quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Que mês...

Estou a precisar mesmo de férias! (o pior é que não as tenho tão cedo)
Apesar do que já referi nos textos mais recentes e não se tendo alterado muito esse meu estado de espírito, o mês de Dezembro para mim costuma ser um mês ocupado! E ainda bem que o foi, pois não me posso queixar de não ter a cabeça ocupada!
Apesar de saber que este ano não vou ter Natal, mantive algumas das coisa que costumo fazer neste mês. Sim, não vou ter Natal, pois toca-me fazer noite com a tal colega que já referi num texto anterior. Não sou hipócrita e se não me falou até hoje, certeza absoluta que não o fará dia 24…acho que não chegaria ao ponto de ofender de tal maneira a minha inteligência! Bem, mas de coisas tristes não me apetece falar…
Este mês foi um mês de jantares de Natal. Posso dizer que é algo que adoro, não por serem especificamente de Natal. É algo que me permite estar com pessoas que me dizem muito, pessoas com as quais gosto de conviver, pessoas que não fazem apenas parte da minha vida…muitas delas são a minha vida.
Jantar de Natal da AKF…não vou dizer o significado das siglas, apenas digo que é a minha família não sanguínea, família essa à qual pertenço há 20 anos. Lá aprendi e reforcei valores…amizade, companheirismo, disciplina, trabalho, superação, respeito, saber vencer e saber perder…e acima de tudo, descobri o verdadeiro significado da palavra união! Só espero conseguir retribuir a esta casa uma parte daquilo que ela me deu, que me dá e seguramente seguira a dar pelo resto da minha vida.
Jantar de Natal de família…todos os anos, no dia 12 de Dezembro, a minha família materna se reúne num almoço ou jantar. Este ano, felizmente, tive a possibilidade de estar presente. Foi há 6 anos, neste dia, que a minha avó faleceu. E eu sempre soube que ela era alguém muito especial, pois não é qualquer um que não estando presente fisicamente tem a capacidade de unir assim as pessoas. Ela tinha e tem. Sinal que ninguém a esqueceu, nem me parece que quem quer que a tenha conhecido seja capaz disso. Se a família é unida, deve-o em grande parte à minha avó!
Jantar de Natal da ESENFVC…mas antes disso, Festa de Natal da ESNFVC. Mais uma vez, eu e o meu grande amigo e companheiro de aventuras e desventuras (falarei disso noutro local mais apropriado) tivemos a honra de participar numa festa que nos diz muito. São 6 anos a fazê-lo, não são 6 dias. Já partiram da escola todos os colegas que estavam lá quando nós acabamos, mas continuamos a ter o mesmo “prazer” em voltar a um sítio que nos traz inúmeras e agradáveis lembranças…das más não vale a pena recordar. Depois da Festa, o jantar…é bom saber da continuidade do espírito académico, na minha opinião algo diferente e mais atenuado que no meu tempo (mas isso é subjectivo, quem o tem que sentir é quem lá está agora). Apesar de neste último jantar já ter visto algo dos meus velhos (recentes) tempos, algo que faltava em jantares mais recentes, pois o espírito académico não se traduz só pelo número de bebedeiras que acontecem numa noite, algo que muitos procuram erroneamente transmitir.
Jantar de Natal do serviço, para finalizar. Gostei, apesar do péssimo ambiente que se vive lá neste momento. Apesar de me dar com toda a gente, há gentinha que não se dá comigo. Só tenho que respeitar. E como respeito não me sentei ao lado dessas pessoas, pois não pretendia que se sentissem incomodadas. Estive ao lado de quem gosto, de pessoas jovens, que apesar de puderem não saber tanto têm outra mentalidade. E aproveito aqui, para dizer uma coisa. Anteriormente, fui um acérrimo crítico do médico do serviço, não apenas pelas incompetências médicas (do meu ponto de vista), mas principalmente pelas suas atitudes. Não vou fazer um mea culpa, pois não me arrependo de nada do que disse. Agora faço isso sim um reconhecimento…a uma pessoa que soube mudar, teve a humildade que muitos não tiveram.
Como médico continua com as suas lacunas, também não é médico há muito tempo. Mas o que me importa a mim, acima de tudo, é que temos o mesmo princípio…estamos ali pelos doentes. Podemos ter perspectivas diferentes sobre o que é melhor para determinado doente, mas neste momento tenho a certeza que o que se faça é sempre a pensar no bem-estar deles. O Dr. M. teve que voltar ao seu país, pois acabou a sua licença de permanência e não sabemos se volta. O que eu desejo? Ao despedir-me dele, disse-lhe que quando voltasse o levávamos a jantar a Portugal…
E pronto, um mesito ocupado na sua maioria por coisas boas, apesar do muito trabalho que temos tido lá no serviço…mas também é para isso que lá estamos, não é?
Como até ao fim do ano não devo voltar a escrever aqui, aproveito para desejar a todas as pessoas e aos meus leitores em particular (merecem essa atenção) um Feliz Natal e uma entrada no Novo Ano em grande!

Deixo aqui uma música…não sei porque, gosto dela, apesar de neste momento não ter nenhum significado em especial…




E aqui deixo duas músicas natalícias dos meus cantores preferidos :D



terça-feira, 16 de novembro de 2010

Porque não há ninguém mais importante no mundo...




Saudades do tempo em que era assim...porque é que deixou de o ser? Será que deixou? Será que tenho sido o pior cego que há? Aquele que não quer ver...se a resposta a esta pergunta é "sim"...perdoa-me, perdoa-me por tudo que me dás todos os dias e pelo pouco que te dou...espero que não seja tarde demais. Amo.te.

