terça-feira, 28 de abril de 2015

Artigos manipulados...

http://br.guiainfantil.com/blog/bebes/desenvolvimentopor-que-nao-se-deve-deixar-o-bebe-chorar/


Este é mais um daqueles artigos que, bem manipulado, é bem capaz de fazer uma mentira tornar-se verdade.
O título sugere-nos para uma ideia…não podemos deixar os bebés chorarem (1ª manipulação). Eu logo à partida fico com muitas dúvidas. Primeiro acho que se deveria definir melhor o período de tempo em que consideramos um bebé, bebé, e, se mesmo sendo bebés, se não haverá diferenças comportamentais neles consoante os meses que tenham. É diferente ter um ser de seis meses à frente, do que ter um de um ano ou ano e meio.
Depois lemos mais um pouco e explicam-se as situações em que os bebés choram (2ª manipulação)…ou pelo menos algumas das razões porque choram. Diz o expert que o que traz stress ao bebé e o faz chorar é  “Perder a sua mãe de vista? Ter que suportar barulhos fortes? Ter fome? Dor? O Dr. McKenna responde com tranquilidade: o que mais produz estresse em um bebê é se sentir desprotegido, chorar e não encontrar consolo. Chorar e não ser atendido.
Claro que concordo, se estivermos a falar de um ser de meses, que ainda não tem muita noção do mundo que o rodeia (incluindo pessoas, sentindo-se protegidos pelas presenças mais sentidas). E também concordo que a partir de certa idade eles também choram por não verem a SUA VONTADE atendida. E arrisco-me a dizer que ocorre muitas vezes antes de chegarem ao ano de idade. E esta sim, sem serem precisos grandes estudos, é a grande causa de choro e de “stress” dos bebés (ou dos pais ou de quem está com eles).
E a partir daqui, a decisão cabe aos pais. Criarem uma criança educada, que aprende a respeitar os outros e o que é dos outros, a respeitarem os mais velhos etc, ou, ao invés disso, criarem um ser prepotente, mimado e sem respeito algum por regras sociais. Atenção, podem haver birras, mas elas, a meu ver, deve ser usadas como momentos de aprendizagem da criança, no sentido do que não devem fazer…e não do que devem fazer para terem o que querem.
E acabo com o exemplo que costumo dar…quando eu era criança, quer no Karate, quer na escola, eu tinha, mais que medo, vergonha de ser chamado a atenção por mau comportamento. Hoje em dia parece que quem ensina é que tem que ter vergonha ou receio de chamar alguma criança a atenção. E estas (generalizando), entram em qualquer lugar sendo donos e senhores de tudo.
E pronto, temos o mundo virado ao contrário…ah, na minha modesta opinião, porque não os deixamos chorar!

 P.S. – A 3ª manipulação, consciente ou não, parte da partilha deste artigo (e de outros parecidos) pelos próprios pais, na tentativa de justificarem alguma coisa. Mas não precisam disso. Os pais serão sempre juízes em causa própria. Serão sempre os responsáveis máximos pela educação (boa ou má, mas sempre deles) dos seus filhos. E ninguém tem que se meter. Têm é que saber assumir o que daí sair. O bom e o mau!

sábado, 25 de abril de 2015

...

Poeta não pretendo ser
No relatar deste meu viver.
Escolhi ser Enfermeiro,
Para colocar sempre o doente primeiro!
Ou será que da Enfermagem fui eleito
Para levar calor a cada leito?
Vida dura, de sacrifício,
Às vezes andamos perto do precipício.
Doenças, morte, insultos,
Saber, esperança e indultos.
Corpos cansados,
Olhares desesperados,
Suspiros desanimados,
A cada turno reanimados.
É um privilégio fazer parte,

Desta ciência que é uma Arte!

terça-feira, 21 de abril de 2015

Ginásios e o culto do (não) desporto!

