Hoje é um dia em que a saudade,
esta palavra tão portuguesa, tão nossa, é sentida por mim de maneira mais
forte. Sinto-a todos os dias, pois há essas pessoas que já cá não estão que
ganharam o direito a permanecer eternamente no meu pensamento. Porém, nos dias
de aniversário da sua partida, este sentimento torna-se mais intenso.
Há oito anos, neste mesmo dia,
dizia adeus àquela que foi uma mãe para mim. Parece que ainda foi ontem…parece
que já estou há uma eternidade sem ela. Partiu cedo demais da minha vida, como
partem todas as pessoas que amamos. Uma avó que se desdobrou no papel de avô e
avó para todos os netos (as). Ajudou-nos a criar, a educar, a crescer, a
tornarmo-nos nas pessoas que somos hoje em dia.
Há um ano, daqui a umas horas, no
dia treze, partia o meu avô de forma inesperada. Sem aviso, sem preparação, sem
um último adeus. O tempo estava triste como hoje. Aquele frio anunciador de más
notícias. Sinto falta de me sentar no sofá de sua casa ou junto à lareira e
escutar aquelas histórias tão reais, de uma vida dura e de trabalho. Um avô que
gostou dos netos na sua maneira de gostar. Nem só com mimos se demonstra amor.
Palavra que muita gente da geração do meu avô desconhecia, pelo menos com a
importância que se atribui hoje em dia. Hoje em dia diz-se muito e não se sente…antes
talvez fosse um pouco ao contrário.
O padre hoje na missa disse que a
morte deve ser vivida com alegria…é por isso que há muito a igreja perdeu
sentido para mim (respeito no entanto todas as crenças). Posso ser egoísta, mas
preferia ser triste na presença dos meus avós, estivessem eles com saúde. Um
momento de perda não pode ser nunca um momento de alegria.
De há sete anos para cá a minha
família materna junta-se, neste dia doze, num jantar de família. Mais do que uma
maneira de nos lembrarmos da nossa avó (não faz falta um jantar para isso), é
uma maneira de reunir a família. Há uns anos que andava ausente, por motivos
profissionais. Este ano fiz questão de marcar presença. Num dia algo triste,
saí do restaurante com outro ânimo…como qualquer família, a minha renova-se com
novas gerações, novos seres com uma energia contagiante, aos quais é impossível
ficar indiferente.
Família não se escolhe…mas se me
dessem à escolha, escolhia a mesma (quer materna, quer paterna).
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