Hoje é dia de greve dos
professores. Greve marcada para um dia de exames nacionais. Controversa gerada,
inúmeros textos de opinião, apenas de gente ignorante da situação dos docentes e
que apenas revelam uma coisa…hipocrisia.
Em primeiro lugar, a greve é um
direito, senão universal, nacional, de todos os trabalhadores. Que digam, como
li por aí, que os professores do sector privado, que até ganham menos, não
fazem greve por amor à causa, é pura demagogia. Não fazem porque seriam despedidos
(assim como qualquer trabalhador do sector privado, excepto os dos transportes
públicos de Lisboa), não fazem pela situação precária que passam. Se pudessem
seriam os primeiros a fazer greve. Então, aqui o que está mal? Penso que será o
atropelo pelos direitos dos trabalhadores…não quem fez greve.
Em segundo lugar, pelo que vejo, as
greves só têm impacto se algo de importante for afectado. Nesse sentido, não
poderia haver greve de enfermeiros, pois está em causa a saúde dos doentes…claro
que nas nossas têm que haver sempre cuidados mínimos, mas certamente não é a
mesma coisa. Um exame não é uma operação de urgência. Uma operação programada
pode ser adiada. É o caso dos exames. Estamos a subverter os valores, a
extrapolar uma coisa que é de fácil resolução. Não fazem hoje, fazem noutro
dia. Um aluno que esteja preparado para fazer hoje um exame, tem que estar
preparado para fazer o exame, caso fosse preciso, amanhã, ou daqui a uma semana…os
exames de 12º ano têm que ter uma preparação anual…aqui está o subverter dos
valores. A passar por coitadinhos alunos que têm que estar mais que preparados
nesta altura do ano.
Em terceiro lugar, os professores
estão a passar uma situação que passam milhares de outros funcionários
públicos. Todos têm motivos de queixas. Têm culpa os professores de as outras profissões
nada fazerem?
Em quarto lugar, li por aí (mais
uma (de)mente genial), que era de baixo nível os professores usarem os alunos
como meio de “chantagem”, por assim dizer. Quando se faz greve, a “chantagem”
passa sempre pela falta de produtividade laboral, com as respetivas consequências
para quem usufrui dos serviços das empresas e para estas mesmas. Se bem que a
empresa neste caso até deve ter ficado contente pelo que não vai gastar ao não
ter que pagar este dia aos professores. E terão sido os professores a usar os
alunos ou o governo, na sua intransigência de não mudar a data do exame, mesmo
com greve anunciada? O governo é que usou os alunos como escudo, protegeu-se
atrás dos mais prejudicados (se se pode falar em verdadeiros prejuízo).
Em quinto lugar, o único senão foi
mesmo uns terem feito exame e outros não. Partindo do que disse no ponto
anterior, o governo é que deve ser responsabilizado, pois ao saber da greve,
não tomou uma medida que proporcionasse a realização simultânea do exame a
todos os alunos.
Em sexto lugar, se houve realização
de provas em alguns casos, foi porque houve professores que foram convocados
para a vigilância das provas que pouco têm a ver com o ensino secundário. Se
fossem só os professores do secundário a vigiar a prova, como em anos
anteriores, muitos mais alunos teriam ficado com exame por fazer. Já é difícil
uma classe profissional ser unida, impossível ser a 100%. E quando se misturam
alhos com bugalhos ainda mais.
Para finalizar, não acredito que
isto venha a trazer muitos problemas a quem vai fazer o exame dentro de dias.
Como se costuma dizer, a montanha vai parir um rato. E um conselho aos alunos
indignados…perdoem-me os bons alunos, os aplicados, mas esses não são a
maioria. Muitos dos que reclamam, aposto que até agradecem mais uns dias para
estudar…aproveitem para o fazer!
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