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Não está fácil...mas obrigado "S" (pela companhia e distracção) e obrigado pequena "E" e pequeno "F" (um sorriso vosso faz milagres) por aliviarem um pouco este fardo...mesmo que o tenham feito inadvertidamente...

sábado, 13 de novembro de 2010

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Já dormi...mas continua o forte aperto no coração e o terrível peso da agonia...

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Quando uma mera hipótese consegue abalar o nosso mundo...

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Falta de Tempo...

Eu adoro escrever…mas também adoro ler. Tenho 2 blogs para os quais escrevo, mas tenho muitos mais que leio. Gosto de ler para me aperceber de coisas que às vezes me passam ao lado, para ver outros pontos de vista contrários aos meus, respeitando sempre a opinião de quem escreve os textos. Isso é premissa básica do bom civismo. E não escondo que algumas dessas leituras dão-me ideias para novos textos.
É o caso deste texto. Surge de uma troca de ideias e de opiniões algo divergentes, entre mim e a minha amiga “R”, acerca dum texto escrito por ela.
Ela faz uma vénia e pede louvores aos colegas enfermeiros que trabalham em Portugal, porque devido à falta de condições e de tempo, lá vão conseguindo prestar os cuidados apesar de alguns atropelos (“R”, se faltar algo ou não estiver correcto o que digo diz).
Eu apenas vou pegar no tema “falta de tempo”, porque no que consta às restantes condições em Portugal também haverá quem tenha excelentes condições de trabalho.
Nos tempos de estudante, ouvi falar muito em falta de tempo, que os enfermeiros não tinham tempo para fazer as coisas, que eram poucos e havia sobrecarga de trabalho. Ideia esta que perdura até aos dias de hoje, apesar de muita da falta que existia quando eu entrei no curso ter sido suprimida nos anos seguintes.
Quando eu entrei falava-se em milhares de enfermeiros que faziam falta. Quando eu saí continuava-se a falar dos mesmos milhares de enfermeiros que faziam falta, mesmo sabendo que já começavam a ser uns milhares a acabar o curso e a ficar sem emprego, pois as vagas existentes já haviam sido preenchidas.
Vamos por partes. Reconheço que em muitos casos haja sobrecarga de trabalho. O que não admito, é que haja é atropelos aos cuidados prestados.
Eu vou falar da minha experiência, logo da minha escola. Lá, professores que na sua maioria estão afastados da prática aos anos, transmitiram-nos a ideia que se o tempo de um turno não nos chegava era porque tínhamos má organização. Tão simples quanto isto. Mas será que é assim tão simples? A minha escola formou-me para um meio hospitalar utópico, meio esse que não existe.
Durante os meus estágios nunca vi um enfermeiro a ficar para além da hora, nem 10 minutos. Muitos desses enfermeiros, ao acabar um turno iam directos para o seu 2º ou 3º emprego, sem descanso pelo meio. Digam-me, que qualidades terão os cuidados prestados nesses empregos secundários? Ou ao contrário, pois vi enfermeiros a descuidar o seu trabalho no público, para estarem em condições de irem exercer logo a seguir no privado!
Eu no meu trabalho tenho hora de entrada e de saída, este que é as 8h. Nunca saio a essas horas, muitas vezes saio bem depois. Eu não tenho que dar os pequenos-almoços, mas por vezes dou um ou outro. Nesses casos saio consoante o tempo que a pessoa me demora a comer…não é ao contrário, em que o tempo que a pessoa demora a comer depende da hora que eu tenho que sair. Eu se depois da minha hora vejo um soro, colocado por mim, parado porque a via está infiltrada, não me sinto bem se não for eu a trocar a via, mesmo já não sendo o meu turno. Eu se já depois da minha hora vejo o estado de um doente a complicar, fico o tempo que for preciso para ajudar o colega que está no turno.
Aqui não sou eu que dou os banhos, mas vejo colegas auxiliares a dar banho a quase 20 doentes, na sua maioria acamados. Claro que algumas não o fazem bem, mas basta haver uma que o faça para se ver que isso é possível. E em Portugal quê? 6 Doentes, com uns 3 acamados?
Há falta de enfermeiros? Há, para prestar os cuidados que são ensinados na escola. Por professores completamente descontextualizados da realidade. Se as escolas nos preparassem para a realidade, às tantas não sentíamos tanto essa "falta" de enfermeiros...uma enfermeira chefe do hospital S. João disse-me na minha entrevista que ela achava que tinha enfermeiros a mais, apesar de eles se queixarem que eram poucos. A ideia de que fazem falta muitos enfermeiros é um ideia criada por uma entidade bem conhecida, para justificar, numa primeira fase a necessidade de formar mais, e numa segunda fase o descontrolo na formação de profissionais, muito para além da capacidade do mercado (ou acham normal Portugal ser responsável pela saturação de enfermeiros em Portugal e em Espanha? Seguem Inglaterra, França, Suíça…)
Claro que o ideal seria ter 1 enfermeiro, quem sabe, talvez para 3 doentes...quando se chegasse a essa fase, ia-se pedir 1 enfermeiro para cada doente e, melhor ainda, seria se tivéssemos 2 enfermeiros para cada. Este seria o caminho da utopia...o oposto ao da realidade.
Por isso amiga “R”, eu não faço louvores nem vénias aos colegas que estão a trabalhar em Portugal. Se o fizer faço em nome da falta de reconhecimento que a profissão tem a nível mundial ou faço a todos os enfermeiros portugueses, estando no país ou no estrangeiro, que praticam uma boa enfermagem. Daquela em que os doentes estão em primeiro lugar…mesmo à frente dos interesses dos enfermeiros.

Uma música, que adaptada à situação, diz algo sobre a nossa profissão...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Meu Refúgio...


