Hoje à noite, num programa que vi
aqui em Espanha, “Crimes imperfeitos”, assisti a um caso horripilante!
Uma adolescente dos estados unidos,
mas de origem árabe, foi assassinada, sendo os pais os principais suspeitos. Eles
eles diziam que foi em legítima defesa, que a filha é que os atacou e exigiu
dinheiro.
Apesar de inúmeras suspeitas e
indícios, a polícia não tinha provas evidentes de que a versão dos pais era incorreta
e que, de facto, tinham assassinado a filha premeditadamente.
A sorte foi que a família estava
sob escuta do FBI, devido a suspeitas do pai estar envolvido em células
terroristas e, coincidência das coincidências, a cena do homicídio estava
gravada! Essa e as cenas de preparação do ato. A filha trabalhava e namorava
com um jovem negro, algo inaceitável para os pais, fundamentalistas religiosos
(a religião sempre a servir de desculpa), mote para crime tão cruel.
As escutas foram tidas em conta
pelo tribunal e os pais condenados a pena de morte. A reação das pessoas envolvidas
na investigação foi do género “Dá-me asco ouvir as escutas, não as consegui
ouvir duas vezes, como alguém é capaz de fazer e dizer algo assim!” De referir
que muitos familiares ficaram contentes com a morte da jovem, tida como
vergonha da família, apesar de ser aluna de excelência!
Mas o que mais me chamou a atenção
ao ver o programa, foi a reação das pessoas e do júri perante as escutas. As
pessoas normais, com senso de justiça, além de incrédulas acharam aquilo
abominável…os familiares, os que ficaram contentes com o resultado da ação dos
pais, sorridentes, conseguiram o que queriam sem serem considerados cúmplices.
Em Portugal, não querendo comparar
o tipo de crimes perpetuados, há gente capaz de revelar uma falta de princípios
atroz, de defender o indefensável, perante provas irrefutáveis. Mais, defendem
o crime e o criminoso! O “todos fazem” nunca é justificação para nada! Se os
outros matam vamos matar também? Prove-se que os outros fazem e levem-nos a
julgamento. Isso é justiça. Não é legitimar atos criminosos! Aqui, neste nosso país
de faz de conta, se as escutas não defendem os nossos interesses não são prova
credível. Nega-se o evidente!
Preocupa-me este vale tudo, de os
fins justificam os meios a qualquer preço, pois quem é capaz de pensar assim,
neste caso, a nível clubístico, muito facilmente age de igual modo no dia-a-dia.
Sei que não é possível, mas
gostaria de saber a opinião da falange de apoio do Futebol Clube do Porto,
sobre o caso que envolveu o seu presidente, se o que aconteceu não tivesse sido
com o seu presidente nem com o seu clube…porque isto vai muito além do futebol,
é uma questão social.
Se um dia, um presidente do meu
clube é apanhado num caso destes, com provas tão esclarecedoras, sentir-me-ei
envergonhado e serei o primeiro a pedir a sua demissão.
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