Esta é a visão que tenho da janela do meu quarto, a
primavera a querer florescer contrasta com um país recolhido ao seu casulo.
Os dias, que ainda são poucos, tardam a passar,
sendo ocupados com coisas para as quais antes não tinha tempo. Há muito que não tinha a calma nem a paciência para ver um filme seguido ou ler
avidamente umas cem páginas dum livro.
As conversas com amigos distantes são mais no sentido
de saber se está tudo bem, após uma praga que não deixou ninguém de fora.
Sei, tenho a certeza para mim, que ainda serão muitos
os dias em reclusão, cada vez mais difíceis com o passar do tempo, mas com uma
necessidade que se manterá inalterável. É bom que tenhamos todos consciência
que quando o panorama voltar a ser animador teremos todos que manter um
controlo apertado de todos os cuidados que estamos a ter. Durante alguns meses
será sempre ténue a fronteira entre correr tudo bem e o correr tudo muito mal.
Olho lá para fora, as cores vivas a despontar
enquanto o meu ser vive mergulhado em sombras, receios e dúvidas. Tenho medo,
claro que tenho. Por mim, pelas pessoas que por esse mundo fora estão a lutar,
acima de tudo por aquelas que o fazem e farão ao meu lado, mas, principalmente,
pelas pessoas que amo.
Contudo, é por todos eles e por mim que tenho
esperança, são eles que me dão a força e a vontade de enfrentar os meus receios
e de querer ansiosamente vestir o meu uniforme. Acredito que, apesar das
dificuldades, tudo se vai resolver e vamos continuar a poder tornar os nossos
sonhos em realidade. E, quem sabe, viver melhor do que vivemos até agora…ou,
simplesmente, viver.
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