Hoje é do Pai, uma data que cada vez faz mais sentido
celebrar, numa época em que as crianças vivem nas escolas e vão dormir a casa,
em que os pais vivem em casa, mas ausentes nos seus trabalhos.
Tempos em que se defende o afeto, mas em que o tempo
que se passa em família é escasso (em quantidade e qualidade). Não será por
acaso que os problemas comportamentais se revelam em maior número. Não é uma
crítica, muitas vezes as circunstâncias levam a que assim seja, mas apenas uma
constatação da realidade.
Sendo algo normal, hoje foi dia de turno, foi dia de
pensar e refletir. Tenho a felicidade de estar todos os dias (ou quase) com o
meu pai. Lamento não ter presentes os que foram os pais dos meus pais.
Contudo, no meu dia-a-dia, cuido de pessoas que me
são completamente desconhecidas quando cá chegam. Quando partem levam muito de
mim e deixam muito de si. Essas pessoas são pais/mães, são (foram) filhos(as),
são avós, são o mundo de alguém que não eu. Um dos meus princípios no cuidar do
outro é ter isto sempre bem presente, é o respeito pela individualidade da
pessoa, pelo que ela foi e é, mas também por todo o mundo (família) que a
envolve.
É a este pensamento, a esta forma de estar, que
encontro muitas vezes a paciência necessária para cuidar de quem precisa de ser
cuidado. Nem sempre é fácil, nem sempre se tem a frescura física e mental…mas
tem que ser. Só assim tempos as palavras certas a dizer, só assim podemos passar
um sentimento de tranquilidade e de carinho, ao mesmo tempo que somos
assertivos no que “exigimos” ao doente para que ele possa melhorar.
Se um dia algum dos meus precisar de cuidados de
alguém, espero que encontrem alguém que saibam que eles são pai e mãe, que têm
toda uma história passada por detrás do presente.
Amanhã voltarei para cuidar e ajudar na recuperação
de pais e mães de quem não conheço, mas sempre com o desejo de transmitir
segurança e proteção a uns e outros. Para que, em breve, possam regressar ao
conforto e calor dos seus lares.
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