. Apesar de estar cansado, de ter dormido pouco após saída do trabalho, gostei de passear à chuva, gostei das conversas, gostei de sair à noite (de dançar e ver umas coisas estranhas) …simplesmente gostei.
Daí aquele sentimento, não sei bem explicar, de sentir algo de saudade ainda antes de me despedir.

Só tenho uma coisa a dizer…obrigado pela visita.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Meros acessórios ou meios de propagação?

Antes de mais, quero deixar bem claro que há coisas bem piores que andar de pulseiras, anéis e outros acessórios que levam à transmissão de infecções nos hospitais...o que não confere à situação motivos para não ser alvo de preocupação e reflexão…e mudança. Atentem no pormenor de não ter identificado qualquer tipo de classe profissional em relação a este item. Mas já lá vamos.
Durante o meu curso de Enfermagem, sempre se deu importância a estes meios como vectores de transmissão de doenças. Não é preciso ser um génio na matéria para o perceber. O comum dos mortais queimaria o seu uniforme ao fim de um turno de trabalho num serviço hospitalar. Exagero? Admito que sim, mas mais vale pecar por excesso de zelo que por falta dele.
Eu apenas estagiei num hospital em Portugal. Claro que o isolamento intra hospitalar não era perfeito, pois os profissionais saiam do serviço para ir comer com o uniforme do trabalho, mas tentava-se limitar os riscos. Do que me lembro, levávamos sempre uma bata que não usávamos no serviço para estas pequenas e rápidas saídas. O pessoal do bloco operatório não saía do bloco, comendo inclusive no serviço.
Porém, havia (e acredito que ainda haja) uma classe de profissionais resistentes a estes pormenores (tipo os gauleses do Asterix com os romanos). É vê-los a fazer a ronda com a roupa que trazem vestida de casa ou com apenas uma bata aberta a fazer de conta que protege de alguma coisa. É vê-los a ir aos bares dos hospitais com a roupa e bata com que fazem a visita aos doentes (nem que venham de um bloco operatório). É vê-los a andar sempre com um instrumento de trabalho ao pescoço (e de contacto com os doentes…será que o desinfectam de doente para doente?), que segundo a análise de um professor meu de Sociologia (não enfermeiro), dele ou de alguém, este aspecto é um fenómeno social que serve para reforçar estatuto e marcar a diferença nos hospitais.  É a mesma coisa que nós andarmos de seringa ou com as pinças de fazer os pensos nos bolsos dos uniformes! Nem falo só na questão de transmissão de doente para doente…eles não têm família?
Dizer que estes acessórios não são responsáveis por infecções nosocomiais e resistir à mudança, mais que lógica, é atirar areia para os olhos. E vindo de uma entidade que devia promover uma saúde cada vez mais segura, ainda mais estranho é (ou será irresponsável?). É a mesma coisa que dizer que os luxos de alguns não interferem na crise do país…podem não ser a causa principal, mas não deixam de ser uma das causas.
Mais um tiro nos pés de uma Ordem, ainda recentemente abalada com a tentativa desesperada e falhada de tirar trabalho a outros profissionais de saúde.
Claro que a falta de profissionais de saúde prejudica, e muito, o bom funcionamento do Sistema Nacional de Saúde na sua globalidade, não está isso em causa. Mas esta pseudo defesa do SNS por parte da OM, serve apenas para desviar a atenção de algo que já devia ter mudado há muito tempo. Pergunto, será que há alguém (re)compensado por manter vias de transmissão de infecções? Ainda saiu estes dias um artigo sobre a toma errada e exagerada de antibióticos. E não me digam que a culpa é da automedicação dos doentes…quando é preciso receita médica para comprar um antibiótico!

Se a OM está realmente interessada num SNS melhor, está na hora de também mostrar que o quer!