Sou Enfermeiro há cerca de oito
anos, um início, ainda, da minha caminhada. Muito tempo passou desde a última
vez que refleti sobre o que me levou a enveredar por esta jornada. Sem ser o
habitual “gosto de ajudar os outros”, pois há muitas maneiras de ajudarmos o
próximo sem se ser Enfermeiro.
E ao pensar nisso chego à conclusão
que fui para Enfermagem porque não sabia o que era ser Enfermeiro. Chego à
conclusão que ninguém tem noção disso antes de o ser. A responsabilidade de
termos vidas humanas nas nossas mãos, o sofrimento, dor e desespero com que
lidamos diariamente, ver a degradação humana, a todos os níveis, ver o abandono
familiar ao vivo, lidar com a morte, aguentar com insultos e agressões, viver
uma vida (de turnos) incompreendida aos olhos dos outros…pago como se tudo isto
fosse normal.
E ao pensar no que me fez ir para
Enfermagem, tenho que pensar no que me faz continuar. E o que me faz continuar,
é saber o que é ser Enfermeiro. Assumir a responsabilidade duma vida humana,
aliviar o sofrimento, dor e desespero dos doentes, ver a recuperação do doente,
dar um pouco de calor a quem é abandonado ou ter o prazer de ver que ainda há
gente que cuida e se preocupa com os seus, lidar com a vida e proporcionar uma
morte digna, ouvir, ver ou receber o agradecimento de doentes e familiares,
seja por palavras, gestos ou olhares, ter uma vida que, com esforço, pode ser
relativamente normal…e saber que não há nada que pague isto tudo. Como já o
escrevi uma vez, não há nada que se compare a conseguir um sorriso de alguém
que está em sofrimento.
Não sei se será correto falar numa
vocação inerente a cada enfermeiro. Até porque haverá quem não gosta do que
faça, refletindo-se isso nos cuidados que presta e nas atitudes perante os
doentes. Mas neste momento, sinto-me vocacionado para o que faço, com gosto e
dedicação!
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