Meu caro ano de 2018, peço-te desculpa pelo que vou
afirmar, mas não há forma de dizer que foste um bom ano. Entre as coisas boas e
as más, o peso destas últimas foi demasiado grande para poder ser de outra
maneira.
Começaste cinzento, muito cinzento, com algo que te
marcou pelo resto do tempo…ainda marca e continuará a marcar.
Há vários tipos de despedidas…as do dia-a-dia, às
pessoas com quem lidamos diariamente, aquelas a que, porventura, menos
importância damos. Há as despedidas de pessoas que sabemos que só voltaremos a
ver daqui a muito tempo, daquelas cheias de saudosismo. E há aquelas
despedidas, a que mais damos valor, um doloroso valor, que são para sempre.
E é nestes momentos que nos apercebemos da
importância dos “até amanhã” ou dos “até logo” que dizemos a diário, quase sem
os sentirmos, com uma displicência que a (falsa) certeza que temos de os voltar
a dizer nos dá.
Ficas marcado, indubitavelmente, por me teres levado uma
das pessoas mais importantes, daquelas com quem mais cresci, que mais ajudou a
forjar o meu carácter e a quem muito devo. Só não fico chateado, porque creio
ter sabido, ao longo dos anos, demonstrar todo o respeito, afeto e gratidão que
tive e terei sempre pelo meu Mestre.
Foi um ano em que concluí mais um desafio no âmbito
profissional, talvez aquele mais desafiador e difícil, mas ao mesmo tempo
cativante. Além dos colegas de curso, conheci profissionais que me orientaram
de uma maneira que apenas tenho que agradecer. Excelentes enfermeiros, que me
dão a certeza que a luta que travamos é mais que justa. Quer os meus
orientadores, quer os colegas dos serviços por onde passei, receberam-me como
se fosse mais um da equipa, algo fundamental para levar a bom porto e com a
motivação em alta este percurso.
Com estas duas experiências cresci, uma fez-me
crescer pessoalmente, ao ter que levantar a cabeça rapidamente para dar
continuidade a uma obra que não pode parar. Com a outra cresci
profissionalmente, realçando-me a importância da qualidade de vida que podemos
dar aos anos em que vivemos.
De resto, continuo a fazer o que gosto e quero junto
dos meus doentes, contínuo a tentar dar um pouco de mim às crianças que me são
confiadas, tudo isto no calor da família e dos amigos.
Para o Novo Ano, não posso pedir muito mais, pois já
passei muito tempo privado do que hoje faz parte do meu quotidiano. Que assim
continue e que daqui a um ano possa ter as pessoas que me são próximas junto a
mim.
A todos os meus familiares, a todos os meus amigos, a
todos os meus colegas, a todos os meus alunos e companheiros na Arte, desejo
que tenham a capacidade de ir atrás e de cumprir os vossos sonhos. Se não
estamos bem, a mudança que precisamos fazer está em nós, nunca no acaso da vida
e nos outros. Temos que assumir a responsabilidade pela nossa felicidade, dar oportunidade
e fazer com que ela aconteça.