Setembro de 2002…o início de uma relação que na altura nunca pensaria ser possível de se concretizar.
São publicados os resultados das colocações do ensino superior. Destino: Viana do Castelo. Reacção: “Onde raio eu fui calhar!”
Admito, os primeiros tempos foram difíceis, nova cidade, novos colegas, nova experiência…saída da casa dos pais (o único abrigo conhecido até à data). Tudo isto, juntando o tempo invernoso, fizeram-me detestar aquele lugar. Fizeram com que o Domingo ou segunda-feira parecessem o regresso a um castigo a que havia sido sujeito, sabe-se lá porquê!
O tempo passou…veio a primeira Primavera no Alto Minho. Vieram os primeiros sinais de mudanças. A cidade começou a parecer-me familiar, alguns dos novos colegas foram-se tornando em novos amigos, aquela nova experiência passou a ser algo de interessante e o bom tempo permitiu o desabrochar de um lugar que ainda não conhecia.
Passaram 5 anos. Anos cheios de histórias, de bons e maus momentos, de paixões intensas, do primeiro amor, de tristes decepções e alegres surpresas, de novas experiências. Anos que serviram para criar laços que estou certo que jamais se irão desvanecer. Amizades fraternas, praticamente de irmãos …dos quais o “F”, a “J” e a “L” são os expoentes máximos, mas nunca esquecendo outras grandes amizades que são vividas consoante as possibilidades da vida.
Hoje em dia procuro ir frequentemente a Viana do Castelo. Não vou tantas vezes quantas gostaria, mas sempre que posso dou lá um salto. Sou fafense de nascença, vianense de adopção.
Sempre que lá vou invade-me uma sensação de tranquilidade difícil de explicar por palavras. Quando ando com a cabeça ocupada com coisas menos boas, gosto de ir lá, passear no centro histórico, percorrer a marginal ou sentir o cheiro a mar e o vento a bater na cara na “Praia Norte”. Gosto de matar saudades dos croissants com creme da Caravela ou das bolas de Berlim do Zé Natário. Gosto de ir visitar a minha ESENF…
Viana foi e continua a ser o ponto de encontro para viver algumas das amizades acima referidas.
Viana do Castelo está sempre presente na minha vida…onde quer que tenha um amigo “nascido” lá Viana está presente! Está presente quando vou a Valença ou a Monção…está presente em Pontevedra e até esteve presente quando fui a Barcelona.
Hoje dei um breve pulo a Viana…almocei com a “J” e a “C”…e depois vim por Valença e lanchei com a “J” (outra) e a “L”. Foi muito pouco tempo, como o é sempre que estou com elas. Mas precisava disso. Os últimos tempos, por coisas que já aqui relatei, não têm sido muito fáceis, embora não goste de demonstrar isso. E estar com elas fez-me afastar um pouco disso tudo e descansar um pouco, apesar do extremo cansaço físico e psicológico derivado do pouco descanso destes dias recentes.
Como se costuma dizer, Viana é muito mais que uma cidade…Viana é Amor!



quarta-feira, 27 de outubro de 2010

De volta...

Sempre me questionei se teria leitores, se teria alguém que perderia alguns minutos, nem que fosse uns segundos, a ler um pouco dos meus desvarios. Não que seja isso que me faz escrever ou deixar de escrever, apenas sentia curiosidade em sabê-lo. Se bem que saber que há quem leia os meus textos, dá-me uma vontade extra de escrever, além de uma maior responsabilidade. Responsabilidade no sentido de tentar que as pessoas entendam o que eu pretendo mesmo transmitir, não no sentido de escrever de encontro ao que os outros esperam ou querem. E pelos vistos tenho e agradeço a quem perde o tal tempo a ler o que aqui publico…e um obrigado especial a quem me incitou a escrever nestes dias de maior cansaço, de maior preguiça.
Concordo com a leitora e amiga Rita, com quem me dou muito bem, quando ela diz que a escrita fá-la sentir-se melhor. A mim também. Pelo menos as palavras soltam-se melhor assim do que verbalmente. Pelo menos comigo. Pelo menos, neste cantinho posso dizer o que sinto e penso, sem as amarras censuradoras do “correcto” e do “social”.
Quem já visitou este meu cantinho, já verificou que não tenho problemas em criticar, se quiserem em dizer mal. Admito-o, aliás, creio que o ser humano é um ser crítico por natureza. O problema não está aí…está isso sim é na crítica fácil, na crítica sem fundamentos. Daí eu procurar não entrar na onde do dizer mal apenas por dizer.
Porém desta vez não vou criticar, nem falar mal. Já aqui falei de uma das melhores colegas de trabalho que se pode ter, a AMF. Ela era uma, numa excelente equipa que tínhamos. E escrevo hoje aqui, com uma ambivalência de sentimentos. Estou triste e estou feliz. Há 2 dias a L saiu do serviço. Foi para perto de casa. Começa aqui a ambivalência de sentimentos. Foi embora mais uma óptima companheira e amiga de trabalho. Estou triste por isso…mas estou feliz por ela ter conseguido algo que queria. Feliz não, muito feliz. Consigo ser tão feliz com a felicidade dos meus amigos, tanto como com a minha.
Neste momento, a C termina agora uma função na qual esteve alguns meses, função essa que desempenhou muito, mas mesmo muito bem e que, talvez por isso, tenha sido criticada por tudo e por nada. Da tal crítica de dizer apenas mal! Da pior e mais baixa que há. Mas aí demonstrou ela a sua força. Que ser jovem, não implica ser subserviente. Ser jovem não significa não ter razão. Ser jovem significa audácia e “ganas” de fazer mais e melhor. E tu C, fizeste isso. E não estiveste sozinha…no meio da tempestade de criticas provocada apenas por meia dúzia, tinhas mais pessoas ao teu lado. Sei que o “pior” se faz sentir sempre mais, mas são mais os admiradores que os críticos.
Quem ainda não entrou no mundo do trabalho pode ainda não se aperceber da importância de um bom ambiente no trabalho. Hoje eu digo, que muitas vezes, mais que o trabalho em si, a motivação é nos dada pelos nossos colegas de trabalho. Enquanto eu tiver uma colega destas a trabalhar comigo encontrarei sempre o mínimo de vontade em trabalhar! Porque colegas destas merecem ter alguém motivado e empenhado ao seu lado.
Às 3, o meu muito obrigado pelo tempo em que trabalhamos juntos…pelo companheirismo e pela amizade.
Um beijinho, do F

