segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Triste pequeno povo português...


Cada vez me convenço mais da tristeza e pequenez (mentalidade e atitudes) deste povo à beira mar plantado.
Apercebi-me disso quando aconteceu algo que me tocou, na dita greve dos enfermeiros. Falou-se de tudo, todos se tornaram experts sobre os males e realidade do SNS, de repente todos sabiam quanto ganhavam os maléficos enfermeiros (ao que me ri com alguns pseudo recibos a circular no face) e o que é a realidade da profissão no dia-a-dia…pelo menos, creio que só podemos opinar sobre a justiça das reivindicações se soubermos o que implica exercer qualquer profissão.
Vêm agora os Srs. Motoristas e toda a gente volta a saber do que fala…eu devo ser muito, mas mesmo muito ignorante, pois apenas penso que sei da minha vida, quando sei. Porém prefiro ser ignorante do que chico esperto egoísta e invejoso. Não me cabe a mim dizer o que seja da luta destes trabalhadores, por muito que me estorve o dia-a-dia, a greve deles é um direito.
Juntando a isto, rio-me (para não chorar) de mais uma imposição do governo relativamente aos serviços mínimos…no caso dos enfermeiros, nalguns casos a ultrapassar os 100% do resto do ano. Agora sem greve, a trabalhar-se menos (em quantidade), já está tudo bem. E o povo caladinho.
Nos motoristas, serviços mínimos a roçar os máximos, em mais uma jogada desta geringonça que não elegemos, que tem cortado os direitos dos trabalhadores através de requisições civis a soar a ditadura.
O que escrevi até agora apenas reflete a pequenez do português comum, contudo o que se passou nos últimos dias revelou-me a existência de um triste povo, que de tanto estudar parece cada vez mais (intelectualmente) analfabeto.
Com a ameaça de nova greve a pairar no ar, com uma comunicação social a ultrapassar o ridículo, assistimos a uma corrida selvagem ao bem mais essencial que temos…a comida…peço desculpa, o combustível!
Filas intermináveis, discussões que chegaram a vias de facto, cenas surreais de pessoas a encher bidões e mais bidões, como se o mundo fosse acabar. Pergunto se a maior parte dessas pessoas atesta um depósito durante um mês inteiro?
Nós que pensamos ser um povo civilizado, um povo muitas vezes melhor que os outros, que faríamos nós numa situação de calamidade, em que faltassem realmente os bens essenciais, como por exemplo na Venezuela ou em países de África? Pelo que vi, acho que nos mataríamos uns aos outros em menos de uma semana.
Somos os mais solidários quando tudo está bem, quando podemos dar o não nos falta… mas somos uns porcos selvagens quando se trata de partilhar o pouco que há com todos. E isso assusta-me, pois diz muito do que somos.