domingo, 29 de maio de 2016

O caminho faz-se caminhando…

Esta é uma frase que costumo usar e que muitas vezes vejo associada por praticantes de artes marciais. Uma frase que encerra em si um grande significado, um significado intrinsecamente presente em pessoas que levam uma vida da sua vida a praticar uma arte marcial. Creio que também é uma frase que se pode e deve adaptar a várias situações do quotidiano de cada um.
Tudo tem um início, nem tudo tem um fim definido. Um karateca começa a ser criado a partir do “vazio”, sendo isto cada vez mais uma realidade. O que quero dizer com isto? Apesar de não ser expert na questão, um diamante existe na forma bruta ou na forma trabalhada…mas existe. Comparando o karateca a um diamante, não podemos dizer que no seu início o karateca é um diamante em bruto. No início, ele simplesmente não existe. Então temos, em primeiro lugar, de criar o karateca em bruto e, só depois disso, trabalhá-lo. E será trabalhado para o resto da vida.
E isto acontece de um dia para o outro? Num mês? Num ano? Apesar de não ser uma coisa que se possa definir, apenas posso afirmar que não é um processo rápido. Deve ser, isso sim, um processo contínuo, alternando períodos de rápida evolução, com outros de evolução mais lenta.
E o caminho faz-se caminhando, porque só a caminhar é que se consegue ver os erros que se cometem, porque só caminhando se consegue perceber a necessidade de, às vezes, se dar um passo atrás para darmos dois em frente. Porque só caminhando se consegue compreender que há coisas que não têm que estar mal, apenas fazem parte do processo de evolução. E não é fácil. Pode ser frustrante, desolador, angustiante ou desanimador. Por isso é um caminho de muita dedicação, de muita paciência e muita disciplina. O importante é erguer-se, levantar a cabeça e os olhos e encarar os contratempos com convicção.
No karate como na vida, as coisas não acontecem como nem quando queremos. Precisamos é de não desistir e de insistir. Nunca mudando quem somos, nunca cedendo à fácil tentação dos caminhos mais fáceis. E, acima de tudo e, sem dúvida, o mais importante, tendo sempre a certeza do que queremos.

OSS!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

O jogo do título num campeonato antecipadamente perdido

Normalmente os jogos dos títulos dizem respeito a um jogo onde a equipa campeã alcançou uma vitória importante, mas na minha opinião o jogo do título este ano foi aquele em que o campeão perdeu copiosamente em casa com o seu mais direto adversário.
Aquele fantástico minuto 70, em que já se perdia 3 a 0, serviu para que os nossos homens sentissem que não estavam nem nunca estariam sós. Como se veio a comprovar. Acredito ter sido o momento de viragem, o momento de união que nos levou à justíssima vitória final.
A começar a época treinador novo. Sou sincero, admito dos que acreditava que o seu antecessor deixou um bom legado, difícil de superar, e que era dos que ficaram apreensivos com a sua saída. Mas a partir do momento em que o Rui Vitória foi apresentado, passou ele a ser o meu treinador. Acreditei nele, mesmo quando era difícil de acreditar no título.
Depois uma pré-época a pensar no dinheiro, não permitindo a adequada preparação, ressentindo-se a equipa disso no primeiro terço do campeonato. Uma equipa em que se tinha desinvestido, um plantel com aparente pior qualidade que qualquer um dos últimos anos. Para piorar, perder o primeiro troféu da época, com todo o peso psicológico que isso acarretou, levando-nos a um início de campeonato titubeante.
E foi aqui que surgiu o Homem do tri, o nosso, agora mais que estimado, Rui. Acima de tudo, acreditou sempre nas suas capacidades. Manteve-se sempre sereno, mesmo quando todos nós apelávamos por um “murro na mesa”. Teve o mérito de unir um plantel com dúvidas do seu valor. Teve coragem de apostar nos “miúdos”, por força ou não das circunstâncias, nunca se escusando em ausências para justificar resultados menos positivos, sendo um homem de encontrar soluções e não de as pedir. Muitos falam que a nossa equipa B quase desceu, eu falo que metade dela se sagrou campeã nacional da 1ª Liga. Entendem como bem entenderem.
Os resultados foram aparecendo, juntamente com exibições seguras e goleadas, numa busca incessante pelo lugar que queríamos. Mesmo com os adversários a ganharem por diferenças mínimas e nos últimos minutos alguns jogos não esmorecemos. Sim, não nos aconteceu apenas a nós, mas a memória é curta e seletiva. Recuperámos 9 pontos ao 1º, quando noutras épocas erámos nós que os perdíamos. Até que passamos para primeiros e, numa mistura de ansiedade e cansaço devido ao grande desempenho na Europa, fomos tendo exibições menos fulgurosas, mas seguras e merecendo cada uma das vitórias conseguidas.

