Nos últimos dias estive de férias na cidade de
Valência, sul de Espanha. O maior elogio que posso fazer à cidade é que era
capaz de me ver a viver lá. Cidade grande, mas tranquila, com um centro
histórico acolhedor e lindíssimo. Com dois ex-líbris a não perder, a Cidade das
Artes e Ciência e o Bioparc. Admito que surpreendeu-me mais este último.
De resto, mais uma cidade em que se vive Espanha em
todo o seu esplendor…ruas movimentadas a toda a hora, principalmente após as 16
horas. Esplanadas cheias em dias da semana. Tapas (como as adoro), as cañas ou
um bom rioja. Praias até perder de vista, esplanadas à beira mar relaxantes com
música a animar.
Ao voltar a viver isto tudo reparei nas saudades que
sentia disto, de pequenas coisas que os sete anos e pouco que estive nesse país
me proporcionaram. Lembro-me de sair de fazer noite e ir descansar para a
praia. Lembro-me do “ir de tapas” com os amigos, com mesas faustas com os mais
variados tipos de comidas, deliciarmo-nos nas esplanadas durante umas 3 horas a
comer e a beber. Lembro-me de ter vários cafés onde ir, cada qual com as suas
características e e decorações singulares. Apenas não sinto saudade da música espanhola
porque essa segue a ser presença assídua no youtube ou no carro. Posto isto,
sem dúvida que Pontevedra será sempre um dos meus locais, aquela cidade que
sempre que lá vá posso dizer “sinto-me em casa.
Nos anos que passei em Espanha, senti sempre vontade
de dar um salto àquela que foi a minha segunda casa…Viana do Castelo. Porquê?
Porque sentia falta de passear no centro histórico ou na marginal junto ao rio.
Sentia falta de ir ao meu shopping (apenas abriu no meu segundo ano em Viana e
transformou a cidade). Sentia falta das bolas de Berlim do Natário ou dos
croissants com creme da Caravela. Sentia falta de passear na Praia Norte, de
tomar lá um café ou de almoçar no Scala…talvez o restaurante, sem ser chic,
onde me sinto mais à vontade, com um espaço bastante agradável e grande
variedade de pratos. Sentia falta da minha ESENFVC, o local que me deu as bases
para ser o enfermeiro que sou hoje e onde conheci e criei amizades para a vida.
Sem dúvida que Viana será sempre um dos meus lugares de eleição, onde quando
chego posso dizer “cheira-me a casa”.
Contudo, há um lugar que, estando em Viana ou em
Pontevedra, sempre me atraiu de volta, como um íman que prende o metal. Fafe, a
terra que me viu nascer e crescer, a terra que me viu abalar dela para estudar
e mais tarde trabalhar. Admito que gosto de Fafe porque sou daqui. Apesar de
achar que é um sítio agradável, não me custa admitir que possa ser difícil para
muita gente ter que vir viver para cá. As cidades muito pequenas são
aprazíveis, quase sempre, para quem é originário da terra. Além de ser a minha
origem, tenho família (o bem do qual mais falta sentimos quando não temos por
perto), tenho grandes amizades, das mais antigas às mais recentes (como é ótimo
desfrutá-las diariamente), tenho a casa onde trabalho (e onde me sinto em casa)
e tenho a minha segunda família, o Karate. Quando disse a alguém que me via a
viver em Valência essa pessoa disse-me “E porque não ficas?” A minha resposta
sem pensar foi “E os “meus” meninos do Karate?”
São três os lugares que me fazem sentir em casa, mas
apenas um é a minha casa…Fafe. Por isso, posso ir passar uns dias seja a onde
for, dentro ou fora do país, mas com a firme certeza de ter viagem de volta.
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