domingo, 9 de dezembro de 2012

Despertar...


Hoje de manhã fui correr. Nada de extraordinário, mas para mim significou algo mais que uma corrida.
Desde Maio andava com dores nos joelhos, mas nestas coisas penso sempre “dentro de uma semana ou duas deve passar” (apesar de alguém que me deveria conhecer bem melhor dizer que sou hipocondríaco). Em princípios de Agosto o KO definitivo. Num jogo de futebol entre amigos, sozinho, o calcanhar cedeu. Passei cinco dias a mancar e a partir daí andava sempre com uma dor suportável, mas constante. Juntando a esta, seguiam as dores nos joelhos. Como iria de férias brevemente parei com a actividade física, mantendo-me apenas com a que o meu trabalho exige.
Em Setembro, como a situação não melhorava, decidi ir ao médico…de família (em Espanha). O meu pensamento foi “Não sou rico, tenho direito a assistência de graça, escuso de ir ao privado”. Andei um mês no médico de família, vendo um médico que olhava para o meu caso como um burro olha para um palácio. Ao fim de um mês a brincar aos médicos, lá se decidiu a enviar-me ao ortopedista. A única coisa que me mandou fazer foi um rx aos joelhos (que eu suspeitava que de pouco serviria) e recomendou descanso absoluto. O que atrasou ainda mais o processo, porque o médico não encontrava o rx no meu processo (aqui está tudo informatizado), mas finalmente lá o conseguiu ver…penso eu.
Depois de um mês à espera de consulta, fui ao ortopedista. Aqui já levava três meses de inactivadade física absoluta. O médico voltou a avaliar-me, não conseguia aceder ao rx que eu havia feito aos joelhos (uma pessoa ainda passa por tolo por dizer que o fez) e mandou-me fazer um rx ao calcanhar (porque será que eu penso que era coisa que já devia ter sido feita?). E disse que o rx aos joelhos que tanto lhe interessava, haveria de aparecer.
Vou a marcar nova consulta e diz-me a senhora muito amável “Vou-lhe marcar para outro médico que este já se vai reformar”. Que fixe para ele, pensei eu. Nova consulta, supostamente para mostrar resultados, só um mês depois.
Entretanto, e farto de tanta pasmaceira, decidi voltar aos treinos, mas calmamente. Nem o medo que tinha do que poderia ter nos joelhos e calcanhar, nem a dor por eles provocada, permitiria que fosse de outra maneira.
Dia cinco deste mês volto ao ortopedista, ao novo. Entro no consultório e, além de nem me ver a cara (ok, posso não ser assim muito bonito, mas é uma questão de educação), não se dignou sequer a um “Bom dia!”. Sou enfermeiro há quatro anos e meio ininterruptos, estou num serviço onde os doentes ficam algum tempo, o que pode provocar algum desgaste, e até para os mais chatinhos ou malcriados tenho sempre um bom dia ou boa noite. Custa-me a entender esta soberbia de quem se intitula Dr.º! (felizmente através do karatê foi-me permitido conhecer um destes profissionais, catedrático, e das pessoas mais afáveis e sociais que conheci até hoje, apesar do pouco contacto que temos…o que comprova que a excepção confirma a regra).
Voltando à consulta e pelo que me apercebi, apenas viu o rx do calcanhar. O que me leva a pensar se o médico de família alguma vez viu de verdade o rx aos joelhos. Apenas me perguntou onde era a dor nos joelhos, do calcanhar nem referência. Eu respondi e disse que só me doía quando me levantava depois de estar sentado. Estava ele a preparar-se para me mandar para reabilitação quando eu, burro, acrescento “mas só se estiver algum tempo sentado”. Decide então ele que já não me manda para reabilitação, diz-me para eu repousar (quanto tempo mais?) e que se continuar assim para dizer ao médico de família para me mandar ao especialista em reabilitação.
Estou há quase quatro meses e meio praticamente sem qualquer actividade física. Eu que nunca tive queixas e dores a passarem de uma ou duas semanas (normais em quem pratica desporto), vejo-me numa situação em que não sei o que tenho, nem acho que os médicos saibam, nem querem saber.
Quando se fala em dar qualidade de vida às pessoas, quando se fala que as pessoas devem ter actividade física, pedir repouso absoluto durante quase 6 meses a quem tem 28 anos, sem buscar um porquê do problema, parece-me um contrassenso. Acredito que se tivesse ido ao consultório privado ou a uma clinica, os exames pedidos não se ficariam apenas pelo rx. Nem me mandariam embora sem me extraírem mais algum dinheiro. Assim anda a saúde por cá (Espanha), não muito melhor da que temos em Portugal. Supostamente temos direito grátis à saúde…mas é uma falácia. Se queremos resolver os problemas que temos ou apenas descobrir o que temos, convém ir ao privado. E não me parece que seja culpa da crise…este é outro dos sistemas montados!
Apesar de ter iniciado já os treinos, com pouca intensidade, hoje decidi ir contra as recomendações médicas…estou farto! Cedo iniciei o karatê, com 6 anos apenas. Desde essa idade que me habituei a uma prática regular de exercício, que me habituei a ir ao limite, quer nos treinos, quer nas jogatanas de futebol com os amigos, quer nos corta-matos das escolas, quer no desporto escolar…em qualquer coisa que me metia.
Olho para mim e quase não reconheço a pessoa que fazia isso. Tenho ido aos treinos como disse e apesar de ir sempre que posso, custa-me a ter aquela vontade de treinar que tinha. Preciso de perder os medos que tenho (de piorar o meu estado), mesmo que subconscientes. Preciso de ganhar outra vez a capacidade de ir ao limite, de os ultrapassar.
Hoje apenas corri trinta minutos, num ritmo que não considero lento, mas longe do que fazia. Foi uma conquista por vários motivos. Correr sozinho não é o meu forte. Ponham-me uma bola à frente e corro três horas se for preciso, mas sozinho custa mais. Levantar cedo, sair à rua com 5ºC, o ar a cortar a cara e as mãos…o corpo a não responder como eu gostaria…mas aguentou. O que mais me preocupava era o calcanhar. Apenas senti uma leve sensação de dor. Mais como se estivesse preso. Os joelhos, nunca me doeram a andar ou correr…mas às vezes quando me levanto do sofá ou da cadeira, quase que não consigo andar…mas dizem eles para descansar! Podem ir todos para um sítio que eu ca sei!
Tenho alguns pequenos objectivos para o próximo ano de modo a atingir o principal e preciso rapidamente de me pôr em forma. Hoje foi o primeiro grande passo nesse sentido…

1 comentário:

  1. Infelizmente acho que tens razão no que diz respeito ao público / privado. Não é que seja sempre assim, mas muitas vezes fico com a sensação que, a querer resolver seriamente um problema, é melhor recorrer ao privado de uma vez. É triste, mas é verdade. Dito isto, vê se pões algum dinheiro de lado e vais resolver isso. Ressonância, TAC, faz o que fizer falta...mas protege-te, senão o "de graça" pode sair bem caro.

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