sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Geração parva...quem não se sente não é filho de boa gente!

Recentemente a pessoa Isabel Stilwell (não sei dizer ao certo qual a profissão da pessoa) escreveu um artigo, creio de opinião, sobre uma actual e badalada música do grupo “Deolinda”, que fala sobre as dificuldades dos jovens de hoje, mas que é acima de tudo uma crítica social, do meu ponto de vista muito bem conseguida.
Nem acho que seja uma crítica muito indirecta, considero que até esta bem visível. O alvo é a sociedade em que vivemos, e não os jovens de hoje nem o facto da opção destes em estudar no ensino superior.
Porém, como em tudo na vida, as pessoas ou vêem o que se pretende transmitir ou fazem de conta que não vêem ou não têm capacidade para ver! Esta pessoa enquadra-se ou na segunda ou na terceira hipótese…mas eu a optar optava pela terceira.
Deixo aqui o artigo em questão e o respectivo link para quem quiser confirmar a veracidade da existência de tais palavras…sim, porque para quem tem 2 dedos de testa, algo de anormal passa na cabeça desta pessoa!
Deixo também o comentário feito por mim ao artigo na página da Internet onde se encontra publicado, um de entre mais de mil comentários, na sua grande maioria de jovens “parvos” que infelizmente não têm a inteligência nem a capacidade de superação desta senhora e nem tiveram a oportunidade de lutar na guerra colonial como esta pessoa teve…ou será que não teve e eu é que já estou todo confundido com tamanha estupidez?
Se está prevista uma grande manifestação é sinal de uma coisa apenas, esta geração não é tão rasca nem parva como querem fazer parecer, nem se sente bem com a parcimónia instalada nas gerações anteriores, que bem vistas as coisas, são as grandes responsáveis pelo estado actual das coisas!

http://www.destak.pt/opiniao/87876
A parva da Geração Parva
17 02 2011 21.12H
ISABEL STILWELL EDITORIAL@DESTAK.PT
Acho parvo o refrão da música dos Deolinda que diz «Eu fico a pensar, que mundo tão parvo, onde para ser escravo é preciso estudar». Porque se estudaram e são escravos, são parvos de facto. Parvos porque gastaram o dinheiro dos pais e o dos nossos impostos a estudar para não aprender nada.
Já que aprender, e aprender a um nível de ensino superior para mais, significa estar apto a reconhecer e a aproveitar os desafios e a ser capaz de dar a volta à vida.
Felizmente, os números indicam que a maioria dos licenciados não tem vontade nenhuma de andar por aí a cantarolar esta música, pela simples razão de que ganham duas vezes mais do que a média, e 80% mais do que quem tem o ensino secundário ou um curso profissional.
É claro que os jovens tiveram azar no momento em que chegaram à idade do primeiro emprego. Mas o que cantariam os pais que foram para a guerra do Ultramar na idade deles? A verdade é que a crise afecta-nos a todos e não foi inventada «para os tramar», como egocentricamente podem julgar, por isso deixem lá o papel de vítimas, que não leva a lado nenhum.
Só falta imaginarem que os recibos verdes e os contratos a termo foram criados especificamente para os escravizar, e não resultam do caos económico com que as empresas se debatem e de leis de trabalho que se viraram contra os trabalhadores.
Empolgados com o novo ‘hino’, agora propõem manifestar-se na rua, com o propósito de ‘dizer basta’. Parecem não perceber que só há uma maneira de dizer basta: passando activamente a ser parte da solução. Acreditem que estamos à espera que apliquem o que aprenderam para encontrar a saída. Bem precisamos dela.



O meu comentário:

Triste ler tamanha parvoíce. Falar do alto do seu poleiro deve ser muito fácil. Pelo menos conseguiu que o seu textinho fosse lido e comentado por um número razoável de "parvos".Só uma pergunta...está a recibos verdes, a trabalhar 40 ou mais horas semanais e a receber uns 500 euros (a ser positivo)? Não me parece, mas não duvido que onde trabalhe haja "parvos" nessa situação, daí que a senhora veja isso com tanta normalidade.
Ah, nós não nos queixamos dos recibos verdes...queixamo-nos dos falsos recibos verdes, que são ilegais, que são a maioria e que a senhora indirectamente defende ou desvaloriza nas suas tontas palavras.
A senhora é casada ou foi? Tem filhos? Também gostava de o ser...mas aos 26 anos, isso parece uma miragem, a não ser que me dê um ataque de irresponsabilidade!
Podemos ser "parvos" devido à situação actual e mundial...mas há estupidez que é de nascença.
Se tem um pingo de vergonha na cara, esta é uma das alturas em que uma pessoa se devia retractar

