Recentemente uma professora foi agredida quando
estava em pleno local de trabalho a exercer as suas funções.
Estes dois casos, recentes e esquecidos, arrisco a
dizer mesmo por nós enfermeiros e professores, são exemplo de algo que vai
ocorrendo muito por esses hospitais e escolas do país.
Ontem aconteceu aquilo aos jogadores e equipa
técnica do Sporting. Não se fala de outra coisa, aqui dentro e aposto por esse
mundo fora. Como adepto do desporto, condeno veemente este tipo de atitudes e
lamento pelos profissionais envolvidos.
Mas que difere estas três situações? Nas duas primeiras,
profissionais exaustos devido a condições laborais muitas vezes precárias, são
vítimas de uma sociedade doente, em que impera a lei do quero, posso e mando.
No segundo caso, os profissionais, dos mais privilegiados a nível mundial,
foram vítimas, em primeiro lugar, duma pessoa doente e instável, em segundo
lugar devido a todos nós que seguimos o futebol e fomentamos o culto da guerra.
Este ano a época futebolística foi marcada, de forma
mais exacerbada, pela cultura do ódio, desde os principais intervenientes até
aos programas diários em que se fala de tudo menos do jogo. E com audiência.
Sinceramente, não lhes dou tempo de antena, fui habituado na minha vida
desportiva a respeitar o meu adversário da mesma forma que me respeito a mim,
sabendo ganhar e perder. O que aconteceu ontem era previsível que acontecesse
mais cedo ou mais tarde, fosse qual fosse o clube. Eu que adoro o futebol e o
meu Benfica, revejo-me cada vez menos num desporto de jogos sujos de
bastidores, em que os principais clubes, poucas dúvidas tenho, estão
envolvidos.
Temos uma sociedade com valores invertidos ou
adulterados, onde não há rei nem roque, em que se pensa que os interesses individuais
(não direitos) estão acima de tudo e todos e qualquer coisa vale para os conseguir atingir. As
pessoas querem tudo e por isso vivem insatisfeitas. Querem o que podem ter e o
que não podem. Querem até aquilo que não querem, apenas porque outros o têm.
Queremos, nos vintes, ter aquilo que os nossos pais conseguiram ao longo de uma
vida de trabalho e sacrifício.
A mim preocupa-me mais o que se passa diariamente com
o comum dos mortais, nos locais em que se formam as crianças que vão ser os
adultos de amanhã. Pais baterem num professor é das situações mais graves que
pode acontecer…pois vai fomentar que mais tarde se repita o que aconteceu
ontem.
Percebo o impacto do que aconteceu, é o fenómeno
do futebol. Temos que ter noção que esta lamentável situação não é a desgraça do
país, é consequência do desgraçado que ele está. Está na hora de deixarmos de assobiar para o lado, como se nada tivéssemos a ver com isto.
“Eduquem-se as crianças e não será preciso castigar
os homens” - Pitágoras
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