domingo, 11 de janeiro de 2015

A inteligência e o humor


Muito se tem discutido sobre os limites que se deve impor aos humoristas na sua sátira e crítica social, após o cobarde acontecimento de França.
Considero-me uma pessoa com sentido de humor apurado, mas acho que pessoas como os cartoonistas, cujo trabalho vemos diariamente, estão num patamar de genialidade. Só como exemplo, quando leio um dos três diários desportivos, a primeira coisa que faço é ir ver o cartoon da última página (ok, excepto no Ojogo!), independentemente da tendência clubística de cada jornal.
Para mim, só os génios conseguem, numa pequena imagem, colocar e criticar socialmente temas deveras complexos. E depois, cabe ao leitor, ter inteligência ou não para encaixar o “gozo”.
E aqui reside o grande problema da grande maioria, senão mesmo de toda a gente. O dito “gozo” é sempre altamente quando toca falar dos outros, quando toca a falar de nós (ou dos nossos gostos ou crenças), o humorista passa de bestial a besta! Sabem o fácil que é ver “o mal” nas coisas, quando realmente o queremos ver? Mesmo que seja um elogio!
Apraz-me ver a enorme onda de solidariedade, mas amedronta-me ver pessoas dizer “eles tiveram o que pediram!” ou “estivessem calados e não lhes acontecia nada!”. Se chegarmos ao ponde de um dia andarmos na rua ofende certas pessoas, deixámos simplesmente de sair à rua, porque senão estamos a fazer os possíveis para levar um balázio na testa!
Não vou entrar aqui no tema liberdade de expressão (cada um terá a sua opinião), só espero que, aqueles que tanto apelam ao controlo do uso dela, se lembrem do que andam agora a dizer no dia em que contarem anedotas de alentejanos ou de loiras, no dia em que gozarem com o clube rival ou no dia em que chamarem nomes aos políticos! Ou quando contarem aquelas anedotas de “Estava um Inglês, um francês e um português…” em que os nossos revelam sempre uma astúcia elevada em relação aos mentecaptos dos estrangeiros (pena a realidade dizer o contrário).
Ouvi dizer que o caso de França foi demasiado extrapolado, quando ainda há pouco houve um atentado em África que vitimou mais gente, mas que por serem pretos não interessavam. Não tem muito sentido dizer isto. O caso foi mediático, porque foi um atentado macabro efectuado no coração da Europa civilizada, onde as pessoas pensam viver longe deste tipo de perigos.
Acho piada também ao facto de um europeu que vá para um país árabe tem que se adaptar às leis e cultura desse país e eles vêm para aqui e são reis e senhores! Ok, daqui a pouco vão dizer que sou racista ou xenófobo ou que não respeito outras culturas. Eu respeito, não posso é aceitar que coisas que são crime na minha cultura e que lá não são, como parece que é o anda a fazer muita gente. “São muçulmanos, deixem-nos estar, casem as vezes que quiserem, com menores e idade, batam nas mulheres etc!”
A lei tem que ser cumprida, seja ateu, cristão, muçulmano ou shaolin! Assim como o humor não pode discriminar…seja pretos, paneleiros, brancos, heteros, loiras, alentejanos, muçulmanos, cristãos. No dia em que se fizer humor com condicionantes em relação a qualquer um dos itens que referi, será o dia em que o humor será discriminatório.

Por exemplo, no dia em que o humor deixe de dizer “preto” ou “paneleiro” com medo de ofender as pessoas de raça negra e os homossexuais, será o dia em que o humor se tornará racista e homófobo!

Sem comentários:

Enviar um comentário