
É daquelas coisas que todos já ouvimos algum dia falar,
sabemos o que fazer para prevenir, mas continuamos a achar que acontece sempre
e apenas aos outros, o que nos leva a manter hábitos de vida que potenciam o
acontecimento dum episódio destes.
Muitas vezes os estudos e as nossas preocupações
incidem nas taxas de mortalidade das doenças, porém no que toca aos AVC’s (e
não só) o real impacto não se deve medir apenas pelas mortes causadas, mas sim
pelo nível de incapacidade que provocam ao indivíduo. Sendo frio na análise e
não querendo ferir suscetibilidades, traz muito mais implicações (para a
família, para o estado, para a sociedade) a sobrevivência dum doente com AVC do
que a sua morte.
É verdade que os tratamentos imediatos e os centros
de reabilitação espalhados pelo país vão permitindo cada vez mais uma melhor
qualidade de vida, não deixa de ser importante o reforço da prevenção, passando
sempre pela mudança de hábitos de vida não saudáveis.
O AVC assusta-me…às sequelas físicas associam-se
muitas vezes danos cognitivos, sendo estes responsáveis por impossibilitarem ou
dificultarem o processo de reabilitação. Assusta-me que num dia uma pessoa
possa estar a desenvolver a sua vida normal e no dia seguinte está numa cama
dum hospital sem saber quem é ou de onde é. Sem saber o que faz ou porque o
faz. É a perda completa do que somos.

E do que vou vendo, os acidentes cérebro vasculares
surgem em idades mais precoces, o que significa, nos tempos que correm, mais
anos vividos com menor qualidade de vida.