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Indicações

Eu - "Onde fica a casa para onde vais morar?"
S - "Junto ao Hotel Galicia Palace."
Eu - "Humm, já ouvi falar, mas não estou a ver onde é. Fica a beira de mais o quê?"
S - "Do Gady's" (cadeia de supermercados da cidade espanhola onde vivo...ou seja, há vários Gady's)
Eu - "Ok, mas que Gady's?"
S - "Oh, o que fica junto ao Galicia Palace!"

Muito me rio com a "S". E eu gosto de rir...

O Turno da Noite

"Chego ao local de trabalho, para mais uma noite…trabalhar de noite, para uns significa não fazer nada (admito que até eu pensava assim), mas não, trabalhar de noite, ser enfermeiro de noite, consegue ser muito gratificante.
Ao passar pelas poucas pessoas que ainda não estão no quarto a dormir dirijo-lhes um “Olá e boa noite!”, sempre que possível com boa disposição. Eles não têm culpa dos problemas que possa ter na minha “outra vida”. Para eles sou o enfermeiro…ou apenas o Fernando, com quem a maioria das pessoas de lá “passa” as noites há quase um ano. Se a noite é assustadora para a maioria dos “meus velhinhos”, gosto de lhes transmitir segurança, que o amanhã é um novo dia no qual estaremos presentes…mesmo sabendo que por vezes isso não acontece.
Antes de todos adormecerem, passo por alguns quartos para algo que tenha que fazer. Aproveito esses pequenos momentos para conversar com os “meus amigos”. Numa idade avançada, não conseguimos dormir tantas horas por dia. As insónias assolam quase todos, a medicação para dormir é quase obrigatória e mesmo assim pouco se dorme…por isso uns dedos de conversa, a qualquer hora da noite, são sempre bem recebidos. Pergunto sempre como correu o dia…apesar de saber que para a maior parte deles os dias repetem-se, sem nada de novo…com quem ainda vê e se preocupa com as notícias, dá para discutir a actualidade…com quem vê a meteorologia, para discutir o tempo, o que fez e o que vai fazer. Com os outros que nada disto lhes interessa…aproveito para ouvir as histórias que têm da sua já longínqua infância…recordações dos filhos, do trabalho…da sua vida.
Acredito ser um bom ouvinte, procuro mostrar sempre atenção, não interromper…tive estágio com o meu avô, o melhor contador de histórias sobre a sua vida que conheci até hoje…e sempre que posso continuo a fazer reciclagens dessas lições!
Depois destes pequenos momentos, regresso ao meu refúgio…a noite ainda é longa. Uns dedos de conversa com a colega de trabalho, uma fugida ao msn para matar saudades dos amigos…atender ao toque duma campainha, ás vezes de alguém que apenas quer saber as horas (sim, a noite é assustadora para quem vê o fim a aproximar-se, por isso muitas vezes chamam para saber que estamos ali) ou socorrer alguma urgência real (ou pensam que perguntar as horas para eles não é urgente?).
Vem a mudança das fraldas. Trabalho menor de um enfermeiro? Não considero. Não temos nenhuma técnica especial para mudar as fraldas, mas alguém tem que o fazer. Aproveito esses momentos para mais uns dedos de conversa. Para ver se está tudo bem com eles.
Chega o amanhecer…6 às 8 horas não se pára. O trabalho da noite tem a particularidade de ter momentos mortos, mas os momentos em que se está a trabalhar são nonstop!
Vem a colega, passo o turno, espero não ter-me esquecido de nada. Sei que vou para casa a rever tudo o que fiz no turno…há quem lhe chame reflexão ou preocupação. Outros podem dizer que é insegurança. Eu não acho que seja insegurança. Somos humanos, podemos errar. Negá-lo é favorecer o erro. Temos consciência que um erro nosso tem outra designação…negligência. Lidamos com pessoas, com vidas, uma simples distracção nossa pode custar isso. Quem é que nunca errou no trabalho? Mas nós não podemos. Temos familiares, processos, chefes, tudo a cair em cima de nós…mas o pior de tudo, temos a nossa consciência. Por respeito às outras profissões não vou fazer comparações. São os riscos e responsabilidades da profissão (seja enfermeiros ou médicos), aceitamo-los e não perdemos muito tempo a pensar neles…corríamos o risco de nada fazer. Há quem diga que somos bem remunerados, principalmente os médicos. Eu acho que não. Nem os médicos, nem principalmente nós. E as pessoas reconhecem-no quando estão em situações criticas “Pago tudo o que for preciso, mas ponham-me bem!” Mas nós não andamos lá pelo dinheiro (só, porque também não somos a Madre Teresa) …nenhum dinheiro do mundo paga o sofrimento que se vê e sentimos, o vermos uma vida a apagar-se (ou muitas), os ritmos biológicos alterados…o que nos recompensa, o que nos motiva a seguir em frente, é sabermos que um dia fizemos a diferença na vida de alguém, que devolvemos o sorriso, a vontade de viver ou até mesmo a vida a alguém ou que ajudamos alguém a despedir-se desta vida com dignidade.
Saio do local de trabalho, despeço-me dos meus amigos que já estão acordados como um sonoro e sorridente “Bom dia, como estás?” e ás vezes com um cumprimento de mão ou um beijinho (refira-se que trato todas estas pessoas pelos nomes, nunca usei o termo “senhor” ou “senhora”, nem numa me chamaram enfermeiro…lá sou o Fernando)! Fica a sensação que podia ficar ali mais um turno inteiro, mas a cabeça, o corpo precisam de descanso.
Fim do turno…"
In http://ratos.blogs.sapo.pt/2009/10/
Este texto escrevi-o e publiquei-o há cerca de ano e meio, noutro local de minha autoria. Ao reler o texto senti que muita pouca coisa mudou, talvez apenas o facto de não ir ao msn de noite (por opção, não por imposição ou proibição de superiores). Por ser um relato de algo muito pessoal, decidi publicá-lo outra vez, neste caso no cantinho mais adequado para este tipo de textos.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Convívio

