Não sei porquê, mas hoje tive um apelo mais forte de um sentimento que está sempre presente, mas com o qual consigo conviver. Hoje senti um aumento da saudade que tenho de uma pessoa. Uma pessoa que já se despediu de nós há alguns anos, não sei quantos, pois prefiro não contá-los. Prefiro a lembrança de que ainda me parece que foi ontem que lhe dei um beijinho e disse “Até amanhã Vó M.”
Foi das pessoas mais importantes da minha vida e ainda hoje o é. São muitas as noites em que “falo” com ela, em que desabafo com ela, em que ela me ouve e aconselha. Não conheci pessoa mais bondosa, mais trabalhadora, mais caridosa, mais querida por todos na vida. Não conheço uma pessoa que fale mal dela.
Foi respeitada e acima de tudo Amada por filhos (as), netos (as), bisnetos (as), genros e noras, amigos (as). Todas estas pessoas acompanharam de perto a vontade de viver da minha avó perante uma doença incurável. Admirei-a por isso e acreditem, muitas vezes era nela que íamos buscar forças para a acompanharmos nesta luta inglória. Nunca lhe disseram a doença que tinha, mas creio que ela se deve ter apercebido da sua gravidade.
Foram tempos difíceis de encarar, mas sempre que estive com ela procurei ser sempre optimista (se ela própria o era, não deviam ser os outros a não ser). Foram 4 anos a saber que a minha avó iria morrer brevemente. Vi a minha mãe e tias a chorar durante este tempo…só sei que a primeira vez que chorei foi cerca de três semanas antes da sua morte, quando cheguei a casa após ter ido visitá-la ao hospital. Pela primeira vez senti que o fim poderia estar muito próximo. Assustei-me. Tivera 4 anos para me preparar para um momento e não o consegui.
A segunda vez que chorei foi na véspera da sua morte, na sua casa. Pela primeira vez chorei junto à minha Vó, a segurar-lhe na mão, procurando inutilmente, arranjar maneira de lhe aliviar o sofrimento. Estive com ela durante algum tempo, não sei nem nunca saberei se ela sabia que eu estava lá. O que sei é que nos despedimos nesse momento. Saí de casa da minha avó por volta da 1h com a certeza que não queria nem iria ver mais o sofrimento da minha Vó.
E assim aconteceu, faleceu na noite a seguir. Reagi com indiferença absurda quando o meu pai me acordou (4/5h da manhã) e me contou. Virei-me na almofada e as lágrimas começaram a cair. Só de manhã, quando me levantei, é que me apercebi que não tinha sonhado.
Os dias seguintes foram terríveis…lembro-me no funeral de estar junto ao meu primo “J”, abraçados um ao outro, chorando compulsivamente, sabendo que ambos sabíamos o que o outro estava a sentir.
Cresci praticamente com a minha Vó M. Quando nasci, morei com ela quase até aos 2 anos…durante o infantário e a primária estava quase sempre lá.
Lembro-me de ela andar nas lides da casa e eu andar atrás dela; lembro-me de ela ir buscar o pão e ir com ela; lembro-me de ela ir passear e eu ir com ela; lembro-me de ir com ela a feira; lembro-me dos momentos que passamos na janela de sua casa, a mais central da cidade, com vista para o centro, vendo o corrupio de pessoas na rua, sempre com ela “Vai ali fulano tal…olha vai ali a dona não sei das quantas!”.
Sei que a minha Vó gostava muito de mim (era a única pessoa que cada vez que me via dizia que estava mais alto e mais bonito!) e sei que ela sabia o quanto eu gostava dela. Sei que nos últimos tempos nunca lhe disse isso e perdi a oportunidade de o fazer. Espero que lhe tenha dito as vezes suficientes quando era pequeno.
Não vi a minha Vó após o seu falecimento, foi uma opção não aceite por algumas pessoas, mas a imagem que eu quis guardar dela não era essa. Guardo a imagem da segunda Mãe que ela foi para mim. Não guardo apenas…tenho enormes saudades!
As lágrimas que me caiem no momento em que escrevo estas palavras, não são por pena de ela não ter presenciado o final da minha licenciatura, de não presenciar um dia um casamento meu ou de não conhecer os meus futuros filhos. São lágrimas de agradecimento por me ter dado a possibilidade de 20 anos em que ela sempre foi uma fonte de felicidade.
