Quem sou eu? Esta é, porventura, a pergunta mais
traiçoeira que nos podem fazer quando procuram que a resposta seja dada por nós
mesmos. Responder a esta pergunta construindo a resposta pelo modo como olhamos
o mundo será o primeiro passo para enviesar a resposta. Vivemos a vida
consoante o que achamos a maneira correta de a viver, sendo o certo ou errado
fruto de todos valores que nos foram transmitidos e por nós absorvidos, fruto
de todas as experiências pelas quais passamos e nos dão a nossa visão da
realidade.
Por tudo isto, a linha que separa o certo do errado
é, muitas vezes, difícil de observar ou de traçar. O que nos parece certo hoje,
amanhã pode ser o que achamos errado. São as aprendizagens da vida e as
reflexões que delas fazemos que permitem o flutuar dos comportamentos entre os
dois pêndulos da balança.
E o que nós somos segue um pouco essa linha
flutuante, somos seres inconstantes em contínua transformação. Porém, isso não
significa que não tenhamos uma linha orientadora que nos guia no caminho da
vida.
Sou resultado de todas as sensações sentidas, das
imaginadas às vividas. Sou resultado de todas as decisões tomadas, das certas
às erradas. Sou resultado (prisioneiro) dos meus valores. Eu sou resultado de
todas experiências pelas quais passei, sabendo dessa forma que já errei, mas
também que já acertei. Sei que os erros foram cometidos na certeza que não o
eram, que segui sempre os princípios nos quais acredito.
Sei que não sou perfeito, andarei bem longe disso,
mas defendo com firmeza o que acredito ser justo e quando falo em justo, falo
no que o é para mim. Temos uma Justiça (falível) que existe para nos manter
dentro das regras da sociedade. Contudo é o respeito, a bondade, a compreensão
e a solidariedade que manifestamos nos gestos e atitudes que temos diariamente
que nos permitem atingir uma justiça moral. E para mim essa tem ainda mais
valor que a judicial. Porquê? É feita sem medos de represálias, porque está
carregada de sinceridade e de um louvável carácter voluntário. É capaz de
diluir comportamentos errados e fomentar aqueles que nos fazem ser mais
tolerantes.
Por isso não devemos de esquecer, eu incluído, que para cada situação pode não haver apenas uma verdade. Nem tudo na vida é sim ou não, certo ou errado, logo devemos ter capacidade de procurar entender a visão dos outros, não tendo que concordar com ela, mas sendo importante a aquisição de novas perspectivas.
Por isso não devemos de esquecer, eu incluído, que para cada situação pode não haver apenas uma verdade. Nem tudo na vida é sim ou não, certo ou errado, logo devemos ter capacidade de procurar entender a visão dos outros, não tendo que concordar com ela, mas sendo importante a aquisição de novas perspectivas.