A Enfermagem vive momentos de grande agitação, com
grande mobilização dos seus membros em busca de um caminho de dignidade e
valorização profissional.
No meio deste alvoroço surgiram os habituais
sindicatos, uns aproveitando a união da classe para bradarem bandeiras, outros
colocando-se, a meu ver inexplicavelmente, de lado (não ao lado) desta falange
humana e, de forma algo inusual, a Ana Rita Cavaco, nossa Bastonária.
Faço um interregno nas minhas ideias para dizer o que
não costumo dizer. Votei na colega nas eleições para Bastonária, digo-o não
para bajular quem quer que seja, ao dizer isto apenas aumento a exigência na
forma como me representa. E porque fui dos poucos que votei…e porque fi-lo em
si? A colega não me conhece de lado nenhum, eu conheço-a apenas agora, depois
de dar voz à nossa classe. Que me levou a votar em si? Li as ideias da sua
candidatura e pareceu-me ser alguém que não esquecia nenhum enfermeiro, nem os
de cá, nem os que estão espalhados pelo mundo fora. Isto no papel, claro, com o
exemplo que temos das promessas políticas, o pobre sempre desconfia. Mas
acreditei, talvez tenha querido acreditar que viesse a ser verdade. A
lembrar-me dos sete anos que trabalhei fora do país, abandonado pela Ordem, tal
como os meus demais colegas.
Após atento seguimento das suas intervenções em
diversos meios, a prova de fogo chegou no dia “B”. E o que vi, o que todos
vimos, foi um Basta nas dúvidas que pudessem haver sobre a Ana Rita Cavaco. A
colega é, neste momento, a nossa líder, a nossa principal defensora, é mais uma
nas batalhas que a Enfermagem trava atualmente.
A nossa Bastonária, antes dos dias da manifestação,
foi alvo de vários ataques, internos e externos. Acusaram-na de ser
sindicalista…eu acuso-a de ser mais uma Enfermeira. Mal seria se o papel da
nossa representante máxima se limitasse a dizer o que não vai bem…e não o
sentisse. Como o sente, simplesmente tinha o dever moral de acompanhar, lado a
lado, os milhares que se manifestaram…como o fez.
Dias mais tarde, novos ataques internos desesperados
e sem sentido de oportunidade…e aqueles que por si são defendidos saíram em
bloco em sua defesa. Finalmente, após anos (eu após nove anos) de uma Ordem
desordenada nas suas intenções, temos uma Ordem que luta pelos seus, mesmo por
aqueles que insistem em mostrar mal-estar por não estarem no lugar da colega.
Ana Rita Cavaco, parabenizo-a pela postura que tem
tido desde que assumiu o cargo, apesar de nem sempre concordar com o modo como
terá feito ou dito certas coisas, mas não é a mim que tem que agradar e o meu
ponto de vista nem sempre será o mais certo. Contudo há algo que lhe reconheço
independentemente dos métodos, luta pela Enfermagem, não pelo cargo. Não sendo
dos que defendem que “falem bem ou mal, o que interessa é que falem”, acredito
que não podemos ficar calados com receio da reação do resto do mundo. E a Ana
Rita Cavaco não tem medo, deu voz ativa e válida à nossa profissão.
Espero que, no dia em que dê o lugar a outro/a, as
minhas palavras mantenham esta índole. É um desejo sincero, porque acho que o
que fez neste pouco tempo em que assumiu o cargo não merece outro desfecho.
Não deixou de ser Enfermeira para ser Bastonária…ah,
cara colega, e de que maneira nós precisávamos duma Bastonária Enfermeira.
Um sentido abraço…pela Enfermagem.
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