terça-feira, 9 de agosto de 2016

Perto das estrelas

Não sei se é defeito, mas sou uma pessoa que pensa bastante (bem ou mal, será outra questão). Reflito sobre tudo o que faço, sobre tudo o que sinto, sobre tudo o que quero, sobre todos os aspetos da minha vida. No fundo, sobre o meu lugar no mundo. Não se confunda o pensar nas coisas, com não ser espontâneo.
Recentemente regressei de férias, fazendo a viagem de avião. Uma viagem noturna, dessas que eu mais gosto de fazer no ar. Primeiro porque reina o silêncio durante a viagem, segundo pela perspetiva superior do mundo abaixo de nós e em terceiro porque estamos mais perto das estrelas.
Foi uma viagem de curta duração passada, após um longo sono de dez minutos, a refletir. Em quê? Principalmente no que eu sonho conseguir na vida e no que já consegui e nada melhor que isso que fazê-lo junto às estrelas.
Sabendo que a vida não segue uma linha reta, aos 32 anos já consegui muitas coisas. Consegui ser feliz na minha infância, consegui ser estável na adolescência e tornei-me numa pessoa, modéstia à parte, de raros princípios e valores.
Para isso tive pilares seguros bem presentes. Os meus pais e restante família foram e são o pilar fundamental. Os meus amigos, aqueles “poucos” que ficaram da infância até agora. Aqueles que me fazem dar um significado enorme à palavra “amizade”, que não me permite chamar amigo a alguém com leveza. E, creio, me ensinaram a devolver a amizade que sempre me dedicaram. E por fim, o Karate, o meu caminho da vida, o meu equilíbrio para muitos dos momentos mais difíceis que passei e que me proporcionou dos melhores momentos que tive até hoje. Uma relação de compromisso, de lealdade, de sacrifício e de amor, que leva já 25 anos.
Além disso, consegui também sair da minha terra Natal, estive 12 anos a conhecer outras realidades, outras culturas, outras línguas, outras pessoas. Saí em busca do sonho de ser o Enfermeiro que sou hoje. Por todos os sítios onde passei creio ter deixado o melhor de mim e fiquei com o que de melhor me deram. Cresci, sem dúvida alguma, como pessoa.
Mas sempre tive um sonho e esse era voltar a casa. Quando menos o esperava surgiu a oportunidade e arrisquei. Larguei um lugar seguro, como são todos aqueles aos que nos habituámos, que conhecia como as palmas das minhas mãos e que me dava estabilidade. Arrisquei pois, apesar de não estar insatisfeito, não estava preenchido. Arrisquei e voltei a encontrar-me comigo mesmo, vendo que antes andava à deriva, com medo de me perder, estando perdido.
Foi talvez a situação que mais me ensinou uma coisa…os nossos sonhos não devem depender das pessoas que fazem parte da nossa vida. Se fosse por aí não teria regressado e não me teria dado hipótese a ser feliz. Devemos sonhar e ver quais as pessoas que cabem nos nossos sonhos. Nunca ao contrário, pois arriscamos a ser continuamente infelizes.
Neste momento tenho vários objetivos para a minha vida, mas apenas dois sonhos por realizar. Quem me conhece sabe bem quais são. E não vou desistir de os alcançar, sem medo de arriscar, sem medo de sofrer, sem esconder tudo o que sinto, sem medo de viver.

Dei por mim e a viagem estava a chegar ao fim. Tinha percorrido os meus sonhos lá bem no céu…agora toca concretizá-los na terra.

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