P.S. – Prometo escrever brevemente porque há muito que dizer…

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A Whole "Old" World

Inadvertidamente alguém me sugeriu para filme do serão de hoje o “Aladino” da Disney. Assumo que sou um adepto dos clássicos da Disney.
Na minha infância apenas tive a oportunidade de ver uns 2 ou 3…agora aproveito para vê-los a todos. De vez em quando, no sem número de filmes que vejo, faço um intervalo e meto um filme Disney.
Admito, volto a parecer um puto deliciado com a perfeita harmonia das imagens com as músicas, algo que a Disney faz como mais nenhuma outra.
Emocionei-me há uns anos com o Rei Leão…ri-me hoje com o Aladino. Já vi e revi as aventuras e desventuras do Pinóquio, do Dumbo ou do Robin dos Bosques! Já sonhei em querer uma princesa como a Bela Adormecida ou a Branca de Neves (uma loira e outra morena, para não haver invejas)!
São desenhos animados que não apresentam a evolução dos filmes actuais…mas desenhos animados, creio que é isso mesmo. É a magia do lápis, das cores, da história. Todos os filmes a que me referi vão muito além dos efeitos visuais que criam aos nossos olhos. Acima de tudo são as histórias que nos revelam, que nos prendem até ao final.
Um dia, espero que os meus filhos (se os vier a ter) tenham a oportunidade de crescer a ver algo que realmente vale a pena VER!
E como referi…um número incrível de músicas fantásticas!



























segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Hasta siempre...

Hoje estou triste. Estou triste porque sou um mau enfermeiro. Sou um péssimo profissional.
Há umas das premissas de ser enfermeiro que eu não consigo ter. Podem-me pedir, mas não se adequa à minha maneira de ser. Eu apego-me a alguns doentes. Cuido de todos com o mesmo empenho e responsabilidade, mas há alguns que me tocam mais fundo, com os quais, mesmo não estando a trabalhar, fico preocupado com o seu estado. Creio ser um pouco normal tendo em conta que conheço alguns há mais de 2 anos.
Hoje morreu um paciente do meu serviço. O Senhor “MC” estava lá desde que eu comecei a trabalhar. Já lá vão mais de 2 anos. Nestes 2 anos foi aquela pessoa (doente) com quem falei mais, que mais vezes me perguntava como é que eu estava, que me saudava sempre que me via (muitas vezes com um sonoro “Olá F”), do qual eu me despedia dele sempre pela manhã, quando ele já estava a tomar o pequeno-almoço (dizendo sempre “Hasta mañana amigo”).
Se era meu amigo? Se considerarmos amigos aqueles que nos querem bem, não tenho dúvida que era um grande amigo. Teve os seus momentos de desvario, mas com os seus 80 e poucos anos tem que se dar um desconto. Mas no fim da insanidade vinha sempre um pedido de perdão, muitas vezes com lágrimas a acompanhar. Na sua sanidade nunca me faltou ao respeito, tratou-me com carinho, mostrou-se preocupado comigo.
Andava sempre a dizer que as raparigas deviam andar cegas por eu não ter namorada e nos últimos tempos andava convencido que eu tinha passado as minhas férias com “una Chica guapa”. Desisti de tentar dizer-lhe o contrário, pois se lhe dizia que não era verdade ele dizia “não te preocupes, não tens que me contar”, com um piscar de olho a acompanhar.
Já me morreram muitos doentes desde que comecei a trabalhar, nunca senti o que sinto hoje. Morreu-me um amigo.
Estou de férias desde quinta-feira, passei no serviço na sexta-feira e disse-te “Hasta mañana C”…passei lá hoje e já lá não estavas. Enganei-te…perdoa-me por isso.
Agora digo-te, estejas onde estiveres “Hasta siempre amigo mio!”

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A uma Enfermeira especial...

