quarta-feira, 13 de novembro de 2019

AVC…o acidente que ninguém espera


São muitas as doenças que nos podem levar, num abrir e fechar de olhos, dum estado de perfeita autonomia a um estado de completa dependência de outros. Da minha curta experiência profissional, são os AVC’s os responsáveis pelas situações mais delicadas e de prognóstico mais reservado no que à recuperação diz respeito.
É daquelas coisas que todos já ouvimos algum dia falar, sabemos o que fazer para prevenir, mas continuamos a achar que acontece sempre e apenas aos outros, o que nos leva a manter hábitos de vida que potenciam o acontecimento dum episódio destes.
Muitas vezes os estudos e as nossas preocupações incidem nas taxas de mortalidade das doenças, porém no que toca aos AVC’s (e não só) o real impacto não se deve medir apenas pelas mortes causadas, mas sim pelo nível de incapacidade que provocam ao indivíduo. Sendo frio na análise e não querendo ferir suscetibilidades, traz muito mais implicações (para a família, para o estado, para a sociedade) a sobrevivência dum doente com AVC do que a sua morte.
É verdade que os tratamentos imediatos e os centros de reabilitação espalhados pelo país vão permitindo cada vez mais uma melhor qualidade de vida, não deixa de ser importante o reforço da prevenção, passando sempre pela mudança de hábitos de vida não saudáveis.
O AVC assusta-me…às sequelas físicas associam-se muitas vezes danos cognitivos, sendo estes responsáveis por impossibilitarem ou dificultarem o processo de reabilitação. Assusta-me que num dia uma pessoa possa estar a desenvolver a sua vida normal e no dia seguinte está numa cama dum hospital sem saber quem é ou de onde é. Sem saber o que faz ou porque o faz. É a perda completa do que somos.
Tanto podemos ter uma mente intata num corpo afetado, como um corpo intato numa mente desorganizada…ou então as duas coisas. Em qualquer dos casos voltamos à velha e grande questão, a batata quente nas mãos das famílias, muitas das quais sem meios nem tempo para fazer face a todas as novas exigências que o familiar apresenta.
E do que vou vendo, os acidentes cérebro vasculares surgem em idades mais precoces, o que significa, nos tempos que correm, mais anos vividos com menor qualidade de vida.





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