E assim chegámos ao ansiado final, desejado por milhões. Estive na festa e foi lindo. A comunhão dos adeptos, enormes adeptos, com aqueles nossos “heróis”, uns Presidente que aprende com os erros e tem confiança nas decisões que toma e, repito, com o grande obreiro do título, o nosso Rui. Um treinador que sofreu das mais vis tentativas de humilhação que vi no futebol, deu uma resposta à altura. Com profissionalismo, com qualidade, com serenidade e humildade. Rui, ganhaste num ano o que outros não ganharam (ou não souberam ganhar) em anos. És um ídolo, és dos nossos, és Benfiquista! Obrigado pelo 35! Obrigado pelo TRI!


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Porque sou Enfermeiro?

Sou Enfermeiro há cerca de oito anos, um início, ainda, da minha caminhada. Muito tempo passou desde a última vez que refleti sobre o que me levou a enveredar por esta jornada. Sem ser o habitual “gosto de ajudar os outros”, pois há muitas maneiras de ajudarmos o próximo sem se ser Enfermeiro.
E ao pensar nisso chego à conclusão que fui para Enfermagem porque não sabia o que era ser Enfermeiro. Chego à conclusão que ninguém tem noção disso antes de o ser. A responsabilidade de termos vidas humanas nas nossas mãos, o sofrimento, dor e desespero com que lidamos diariamente, ver a degradação humana, a todos os níveis, ver o abandono familiar ao vivo, lidar com a morte, aguentar com insultos e agressões, viver uma vida (de turnos) incompreendida aos olhos dos outros…pago como se tudo isto fosse normal.
E ao pensar no que me fez ir para Enfermagem, tenho que pensar no que me faz continuar. E o que me faz continuar, é saber o que é ser Enfermeiro. Assumir a responsabilidade duma vida humana, aliviar o sofrimento, dor e desespero dos doentes, ver a recuperação do doente, dar um pouco de calor a quem é abandonado ou ter o prazer de ver que ainda há gente que cuida e se preocupa com os seus, lidar com a vida e proporcionar uma morte digna, ouvir, ver ou receber o agradecimento de doentes e familiares, seja por palavras, gestos ou olhares, ter uma vida que, com esforço, pode ser relativamente normal…e saber que não há nada que pague isto tudo. Como já o escrevi uma vez, não há nada que se compare a conseguir um sorriso de alguém que está em sofrimento.
Não sei se será correto falar numa vocação inerente a cada enfermeiro. Até porque haverá quem não gosta do que faça, refletindo-se isso nos cuidados que presta e nas atitudes perante os doentes. Mas neste momento, sinto-me vocacionado para o que faço, com gosto e dedicação!

Hoje comemora-se o dia Mundial do Enfermeiro. Para todos nós vai ser mais um dia como os outros. A cuidarmos dos nossos doentes ou a descansarmos de o fazermos. A todos os que honram a arte do bem cuidar, os meus parabéns!

sábado, 7 de maio de 2016

Não tenho a certeza, mas acho que é a primeira vez que coloco aqui alguma coisa que não é escrita por mim. Mas não o podia deixar de partilhar, pois expressa sinceramente o que é (ou deve ser) "ser Karateca".
E quem o escreveu foi uma menina, jovem de idade e neste percurso, mas que sei que sente o que escreveu.
Parabéns e obrigado Andreia.

Ser karateca…
Ser karateca é ser mais forte,
É ser capaz!
Não é ter azar nem sorte
É amar o que se faz

É ter desejos infinitos,
E nunca desistir
É seguir em frente
E para a vida sorrir.

É ter um paraíso na mente,
É treinar com amor,
É entregar-se instantaneamente
Mesmo que haja alguma dor.

É abrir as portas do coração,
Ao espírito do karate
Às palavras de inspiração,
E na vitória ter fé.

A falta de força e motivação,
É fácil dominar.
É só ter vontade de vencer
E os amigos a apoiar.

Não existem inseguranças!
Só certezas e não rancores.
Um karateca é assim,

Cheio de valores."

Andreia Rodrigues