Já aqui falei muitas vezes de bons e maus colegas. Principalmente destes, pois fico alucinado com certas e determinadas situações.
Porém, neste momento, irei falar duma pessoa que, desde há um ano, 3 meses e dezassete dias é das melhores colegas/enfermeiras que conheci até hoje.
Não há nada de extraordinário em ter bons colegas. Porém a nossa situação, a meu ver, é algo rara, uma vez que eu não trabalho directamente com ela. Posso dizer que nunca a vi a trabalhar. E devem estar a pensar neste momento “Este gajo diz que a rapariga é uma boa colega e nunca a viu a fazer nada? Está tolo!”. É simples e passo a explicar.
Eu faço o mesmo turno que ela. Quando eu livro, trabalha ela e vice-versa, dai nunca nos encontrarmos. Só que não preciso de vê-la a trabalhar…eu vejo o resultado do trabalho dela. E as vezes é mais importante isso do que o que se vê directamente (muitas das vezes é fogo de artifício).
Quando ela começou éramos apenas conhecidos de vista da escola. Recebi-a como tento receber qualquer colega novo e como penso que gostaria que me recebessem a mim. E com o passar do tempo apercebi-me da profissional competente (engraçado como uma palavra tão simples engloba muitas outras palavras) que ela é. Com o passar do tempo fomos descobrindo maneiras de ajudarmos um ao outro, mesmo nunca trabalhando juntos. No serviço somos uma equipa de cinco enfermeiros, tenho mais algumas grandes colegas, que sinto que são da mesma equipa que eu, mas creio que eu e a “AMF” conseguimos criar uma mini-equipa, na qual compreendemos perfeitamente o que o outro passa e sente por trabalhar neste turno específico. Partilhamos problemas, angústias, frustrações, experiências que muitas vezes não se partilham trabalhando diariamente com uma pessoa.
Por motivos definidos pelo rumo incerto da vida, a “AMF” vai sair do serviço. Já lhe disse pessoalmente que lamento a sua decisão, mas que a compreendo e que tem o meu total apoio. Não fico triste por um motivo. Sou daqueles que acha que se deve ver o lado positivo das coisas, sejam quais forem as situações. E aqui encontro um lado positivo enorme. Neste ano e pouco, a “AMF” ajudou-me a evoluir, como pessoa e como profissional. Deu-me o privilégio de conhecer uma colega e agora digo sem problemas, AMIGA, fantástica.
Sei que não gostas, pois dizes que fazes apenas o que a tua consciência “ordena”, mas és uma excelente enfermeira e companheira de trabalho.
É verdade que não há pessoa insubstituíveis, a pessoa que vem para o seu lugar (que já conhecemos) é também uma excelente colega e enfermeira. Não é por aí que fico preocupado, nem é isso que está em causa.
As pessoas passam e as instituições seguem o seu trabalho, é a lei da vida e aplica-se a todos, eu inclusive…mas o que importa é a marca que essas pessoas deixam por onde passam, e “AMF”, tu sem dúvida deixaste a tua!
Beijinho já com saudades, do amigo “F”

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Contente :D

Uma amiga deu-me há uns dias uma notícia maravilhosa…vou ser tio!
Lá está, não é uma amiga qualquer, é como se fosse uma irmã. Não tenho irmãos de sangue, mas tenho irmãos da vida. Por isso, creio que os seus filhos serão “sobrinhos” meus!
Quando ela me deu a notícia fiquei super contente. Principalmente porque sei que era seu desejo e quero que ela seja feliz. Depois, porque adoro crianças!
Não me alongo muito mais, apenas deixo o meu desejo de muitas felicidades para os futuros papás!

domingo, 5 de setembro de 2010

Saudade

Não sei porquê, mas hoje tive um apelo mais forte de um sentimento que está sempre presente, mas com o qual consigo conviver. Hoje senti um aumento da saudade que tenho de uma pessoa. Uma pessoa que já se despediu de nós há alguns anos, não sei quantos, pois prefiro não contá-los. Prefiro a lembrança de que ainda me parece que foi ontem que lhe dei um beijinho e disse “Até amanhã Vó M.”
Foi das pessoas mais importantes da minha vida e ainda hoje o é. São muitas as noites em que “falo” com ela, em que desabafo com ela, em que ela me ouve e aconselha. Não conheci pessoa mais bondosa, mais trabalhadora, mais caridosa, mais querida por todos na vida. Não conheço uma pessoa que fale mal dela.
Foi respeitada e acima de tudo Amada por filhos (as), netos (as), bisnetos (as), genros e noras, amigos (as). Todas estas pessoas acompanharam de perto a vontade de viver da minha avó perante uma doença incurável. Admirei-a por isso e acreditem, muitas vezes era nela que íamos buscar forças para a acompanharmos nesta luta inglória. Nunca lhe disseram a doença que tinha, mas creio que ela se deve ter apercebido da sua gravidade.
Foram tempos difíceis de encarar, mas sempre que estive com ela procurei ser sempre optimista (se ela própria o era, não deviam ser os outros a não ser). Foram 4 anos a saber que a minha avó iria morrer brevemente. Vi a minha mãe e tias a chorar durante este tempo…só sei que a primeira vez que chorei foi cerca de três semanas antes da sua morte, quando cheguei a casa após ter ido visitá-la ao hospital. Pela primeira vez senti que o fim poderia estar muito próximo. Assustei-me. Tivera 4 anos para me preparar para um momento e não o consegui.
A segunda vez que chorei foi na véspera da sua morte, na sua casa. Pela primeira vez chorei junto à minha Vó, a segurar-lhe na mão, procurando inutilmente, arranjar maneira de lhe aliviar o sofrimento. Estive com ela durante algum tempo, não sei nem nunca saberei se ela sabia que eu estava lá. O que sei é que nos despedimos nesse momento. Saí de casa da minha avó por volta da 1h com a certeza que não queria nem iria ver mais o sofrimento da minha Vó.
E assim aconteceu, faleceu na noite a seguir. Reagi com indiferença absurda quando o meu pai me acordou (4/5h da manhã) e me contou. Virei-me na almofada e as lágrimas começaram a cair. Só de manhã, quando me levantei, é que me apercebi que não tinha sonhado.
Os dias seguintes foram terríveis…lembro-me no funeral de estar junto ao meu primo “J”, abraçados um ao outro, chorando compulsivamente, sabendo que ambos sabíamos o que o outro estava a sentir.
Cresci praticamente com a minha Vó M. Quando nasci, morei com ela quase até aos 2 anos…durante o infantário e a primária estava quase sempre lá.
Lembro-me de ela andar nas lides da casa e eu andar atrás dela; lembro-me de ela ir buscar o pão e ir com ela; lembro-me de ela ir passear e eu ir com ela; lembro-me de ir com ela a feira; lembro-me dos momentos que passamos na janela de sua casa, a mais central da cidade, com vista para o centro, vendo o corrupio de pessoas na rua, sempre com ela “Vai ali fulano tal…olha vai ali a dona não sei das quantas!”.
Sei que a minha Vó gostava muito de mim (era a única pessoa que cada vez que me via dizia que estava mais alto e mais bonito!) e sei que ela sabia o quanto eu gostava dela. Sei que nos últimos tempos nunca lhe disse isso e perdi a oportunidade de o fazer. Espero que lhe tenha dito as vezes suficientes quando era pequeno.
Não vi a minha Vó após o seu falecimento, foi uma opção não aceite por algumas pessoas, mas a imagem que eu quis guardar dela não era essa. Guardo a imagem da segunda Mãe que ela foi para mim. Não guardo apenas…tenho enormes saudades!
As lágrimas que me caiem no momento em que escrevo estas palavras, não são por pena de ela não ter presenciado o final da minha licenciatura, de não presenciar um dia um casamento meu ou de não conhecer os meus futuros filhos. São lágrimas de agradecimento por me ter dado a possibilidade de 20 anos em que ela sempre foi uma fonte de felicidade.
Beijinho com muito Amor…para a minha Vó M.