Apesar de ser frequentador de um, sinceramente é um local no qual me sinto algo deslocado. Vou mais por necessidade, que por gosto. Claro que os ginásios, hoje em dia, oferecem uma vasta gama de actividades, muitas delas interessantes, mas vou-me focar nas salas de musculação, o grosso do mercado dos ginásios.
Obviamente que não conheço todas as pessoas que frequentam aquela sala durante um dia. Mas as caras que vejo costumam ser, mais ou menos, as mesmas. Sendo assim, porque será que ninguém (sem ser o monitor) se fala nem se saúda (acho que é o mínimo)? Claro que o caso muda de figura, se o interlocutor for uma pessoa do sexo feminino, caso seja possuidora de umas curvas vistosas…as outras são sujeitas ao mesmo ostracismo que os demais.
Muitos dos frequentadores destes locais, frequentam-nos por razões estéticas e não de saúde ou bem-estar. Pretendem resultados rápidos (muitas vezes obtidos de formas menos claras…apesar de em nenhum ginásio do mundo se consumir coisas ilegais ou que fazem mal!) e não criar em si um culto que vai para além do ginásio…o gosto pelo desporto e pela actividade física. Claro que se faz actividade física, mas com completa ausência dos princípios do desportivismo…e muitas vezes das simples regras de boa educação. Excluo destes casos, os culturistas, pois culturismo é desporto e as pessoas que o praticam têm em si o valores desportivos.
Vem isto tudo a propósito de algo que eu e os meus amigos e colegas de treino mais velhos, no Karate, temos falado e tentado incutir nos mais novos. Seja na nossa arte ou em qualquer outro desporto, é importante o respeito pelas pessoas que nos treinam e com quem treinamos. Desde cedo incutimos nos mais novos que ao chegarem ao local de treino, mandam as boas regras, que se cumprimente as pessoas presentes, nem que seja com um “Olá, boa tarde!”. Podem-me dizer que isto é apenas uma questão de boa educação. Nem mais. E mal será o dia em que, seja o Karate, seja outro desporto, não promovam os valores educativos necessários para viver em sociedade. E respeitando o colega de treino, mais tarde, em competição, respeitaremos o nosso adversário.

Porque o que interessa não é apenas o treino…mas sim o que ganhamos com ele.

terça-feira, 14 de abril de 2015

Perigosa e triste realidade!

Esta reportagem (http://www.tvi24.iol.pt/videos/1-hora-e-35-minutos/552c25210cf2002a90b87513/1) anda a ser partilhada há alguns dias, mas só tive oportunidade de a ver agora.
Sinceramente, nem sei bem o que dizer, nem sei se há muito para se dizer. Dói-me a alma de ver as imagens. Pelos doentes, pelos seres humanos que têm de passar por isto, que se veem privados do seu humanismo e dignidade.
Mas desculpem-me o egoísmo, dói-me ainda mais a alma, ao ponto de chorar por dentro, pelos meus colegas de profissão. Eu não tenho a menor dúvida que sabem prestar cuidados de excelência, providos de humanismo. Por isso sei o que lhes vai na alma, o desalento e desespero nos olhares ao ver tudo o que é retratado. A impotência e a frustração de querer e não poder, de estar a dar o máximo e isso ficar a léguas das necessidades imediatas dos doentes.
Há uns tempos atrás, uma pessoa a quem tenho muita consideração, referia que a falta de tempo é uma desculpa. Contestei, como é óbvio, refutando tal ideia. Gostava de saber a opinião dessa pessoa agora, ao ver estas imagens…porque acredito que são o espelho da realidade portuguesa e não apenas uma exceção, num país que pensa ter cuidados de saúde de primeira qualidade. Não falta só tempo…faltam pessoas, faltam meios, faltam estruturas, falta vontade de quem manda (http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/leal-da-cunha/servicos-de-urgencia-em-portugal-funcionam-muito-bem - nem sei se rio ou choro ao ler isto).
Estas condições são tortura para quem nelas trabalha. Porque acabar o turno, despir a farda, ir para casa e desconectar, só acontece quando sabemos que tudo ficou bem feito, que se fez tudo o que se podia e devia.
É triste e revoltante quando não se faz tudo o que se podia, mesmo fazendo tudo o que (humanamente) é possível fazer!

Repito uma ideia que sempre defendi…somos pessoas que cuidam de pessoas e para cuidar com humanismo temos que ser tratados com humanismo.