Chega a noite, sento-me finalmente no sofá, estico as
pernas e dou um longo suspiro. Sinto-me cansado, exausto para ser mais
específico, o dia começou na véspera pelas doze horas, termina passadas trinta
e seis horas. A sério, já não tenho idade para estas coisas!
Termino agora de agradecer a todas a felicitações que
me foram endereçadas durante todo o dia. Espero não ter falhado nenhuma, é
importante para mim retribuir um pouco do que me deram.
Por fim, posso respirar um pouco, fechar os olhos e percorrer
mentalmente o meu dia de anos. Um dia em que me foi permitido estar com aqueles
que me acompanham diariamente e sentir o apreço dos que estão longe.
Primeiro no trabalho. Já o disse várias vezes, aqui,
que o carinho que os doentes nos dão sabe bem ao ego, mas antes disso está o
carinho que os nossos colegas nos dão. Por vezes não é fácil, por vezes há confrontos
de ideias ou ideologias ou o cansaço ou stresse acumulados, mas no fim ficam as
atitudes de companheirismo. E hoje senti-me “abraçado” por todos os que me
acompanham no local de trabalho.
De seguida no Karate. A casa que já me viu cumprir
muitos aniversários, que me acolheu ainda criança e me fez o homem que sou
hoje. E o que sinto dentro daquelas paredes, dentro do Dojo, não se explica. A
afeição que se cria entre todos não tem equivalente em nada que eu conheça e
não poderia fazer anos sem estar com a minha gente, com a família que eu
escolhi.
Jantar com as duas pessoas mais importantes, os meus
pais. A família onde nasci e cresci. Que me educou sobre firmes valores, a quem
agradeço tudo o que sou hoje em dia. Apesar de vivermos sob o mesmo teto,
estarmos os três sentados ao mesmo tempo à mesa é algo mais ocasional do que se
possa pensar.
Pelo meio, um daqueles cafés com uma daquelas pessoas
para quem sempre temos um pouco de tempo. Soube-me bem estar com um desses
amigos, para quem a distância é um pormenor e não um problema.
Terminei o dia com os meus amigos diários. Aqueles
que no último ano se tornaram pedra basilar da minha existência, que me
acompanharam nos bons e maus momentos, que me aconselharam, que me fizeram rir
e sorrir.
Agora uma palavra para aqueles com quem não estive,
aqueles que de serem tão fantásticos, conseguem ser os meus alicerces mesmo
estando a dezenas ou centenas de quilómetros. Eles sabem quem são, sabem que a
palavra “amigo(a)” é demasiado curta para expressar o que eles me dizem.
Acabo o dia exausto, mas de coração cheio. Muitas das
mensagens ou telefonemas recebidos fizeram-me tremer por dentro. Não sei se sou
isso tudo o que disseram. Sei, isso sim, que o que eu sou é graças a todos vós
que me acompanhais…sou apenas um reflexo de tudo o que me dão e são.
Sei que é pouco, mas é sincero…obrigado.
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