Já muito aqui falei de Enfermagem e de alguns
problemas que nos apoquentam, mais questões do “ser” enfermeiro do que no “fazer”
do enfermeiro. Para isso creio haver pessoas com voz mais válida do que a minha
para o expressar. Mas há algo que nunca abordei e já o deveria ter feito.
Em todas as situações da minha vida sempre tive o
máximo respeito pelas pessoas, independentemente do género, profissão, estatuto
social etc, que possam ter. E na profissão que abracei, desde cedo aprendi a
admirar o trabalho e a dedicação dos assistentes operacionais/auxiliares de
ação médica que, lado a lado connosco, fazem com que os cuidados prestados
possam ser de excelência.
E o porquê de só escrever sobre isto agora? Mea culpa
da minha parte. Há pequenos gestos que, se nos caem bem, devemos ter a noção
que também poderão fazer bem à outra parte. E foi um pequeno gesto desses que
me fez pegar na “pena”.
Nos anos passados em Espanha, foram praticamente
todos os turnos em que ao meu lado apenas tinha as colegas auxiliares. E foram
elas, quem nunca esquecerei, que nos meus primórdios na profissão e num país
novo não me deixaram desistir. Foram companheiras e companhia de longas noites,
foram professoras, foram amigas, foram um pilar que me suportou nos momentos
mais difíceis. Muito do enfermeiro que sou hoje devo-o a elas.
Regressado ao país, tive a sorte de me tocar de novo
um grupo de qualidade à prova de bala.
É verdade que não precisaria de passar para palavras
o respeito que tenho por todas elas (há um ele), creio demonstrar isso em cada
dia de trabalho. Às “minhas” queridas assistentes operacionais trato-as por
colegas, como faço sempre questão de reforçar diante dos doentes. Não podia ser
de outra maneira.
Agora que muito se fala no grito de revolta dos
enfermeiros, deixem que vos diga que a minha revolta também é por elas(es).
Ganham pouco, muito pouco para o que fazem. Tal como nós, cuidam dos familiares
dos outros como se fossem seus. Ajudam a limpá-los e lavá-los, a vestir, a
pegar neles. Sofrem das mesmas dores que nós. Além de muitas outras funções para
as quais não tenho competências para ajuizar, mas que sei que fazem com
qualidade máxima.
Diz-se muito ultimamente que os hospitais não
funcionam sem enfermeiros. Não vou por aí. É demagogia. Os hospitais devem
funcionar com equipas multidisciplinares, quanto mais coesa for a relação entre
os diversos profissionais, melhor o seu funcionamento. Quando quebra um elo, a
cadeia fica fragilizada. Quem não percebe isto, pouco conhece dos cuidados de
saúde.
De todos os
grupos, às tantas os assistentes operacionais são, talvez, a face menos visível
dos cuidados de saúde. Mas não para mim, de mim têm todo o reconhecimento e
gratidão pelo que fazem. Obrigado!