Despedida

No meu dia-a-dia trabalho com pessoas idosas, algo que adoro e me satisfaz bastante.
É uma fase da vida em que muitas das pessoas têm um défice enorme de carinho, que se sentem sós e abandonadas.
Há algo que não costumo fazer, que é despedir-me dos “meus” doentes quando eles vão de alta. Temos lá doentes que estão connosco meses e ganhamos carinho especial por eles…pelo menos isso acontece comigo.
Hoje fui-me despedir de uma senhora que vai embora estes dias e que não vou ver mais. A “E” foi uma doente peculiar, começou por ser muito chatinha…e manteve-se sempre chatinha! Teve um TCE e nunca mais recuperou da “avaria” da cabeça. Despedi-me dela dizendo que era eu que ia embora porque ela ainda não sabia da alta.
Os seus momentos chatinhos tanto podiam ter que ver com a doença como com o feitio que ela já tinha antes do acidente. Porém fez-me passar momentos de puro riso com os seus desvarios nocturnos, com as suas indignações constantes. Íamos mudar a fralda e dizia “Não, não te quero aqui, tira as mãos daí, vais-me roubar o que é meu!” ou quando íamos fazer uma colheita de sangue “Não, não vais fazer nada…tu queres é o meu sangue para dar aos outros!”.
Ou como na última noite quando eu lhe disse que tinha que arranjar um namorado para ajudá-la e ela me diz “E tu achas que há algum rapaz que me queira?” ao que eu disse “Rapaz?”…e responde ela “Sim, rapaz, que para velha chego eu!”
Mas a melhor dela não me esqueço mais. Em mais uma troca de fraldas diz-me ela “Dás-me um beijo?”, que eu, já não me lembro bem porquê, não dei. Diz ela com toda a propriedade do mundo “Ai ai, quando uma mulher tem que pedir um beijo a um homem a coisa está má!”. Claro está, ri-me logo na hora! São momentos destes que nos fazem aliviar o cansaço do trabalho.
Hoje, sendo então o último dia que eu ia estar com a “E”, fui saldar a minha dívida. Dei-lhe um beijinho de despedida, ao qual ela responde, as lágrimas a começarem a cair, com “Desculpa por todos os incómodos que te causei!” Só consegui dizer “Te hecho de menos, guapa!”…dei meia volta e fui embora emocionado.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novas Especialidades de Enfermagem?!?

Estou a trabalhar no estrangeiro, mais propriamente em Espanha, mas desejo voltar ao meu país, não digo voltar a trabalhar porque ainda não me foi dada essa oportunidade.
Estou bem onde estou, mas acho que toda a gente quer trabalhar no seu país. Coisa que não se avizinha fácil, nem para mim nem para milhares de companheiros (as) meus/minhas.
Vou estando atento aos concursos que vão abrindo e como se não bastasse sabermos a PALHAÇADA que a maior parte deles são (abre-se concursos para validar o factor C), agora tenho-me deparado com um aspecto que me causa bastante…como hei-de dizer…estranheza (para ser simpático).
Já é normal nos concursos haver como requisito um tempo mínimo de experiência, o que logo elimina a maior parte dos colegas que não a têm…por isso me decidi a vir para o estrangeiro, para a adquirir.
Agora que tenho alguma experiência, começam a especificar o tipo de experiência. Antes era generalizada…agora pedem experiência em determinado tipo de serviços. Porém, não é este requisito que me incomoda.
Nestes últimos concursos um dos requisitos é ter ou já ter tido qualquer tipo de ligação à função pública. Como se costuma dizer, aqui é que “a porca torce o rabo!” Porque raio, é que um concurso que não é interno, tem um requisito que me parece do mais absurdo possível!
Atenção, requisito é diferente de critério. Como requisito, isto invalida logo o concurso de milhares de candidatos...como critério seria algo que mais tarde poderia servir para desempatar a avaliação de 2 ou mais candidatos, mas permitiria a candidatura de toda a gente.
Quer dizer, eu tenho experiência profissional de pouco mais de 2 anos ininterrupta, a trabalhar 40h semanais, mas no estrangeiro e no privado. Alguém que tenha trabalhado 6 meses no público em Portugal deve está mais habilitado que eu, apenas porque trabalhou no público?
Pois bem, sendo assim faço uma sugestão à nossa querida (des)Ordem, que é a criação de mais duas especialidades que serão:
- Enfermeiro Especialista para trabalhar na Função Pública;
- Enfermeiro Especialista para trabalhar no Privado.
Já não bastava olharem para quem trabalha em Espanha com desdém (é certo que temos uma boa formação em Enfermagem, mas quem o apregoa mais é quem menos faz por isso), como ainda vêm agora com requisitos discriminatórios. Acho que em Portugal, não se deve ser tão arrogante, temos uma boa Enfermagem, mas há mais boas enfermagens por esse mundo fora. E muita desta arrogância vem de pessoal que trabalha no público, onde agora se entra, não por mérito, mas por conhecimentos!
Sei que a (des)Ordem diz não ter nada a ver com os concursos, que isso é da responsabilidade das entidades que os promovem, o que comprova mais uma vez que se estão a borrifar para quem lhes paga as quotas! E convém relembrar que, dentro de muito pouco tempo, a (des)Ordem vai ser sustentada maioritariamente por pessoas que estão desempregadas ou a trabalhar no estrangeiro!
HAJA VERGONHA!

sábado, 14 de agosto de 2010

Lado Lunar...