Estou a escrever na madrugada de 17 de Fevereiro, 3 dias após do badalado “Dia dos Namorados”. Nunca foi um dia que me dissesse muito, com ou sem namorada. Tal como, cada vez mais, se passa com o Natal e outras datas, o amor e todo o significado destes dias tornam-se comerciais e perdem a sua verdadeira essência.
Ok, aceito a existência deste dia, do dia do Pai, da Mãe, da Criança, do Enfermeiro, do doente com Cancro…não tenho outro remédio. Porém só fazem sentido se forem um assinalar de algo que tem de ser, de forma obrigatória, contínuo. Eu se namoro, todos os dias são dia dos namorados…para mim todos os dias são dia dos enfermeiros, pois mesmo nos meus dias livres eu não dispo esta identidade, por lei e por limpeza de consciência.
Bem, voltando ao assunto deste texto, uma parte da comunidade portuguesa existente na cidade espanhola onde trabalho resolveu fazer um jantar neste dia…para solteiros (ok, veio uma intrusa)! Qual jantar de encalhados qual carapuça! Jantar de solteiros, coisa que reforça a auto-estima, uma vez que é como se disséssemos “Só não temos porque não queremos!” O que não deixa de ser verdade, uma vez que algumas, ou melhor dizendo, todas as raparigas presentes não têm dificuldade em arranjar namorado!
Foi um excelente convívio, com alguns percalços pelo meio, mas nada que mude a opinião sobre esta noite. Pessoas jovens, alegres, interessantes e acima de tudo, com grandes doses de boa disposição…ok, um copito também ajuda. Para colmatar a noite, nada melhor que um karaoke, num misto de música espanhola e portuguesa, a demonstrar que eles quando querem conseguem ser “nuestros hermanos”!
E esta noite ajudou a reforçar algo que já começava a sentir…estou a gostar de…
Eu pensei que o que iria custar, dado o meu feitio, seria namorar a primeira vez, que depois disso o à-vontade para certas abordagens seria canja, tipo como andar de bicicleta, “nunca se esquece”! Porém, tenho comprovado que não. Gostava de saber se há um momento certo em que as perguntas “Será que gosta de mim?”, “Será que está interessada?”, “Será que devo avançar?”, são esclarecidas e nos incitam a dar um passo em frente, ou se temos que dar esse passo às escuras.
E não se trata de uma questão de auto-estima, pois não sendo nenhum George Clooney sei que tenho boas qualidades…e bons defeitos, como toda a gente.
Como diz a música “Si es amor, abrazame com ganas, si no lo es, talvez será manaña!”