Tudo o que eu sou devo à minha família,
principalmente aos meus pais, que sempre tentaram orientar-me pelos caminhos
que sentiam ser os melhores para mim. Foi assim que, nos finais de 1991,
tiveram a sabedoria e a sorte de me levar a experimentar o Karate e a entrar na
AKFAFE…ou talvez fosse apenas algo que tinha mesmo que ser. E mais do que me
permitirem iniciar esta arte, foi graças ao apoio que sempre senti que fui
permanecendo nela, mesmo quando o cansaço e as dúvidas apareceram.
Posso dizer, talvez sem exagerar, que passa do milhar
o número de pessoas com quem partilhei treino a nível local, e são já uns
milhares as que conheci durante toda a minha prática.
Inicialmente com o objetivo de ser uma atividade
desportiva, descobri no Karate uma Arte Marcial cujo maior valor são os valores
que transmite. Com toda a certeza, esses foram a minha maior medalha em toda a
minha prática, que me fazem ter um sentimento de dívida eterna com esta arte.
Recebi e continuo a receber tanto, que a minha ilusão aumenta a cada ano que
passa, ainda mais do que no dia em que a iniciei.
Hoje não treino tendo em vista a conquista de pódios.
Treino apenas para superar-me a mim mesmo e para conseguir ser exemplo para os
mais novos, tentando ser veículo de transmissão dos ensinamentos que me foram passados estes anos todos e continuam a ser passados. Desafio muito maior do que a busca de medalhas.
Como sabe bem ver a energia contagiante de quem nos chega, sem nada saber, mas com enorme vontade de aprender. Ver o crescimento brutal, a todos os níveis, das nossas crianças, sempre na esperança que venham a ser pessoas de bem e que acrescentem algo de bom à sociedade. Esse é o nosso grande trabalho. Com a sociedade que temos, com uma falta gritante de
valores, em que tudo é competição, em que tudo é inveja, em que tudo se quer de
bandeja, creio que o Karate poderá dar um pequeno contributo para um mundo
melhor.
O caminho, neste momento, está a ser feito ainda de coração
pesado. O Sensei Marinho será sempre o meu exemplo, a pessoa em quem me
inspirarei para inspirar os outros. Com ele cresci a aprender que antes de
merecer o que seja, tinha que fazer algo por isso. Aprendi a não exigir nada, a
saber esperar o meu tempo, a confiar no meu trabalho e a saber que o seu
reconhecimento vem com o tempo, sem necessidade de me por em bicos de pés ou de
bradar aos céus. Aprendi que a confiança se ganha com lealdade, com
honestidade, com atitudes. E isso não acontece em poucos anos.
Mas o caminho faz-se caminhando, lado a lado com pessoas
de máxima confiança (aquelas que talvez melhor me conhecem), com enorme vontade
e com um sentimento de união que se consegue apenas no seio de uma família.
Grande texto! Para quem sabe tudo o que o Karaté pode trazer... Parabéns pela visão
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