Beijinho com muito Amor…para a minha Vó M.
Foi das pessoas mais importantes da minha vida e ainda hoje o é. São muitas as noites em que “falo” com ela, em que desabafo com ela, em que ela me ouve e aconselha. Não conheci pessoa mais bondosa, mais trabalhadora, mais caridosa, mais querida por todos na vida. Não conheço uma pessoa que fale mal dela.
Foi respeitada e acima de tudo Amada por filhos (as), netos (as), bisnetos (as), genros e noras, amigos (as). Todas estas pessoas acompanharam de perto a vontade de viver da minha avó perante uma doença incurável. Admirei-a por isso e acreditem, muitas vezes era nela que íamos buscar forças para a acompanharmos nesta luta inglória. Nunca lhe disseram a doença que tinha, mas creio que ela se deve ter apercebido da sua gravidade.
Foram tempos difíceis de encarar, mas sempre que estive com ela procurei ser sempre optimista (se ela própria o era, não deviam ser os outros a não ser). Foram 4 anos a saber que a minha avó iria morrer brevemente. Vi a minha mãe e tias a chorar durante este tempo…só sei que a primeira vez que chorei foi cerca de três semanas antes da sua morte, quando cheguei a casa após ter ido visitá-la ao hospital. Pela primeira vez senti que o fim poderia estar muito próximo. Assustei-me. Tivera 4 anos para me preparar para um momento e não o consegui.
A segunda vez que chorei foi na véspera da sua morte, na sua casa. Pela primeira vez chorei junto à minha Vó, a segurar-lhe na mão, procurando inutilmente, arranjar maneira de lhe aliviar o sofrimento. Estive com ela durante algum tempo, não sei nem nunca saberei se ela sabia que eu estava lá. O que sei é que nos despedimos nesse momento. Saí de casa da minha avó por volta da 1h com a certeza que não queria nem iria ver mais o sofrimento da minha Vó.
E assim aconteceu, faleceu na noite a seguir. Reagi com indiferença absurda quando o meu pai me acordou (4/5h da manhã) e me contou. Virei-me na almofada e as lágrimas começaram a cair. Só de manhã, quando me levantei, é que me apercebi que não tinha sonhado.
Os dias seguintes foram terríveis…lembro-me no funeral de estar junto ao meu primo “J”, abraçados um ao outro, chorando compulsivamente, sabendo que ambos sabíamos o que o outro estava a sentir.
Cresci praticamente com a minha Vó M. Quando nasci, morei com ela quase até aos 2 anos…durante o infantário e a primária estava quase sempre lá.
Lembro-me de ela andar nas lides da casa e eu andar atrás dela; lembro-me de ela ir buscar o pão e ir com ela; lembro-me de ela ir passear e eu ir com ela; lembro-me de ir com ela a feira; lembro-me dos momentos que passamos na janela de sua casa, a mais central da cidade, com vista para o centro, vendo o corrupio de pessoas na rua, sempre com ela “Vai ali fulano tal…olha vai ali a dona não sei das quantas!”.
Sei que a minha Vó gostava muito de mim (era a única pessoa que cada vez que me via dizia que estava mais alto e mais bonito!) e sei que ela sabia o quanto eu gostava dela. Sei que nos últimos tempos nunca lhe disse isso e perdi a oportunidade de o fazer. Espero que lhe tenha dito as vezes suficientes quando era pequeno.
Não vi a minha Vó após o seu falecimento, foi uma opção não aceite por algumas pessoas, mas a imagem que eu quis guardar dela não era essa. Guardo a imagem da segunda Mãe que ela foi para mim. Não guardo apenas…tenho enormes saudades!
As lágrimas que me caiem no momento em que escrevo estas palavras, não são por pena de ela não ter presenciado o final da minha licenciatura, de não presenciar um dia um casamento meu ou de não conhecer os meus futuros filhos. São lágrimas de agradecimento por me ter dado a possibilidade de 20 anos em que ela sempre foi uma fonte de felicidade.
Beijinho com muito Amor…para a minha Vó M.
Nem sabes o quanto me senti bem e tranquila ao ler este texto.
ResponderEliminarObrigada por partilhares este miminho connosco.