Dois dias passaram desde aquela estoica vitória em
terra francesas. Num dia marcado pelo êxito desportivo português, realço o mais
mediático, aquele que, por ser desporto colectivo, considero de maior
dificuldade e, sem hipocrisia, porque adoro futebol. Muita gente que apregoa
que só se fala do futebol, desconhecia, até à data, nomes como Sara Moreira,
Patrícia Mamona, Jéssica Augusto ou Rui Costa (muitos devem dizer “ah, não
sabia que o Rui Costa tinha enveredado pelo ciclismo”). Ou sequer que temos um
português búlgaro a lançar umas bolas esquisitas…por acaso eu sei, porque
acompanho as notícias do meu clube. Mas toda a gente sabe quem é o Cristiano, o
Pepe, o Patrício, o Sanches, o Quaresma e, agora, até o Éder! Porém, fica
bonito dizer que se acompanha a par e passo todos os desportos…mas onde estavam
quando Portugal ganhou inédita medalha de bronze no Europeu de Karate?
Falando do Euro 2016, que mais dizer que não foi
dito? Apenas posso falar da minha vivência. Nunca fui muito adepto do Fernando
Santos, mas quando foi apresentado como seleccionador conquistou-me pelo seu
discurso. Sem falinhas mansas, sem medos, com a convicção de quem sabe o que
quer e quando quer. Até poderia não ter concordado com todas as escolhas dele,
nos 23 escolhidos, mas ele é que sabia. Na brincadeira disse muitas vezes que
íamos ganhar o Euro porque eu comprei a camisola da selecção. A verdade é que
eu comprei a camisola porque sabia que era a camisola da equipa que ia ganhar.
Quem me conhece, quem viu e viveu os jogos comigo, mesmo nos momentos de maior
descrença, sabe que da minha boca sempre saiu um “vamos ser campeões!” No dia
da final, no serviço, repeti muitas vezes…”vamos ganhar!”
Porquê este (exagerado) optimismo? Porque confiei,
quer no seleccionador, quer no grupo. Mas acima de tudo porque o Cristiano
queria ganhar…tinha que ganhar!
Sou fã do Cristiano, para mim (podia ser por ser
português, mas não é) é o melhor do mundo. Mostrou-o durante quase toda a
prova, exceptuando os momentos finais do 1º jogo. De resto foi o jogador e
capitão que precisávamos. Um capitão que, talvez pela primeira vez, acreditou
tanto naqueles que o seguiam como em si mesmo. As lágrimas de desespero que
deitou, caído no relvado, arrepiaram-me. Aquilo não eram lágrimas de dor, mas
sim de um jogador que não queria defraudar um país. Cristiano, acredita, não
defraudaste. Foi a tua vontade de querer continuar que serviu de luz aos teus
colegas. Mesmo fora do campo foste o farol que eles precisavam. No teu momento
mais infeliz, soubeste engrandecer os outros…e és enorme por isso. Mostraste
que o melhor do mundo tem que ter uma coisa…nunca virar a cara à luta!
Sei que o Patrício foi o melhor guarda-redes do
torneio (faço-lhe uma vénia). Sei que o Pepe foi o melhor jogador de toda a
prova, que ele e o Fonte foram a melhor dupla de centrais. Sei que o Guerreiro e
o Sanches foram os mais irreverentes. Sei que o Nani e o Quaresma, finalmente,
disseram presente numa grande competição. Sei que o Éder foi o herói inesperado
(a ele, vénia maior). Sei que o segredo de Portugal campeão, foi uma equipa
pragmática, fria e coesa, fugindo da lógica do sangue lusitano. Mas este
europeu foi obra do Cristiano e do F. Santos. Um arquitetou tudo o outro foi a
voz dele dentro do campo. Sintonia perfeita na ambição e na crença.
Depois do Europeu e da Champions (e quase a Liga), só
admito a Bola de Ouro para um jogador. Que me desculpem Bale, Suarez, Neymar ou
Messi. Quando ao melhor treinador da época, só admito dúvidas entre F. Santos e
C. Ranieri (desculpa Rui Vitória). Um e outro obtiveram feitos inéditos, penso
que o de Ranieri mais difícil. Mas acredito que uma vitória que foi a alegria
de mais de 11 milhões vá ter o seu peso!
Parabéns Portugal, parabéns Campeões da Europa!
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