Apenas por saudosismo de ouvir este Sr. da música portuguesa...

domingo, 8 de agosto de 2010

Sabe bem...

Recentemente terminaram as minhas férias, pelo menos parte delas, uma vez que mas deram repartidas. Todos aqueles que me conhecem sabem o desesperado (pese o exagero) que andava para tê-las.
Não tem a ver com gostar ou deixar de gostar de fazer o que faço. Sou enfermeiro com muito gosto, com muita dedicação e cada vez gosto mais do que faço.
A questão (puxando a brasa à minha sardinha e sabendo que cada profissão tem os seus prós e contras) é que, há cerca de 2 anos, não tinha umas férias dignas desse nome. Há 2 anos passei um verão para esquecer e o ano passado, apesar de ter concretizado um sonho de criança, não descansei. Aliado a isto, estar a trabalhar só de noites e da profissão provocar um grande desgaste psicológico (lidar com o sofrimento e com o enlouquecimento humano é desgastante) e físico, fez com que ansiasse pelas férias.
Aproveitei-as ao máximo para ter um descanso do qual já desconhecia a existência. Voltei a sentir o prazer de um sono reparador, do “deitar cedo e cedo erguer” que sem dúvida alguma dá saúde a qualquer pessoa.
Soube a pouco, re-habituei-me a uma vida que já não tinha há muito. Mas faltava algo…algo que sei agora que é um dos motivos que me faz seguir em frente, que me faz querer sempre fazer mais e melhor (como profissional e como pessoa). O carinho e afecto dos “meus” doentes. Sei que muitos deles são pessoas carentes, de saúde e de amor. São pessoas numa situação em que falar bem de quem cuida deles pode ser uma tentativa de conseguir “cuidados especiais”. Porém consegue-se distinguir bem o verdadeiro e sincero “bem falar”.
Regressei ao trabalho e com espanto ouvi algumas expressões às quais não consigo ficar indiferente. Ver o meu trabalho reconhecido por aqueles a quem o meu trabalho e dedicação são dirigidos, é o regozijo máximo que posso pedir.
Sr.ª E - “Olá! Ao tempo que não te via! Benvindo! Ficas esta noite? Sim? Que bom. Sei que precisas de férias e fico contente por ti que as tenhas, mas também fico triste por não estares aqui!”
Sr. A – (um senhor que quando fui de férias tinha sido ingressado nas urgências do Hospital por suspeita de AVC e que entretanto regressou ao nosso centro, apesar do estado de saúde débil) “Sabes uma coisa, senti muito a tua falta, confio em ti.”
Sr. C (senhor de 80 e poucos anos) – “Então meu amigo, ouvi dizer que foste de férias em boa companhia! Não é verdade!? Vá, não te preocupes, podes confiar em mim, eu não digo nada a ninguém. Falamos disso depois…” (após uma querida amiga ter-lhe dito que eu estava de férias com uma rapariga jeitosa…que não era verdade, mas quem é que conseguia tirar daquilo da cabeça do homem?!? Não é menina L?)
Sentir este apreço (por parte dos doentes e dos colegas de trabalho…até o médico, com quem tive um desentendimento, mostrou-se mais simpático) quase me faz não querer ter férias…mas são necessárias para manter a frescura exigida para o desempenho das minhas funções.

sábado, 31 de julho de 2010

A pastilla das 22h

A piada que é dar a pastilha das 22h à Sr.ª A, a nossa senhora “Nemo”, devido à memória de peixe que tem…

Eu – Buenas noches!
Sr. ª A – Hola guapo!
Eu – Como estas guapa?
Sr. ª A – (com o ar mais aborrecido que tem) Resistindo! Mira, dame un bocadillho de jamon serrano y un rioja! (põe um sorriso matreiro)
Eu – Tienes hambre guapa? No cenaste?
Sr. ª A – Si tengo, no me dieron de cenar!
Eu – O que? Seguro que no? O no te gustaba la cena?
Sr. ª A – Pues, no me gustaba mucho. Mira, tienes las orejas pequenitas! A mi me gustan asi!
Eu – Gracias guapa! Eres muy simpática!
Sr. ª A – Tienes novia?
Eu – Yo no, y tu?
Sr.ª A – Oh, para que quieres tu saber eso? Metete en tu vida!
Eu – Tranquila A, no pasa nada…
Sr. ª A – Mira, dame de comer! Un café com leche y unas galletas!
Eu - No tengo nada para comer! La cocina ya esta cerrada. Venga, hasta mañana y buenas noches guapa!
Sr.ª A – (com um sorriso encantador) Haste mañana guapo, te quiero!

