Muito se tem discutido sobre os
limites que se deve impor aos humoristas na sua sátira e crítica social, após o
cobarde acontecimento de França.
Considero-me uma pessoa com sentido
de humor apurado, mas acho que pessoas como os cartoonistas, cujo trabalho
vemos diariamente, estão num patamar de genialidade. Só como exemplo, quando
leio um dos três diários desportivos, a primeira coisa que faço é ir ver o
cartoon da última página (ok, excepto no Ojogo!), independentemente da
tendência clubística de cada jornal.
Para mim, só os génios conseguem,
numa pequena imagem, colocar e criticar socialmente temas deveras complexos. E
depois, cabe ao leitor, ter inteligência ou não para encaixar o “gozo”.
E aqui reside o grande problema da
grande maioria, senão mesmo de toda a gente. O dito “gozo” é sempre altamente
quando toca falar dos outros, quando toca a falar de nós (ou dos nossos gostos
ou crenças), o humorista passa de bestial a besta! Sabem o fácil que é ver “o
mal” nas coisas, quando realmente o queremos ver? Mesmo que seja um elogio!
Apraz-me ver a enorme onda de
solidariedade, mas amedronta-me ver pessoas dizer “eles tiveram o que pediram!”
ou “estivessem calados e não lhes acontecia nada!”. Se chegarmos ao ponde de um
dia andarmos na rua ofende certas pessoas, deixámos simplesmente de sair à rua,
porque senão estamos a fazer os possíveis para levar um balázio na testa!
Não vou entrar aqui no tema
liberdade de expressão (cada um terá a sua opinião), só espero que, aqueles que
tanto apelam ao controlo do uso dela, se lembrem do que andam agora a dizer no
dia em que contarem anedotas de alentejanos ou de loiras, no dia em que gozarem
com o clube rival ou no dia em que chamarem nomes aos políticos! Ou quando
contarem aquelas anedotas de “Estava um Inglês, um francês e um português…” em
que os nossos revelam sempre uma astúcia elevada em relação aos mentecaptos dos
estrangeiros (pena a realidade dizer o contrário).
Ouvi dizer que o caso de França foi
demasiado extrapolado, quando ainda há pouco houve um atentado em África que
vitimou mais gente, mas que por serem pretos não interessavam. Não tem muito
sentido dizer isto. O caso foi mediático, porque foi um atentado macabro
efectuado no coração da Europa civilizada, onde as pessoas pensam viver longe
deste tipo de perigos.
Acho piada também ao facto de um
europeu que vá para um país árabe tem que se adaptar às leis e cultura desse
país e eles vêm para aqui e são reis e senhores! Ok, daqui a pouco vão dizer
que sou racista ou xenófobo ou que não respeito outras culturas. Eu respeito,
não posso é aceitar que coisas que são crime na minha cultura e que lá não são,
como parece que é o anda a fazer muita gente. “São muçulmanos, deixem-nos
estar, casem as vezes que quiserem, com menores e idade, batam nas mulheres
etc!”
A lei tem que ser cumprida, seja
ateu, cristão, muçulmano ou shaolin! Assim como o humor não pode discriminar…seja
pretos, paneleiros, brancos, heteros, loiras, alentejanos, muçulmanos, cristãos.
No dia em que se fizer humor com condicionantes em relação a qualquer um dos
itens que referi, será o dia em que o humor será discriminatório.
Por exemplo, no dia em que o humor
deixe de dizer “preto” ou “paneleiro” com medo de ofender as pessoas de raça
negra e os homossexuais, será o dia em que o humor se tornará racista e
homófobo!
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