Normalmente os jogos dos títulos
dizem respeito a um jogo onde a equipa campeã alcançou uma vitória importante,
mas na minha opinião o jogo do título este ano foi aquele em que o campeão
perdeu copiosamente em casa com o seu mais direto adversário.
Aquele fantástico minuto 70, em que
já se perdia 3 a 0, serviu para que os nossos homens sentissem que não estavam
nem nunca estariam sós. Como se veio a comprovar. Acredito ter sido o momento
de viragem, o momento de união que nos levou à justíssima vitória final.
A começar a época treinador novo.
Sou sincero, admito dos que acreditava que o seu antecessor deixou um bom
legado, difícil de superar, e que era dos que ficaram apreensivos com a sua
saída. Mas a partir do momento em que o Rui Vitória foi apresentado, passou ele
a ser o meu treinador. Acreditei nele, mesmo quando era difícil de acreditar no
título.
Depois uma pré-época a pensar no
dinheiro, não permitindo a adequada preparação, ressentindo-se a equipa disso
no primeiro terço do campeonato. Uma equipa em que se tinha desinvestido, um
plantel com aparente pior qualidade que qualquer um dos últimos anos. Para
piorar, perder o primeiro troféu da época, com todo o peso psicológico que isso
acarretou, levando-nos a um início de campeonato titubeante.
E foi aqui que surgiu o Homem do
tri, o nosso, agora mais que estimado, Rui. Acima de tudo, acreditou sempre nas
suas capacidades. Manteve-se sempre sereno, mesmo quando todos nós apelávamos
por um “murro na mesa”. Teve o mérito de unir um plantel com dúvidas do seu
valor. Teve coragem de apostar nos “miúdos”, por força ou não das circunstâncias,
nunca se escusando em ausências para justificar resultados menos positivos,
sendo um homem de encontrar soluções e não de as pedir. Muitos falam que a
nossa equipa B quase desceu, eu falo que metade dela se sagrou campeã nacional
da 1ª Liga. Entendem como bem entenderem.
Os resultados foram aparecendo,
juntamente com exibições seguras e goleadas, numa busca incessante pelo lugar que
queríamos. Mesmo com os adversários a ganharem por diferenças mínimas e nos
últimos minutos alguns jogos não esmorecemos. Sim, não nos aconteceu apenas a
nós, mas a memória é curta e seletiva. Recuperámos 9 pontos ao 1º, quando
noutras épocas erámos nós que os perdíamos. Até que passamos para primeiros e,
numa mistura de ansiedade e cansaço devido ao grande desempenho na Europa,
fomos tendo exibições menos fulgurosas, mas seguras e merecendo cada uma das vitórias
conseguidas.
E assim chegámos ao ansiado final,
desejado por milhões. Estive na festa e foi lindo. A comunhão dos adeptos, enormes
adeptos, com aqueles nossos “heróis”, uns Presidente que aprende com os erros e
tem confiança nas decisões que toma e, repito, com o grande obreiro do título,
o nosso Rui. Um treinador que sofreu das mais vis tentativas de humilhação que
vi no futebol, deu uma resposta à altura. Com profissionalismo, com qualidade,
com serenidade e humildade. Rui, ganhaste num ano o que outros não ganharam (ou
não souberam ganhar) em anos. És um ídolo, és dos nossos, és Benfiquista!
Obrigado pelo 35! Obrigado pelo TRI!
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