Podem estranhar chamar-lhe tantas vezes guapa (linda/bonita) …mas se começo por exemplo com “abuelita” (avozinha) isto tinha que levar bolinha no canto superior do ecrã!!!
(peço desculpa pelo meu espanhol macarrónico)

Coisas da Vida

Apesar de ter alguns textos para escrever, sou “obrigado” a escrever estas linhas…
Nos últimos dias, morreu um grande amigo da família (principalmente do meu pai). Foi algo que ninguém estava à espera, não houve aviso prévio, foi um choque tremendo!
Se profissionalmente estou preparado para lidar com situações de falecimento de doentes meus, a nível pessoal creio que não há nada que nos prepare.
Falo por mim, não consigo conter as emoções…quando estou perante um ente querido, um familiar ou, como foi o caso, um grande amigo (e senhor).
Verti lágrimas como verti na despedida de todos as pessoas que amo e que já partiram…pois há pessoas que nos fazem ver que o termo “família” tem um significado muito mais abrangente do que apenas ligações de sangue.
Nesta mesma semana faleceu um grande actor e humorista, o Sr. António Feio. Esta semana perdi uma pessoa que desde menino aprendi a admirar os seus eloquentes e fervorosos discursos e a sua bondade sem limites para com os seus amigos…e perdi uma pessoa que muitas vezes me fez soltar largas e sonoras gargalhadas.
Nestas alturas costumo dizer “O Céu tornou-se um lugar mais rico…”!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Habemus Campione!

Peço que me perdoem este flash clubístico, mas deixo aqui esta pequena e singela homenagem aos "meus" (e de todos os benfiquistas) jogadores e treinadores!Assim ficam a saber algo mais sobre mim...




O porquê de se "AMAR" um clube!




BENFICA DIGNO CAMPEÃO 2009/2010!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O início…

Dia 12 de Maio…dia Internacional do Enfermeiro. Admito que não sou muito dado a estes dias mundiais e internacionais, costumam passar-me ao lado. E, apesar de enfermeiro, este dia também não me acrescenta nada de mais.
Sou enfermeiro 365 dias por ano, só folgo 1 dia nos anos bissextos! Porém, hoje (apesar de estar a escrever dia 13, para mim ainda é dia 12) ao ver tantas alusões ao dia, todas de pessoas ligadas à Enfermagem, relembrei-me do dia em que tudo começou.
15 de Julho de 2008, sem dúvida o passo mais importante que dei até hoje. Foi o passo que me permitiu fazer aquilo que, hoje em dia digo sem reserva alguma…Amo.
Foi o dia em que iniciei o meu trabalho como enfermeiro, livre das amarras de avaliações (justas e injustas), livre de professores que muitas vezes se pode questionar se o serão (um professor deve procurar transmitir o que sabe incutindo responsabilidade ao aluno, não medo). Foi a primeira vez que tive plena autonomia e pleno sentido de responsabilidade pelo que fazia.
Lembro-me de nesse dia estar assustado. Sim, tive medo, medo de uma nova realidade, de um novo país, no fundo medo do desconhecido. Mas o medo real era apenas um…será que conseguiria algum dia merecer a designação de “Enfermeiro”. Digo a verdadeira, não aquela que recebemos apenas por pagarmos as cotas à Ordem e que nos dá o direito a trabalhar…o problema muitas vezes é ter onde o fazer.
Podem questionar se o início não terá sido o primeiro dia na universidade…mas para isso teria que dizer que quiçá, o primeiro dia teria sido a minha entrada no infantário. Não, não o considero. O infantário deu-me armas para seguir para a primária…esta para seguir para o ciclo, o ciclo deu as armas para o secundário e este deu-me os meios para enfrentar a universidade. A universidade apenas se limitou a dar-me algumas capacidades que me poderiam ajudar a ser enfermeiro. A universidade não tem capacidade para tornar alguém enfermeiro.
É o trabalho diário, o cuidar diário de outras pessoas que nos dão essa possibilidade. É ver o sofrimento das pessoas, saber lidar com ele. É ser humilde ao ver o agradecimento estampado na cara dos doentes por qualquer coisa mínima que façamos (experimentem dar um pouco de água a alguém que não o consegue fazer por si só). É termos sentido crítico e de responsabilidade. É aprender com os erros que cometemos. Seremos enfermeiros quando descobrirmos que “o cuidar” é uma arte. Quem sabe, a mais bela do mundo.
Hoje, passados quase 2 anos e reconhecendo que apenas estou no começo de uma longa caminhada, posso dizer que me sinto…Enfermeiro! (mesmo que não pague as cotas à Ordem)
Hoje, para variar, deixo aqui um forte e sentido abraço a todos Enfermeiros e Enfermeiras, espalhados por todo o mundo, que honram e dignificam o “Cuidar”!

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quem sou eu…

Nem sei por onde começar. Isto de apresentações por escrito é sempre uma dor de cabeça para mim.
Sou giro, bem, talvez para algumas pessoas (mãe e avós contam, certo?); metro e noventa e tal, quase oitenta, a fugir para os setenta; olhos azuis, meio esverdeados, mas sem lentes castanhos; sou Sr. Dr. …Enfermeiro; sou rico…uma rica pessoa e pouco mais haverá a acrescentar. Ou talvez houvesse. Mas para quê dizer tudo neste texto, que se pretende pequeno e pouco fastidioso?
Quem se enamorar por este blog, vai conhecer um pouco de mim em cada texto, através das opiniões e das observações que eu pretendo fazer sobre diversos assuntos.
Como referi, sou Enfermeiro. Trabalho relativamente há pouco tempo, obrigado a fugir do país para encontrar quem estivesse interessado nos meus préstimos de Enfermagem. E tal como eu, milhares de colegas.
Este blog não vai ser um diário, não vai ter uma categoria fixa de assuntos a tratar. Espero reflectir aqui sobre algumas das experiências que vivo no meu trabalho, assim como algumas que me passam no dia-a-dia.
Se vai haver feedback? Não sei…para isso tem que haver leitores. Certeza, só uma. Nunca escreverei para agradar a alguém. Escreverei o que sinto e penso, principalmente o que sinto.