Ontem ia eu na rua com bastante
pressa (eram 20.10h e tinha consulta às 20.20h),quando sou abordado por uma
menina de uma suposta Organização Não Governamental. Estavam a fazer um pedido
para ajudar os refugiados da Síria.
Antes de mais, valorizo muito o
trabalho das ONG, por ajudarem quem mais precisa em momentos muito difíceis.
Agora, quem faz os pedidos de fundos para as ONG tem que ter em atenção que está
a fazer isso mesmo, um pedido, e a ajuda deve ser feita de livre e espontânea
vontade, sem qualquer tipo de pressões ou insinuações.
E aqui a coisa começou logo mal…ao
abordar-me, e porque já sei que estas coisas demoram sempre algum tempo, disse
muito amavelmente “Peço desculpa, mas estou com muita pressa”, ao que recebo
como resposta “Ó, quem tem pressa às 20h da noite, que não possa parar uns
minutos?” Eu não tenho culpa se a menina já estava farta de desculpas das
pessoas que, repito, se não querem ajudar não são obrigadas a tal! Podia e
devia ter-lhe dito “Quem trabalha!”, mas mais uma vez, educadamente disse “Vá,
diz-me o que é”.
E aqui a coisa continuou mal, pois
mais que apresentar-me o objectivo do peditório, tentou criar-me peso na
consciência (por eu não saber quantos refugiados internos e externos há na
Síria ou por não saber quanto foi o corte do governo nas ajudas às ONG, até ao
ponto de me censurar por ter um trabalho supostamente estável) …como se a culpa
do que está a acontecer lá fosse minha. Ainda vem com “Imaginas como é viver
num sítio com bombardeamentos e tiros a todo o momento?” Não, não imagino (nem
ela) e espero não passar por isso, como parecia ser o desejo da rapariga.
Depois a coisa piorou, pois o
peditório era em forma de contrato em que todos os meses se dá x valor (como
mínimo 10 euros). Como queria a menina que eu decidisse uma coisa destas, em que
é preciso preencher um formulário, em menos de 10m? Ainda esteve a dizer-me o
valor que custa cada coisa que enviam, criticando-me por uma barra de cereais
custar menos que as guloseimas que supostamente eu deveria ser consumidor assíduo
(mais uma forma barata de criar peso na consciência), mas que nunca compro.
Também lhe disse, após mais uma
prova de adivinhação dela ao dizer que eu não ajudava nenhuma ONG, que as
pessoas não podem contribuir com todos os peditórios que nos aparecem na rua
(além de não sabermos a sua legalidade), se não ao fim do mês tínhamos uma
renda só de peditórios!
Por fim, tive mesmo que insistir
num “Não” demasiado amável para o que tinha acabado de acontecer, pois já
estava no ponto de dizer “Vai para a p…que te pariu!” Isto sendo eu uma pessoa
bastante calma e civilizada!
Eu não tenho dúvidas que esta
pessoa, se tivesse uma arma na mão ou se pudesse, me tirava todo o dinheiro que
eu tivesse, em prol dos refugiados da Síria.
Defendo as ONG, mas como em tudo, é
preciso saber estar e ser perante os demais. Não se intrometer na liberdade de
cada um. Não julgar quando nada sabemos da pessoa que está à nossa frente.
Passou-se comigo, mas podia ter-se passado com um pai de família que mal tem
para sustentar os seus filhos ao fim do mês e que os tais míseros 10 euros
fazem toda a diferença. E sei que a abordagem seria igual, pessoa má, que
recusa tirar as guloseimas aos seus filhos para ajudar os refugiados…
Defendo as ONG, mas como em tudo é
preciso ter credibilidade e seriedade…e para isso é preciso ter cuidado nas
pessoas que se colocam nestas acções. E as que denigrem mais as ONG são as
moralistas radicais, fundamentalistas, defensores absolutos dos pobrezinhos,
que dão tudo o que podem pela causa…mas com o dinheiro dos outros!
falsos julgamos logo à partida. Lamentável mas tu és super engraçado nos teus pensamentos e por isso adorei ler este texto xD Ela roubava todo o teu dinheiro em prol da Síria do seu bolso era o que era!Mas concordo completamente com a tua perspectiva. A própria forma como fazem as perguntas às vezes já é indicativo de alguma coisa que SUPOSTAMENTE já somos.Mas não é por nada que por muito que muitas dessas ações estejam legais que sejam mal vistas.
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