Não sei se é defeito, mas sou uma pessoa que pensa
bastante (bem ou mal, será outra questão). Reflito sobre tudo o que faço, sobre
tudo o que sinto, sobre tudo o que quero, sobre todos os aspetos da minha vida.
No fundo, sobre o meu lugar no mundo. Não se confunda o pensar nas coisas, com
não ser espontâneo.
Recentemente regressei de férias, fazendo a viagem de
avião. Uma viagem noturna, dessas que eu mais gosto de fazer no ar. Primeiro porque
reina o silêncio durante a viagem, segundo pela perspetiva superior do mundo
abaixo de nós e em terceiro porque estamos mais perto das estrelas.
Foi uma viagem de curta duração passada, após um
longo sono de dez minutos, a refletir. Em quê? Principalmente no que eu sonho
conseguir na vida e no que já consegui e nada melhor que isso que fazê-lo junto
às estrelas.
Sabendo que a vida não segue uma linha reta, aos 32
anos já consegui muitas coisas. Consegui ser feliz na minha infância, consegui
ser estável na adolescência e tornei-me numa pessoa, modéstia à parte, de raros
princípios e valores.
Para isso tive pilares seguros bem presentes. Os meus
pais e restante família foram e são o pilar fundamental. Os meus amigos,
aqueles “poucos” que ficaram da infância até agora. Aqueles que me fazem dar um
significado enorme à palavra “amizade”, que não me permite chamar amigo a
alguém com leveza. E, creio, me ensinaram a devolver a amizade que sempre me
dedicaram. E por fim, o Karate, o meu caminho da vida, o meu equilíbrio para
muitos dos momentos mais difíceis que passei e que me proporcionou dos melhores
momentos que tive até hoje. Uma relação de compromisso, de lealdade, de
sacrifício e de amor, que leva já 25 anos.
Além disso, consegui também sair da minha terra
Natal, estive 12 anos a conhecer outras realidades, outras culturas, outras
línguas, outras pessoas. Saí em busca do sonho de ser o Enfermeiro que sou hoje. Por todos os sítios onde passei creio ter deixado o
melhor de mim e fiquei com o que de melhor me deram. Cresci, sem dúvida alguma,
como pessoa.
Mas sempre tive um sonho e esse era voltar a casa.
Quando menos o esperava surgiu a oportunidade e arrisquei. Larguei um lugar
seguro, como são todos aqueles aos que nos habituámos, que conhecia como as palmas das minhas mãos e que me dava estabilidade. Arrisquei pois, apesar de não
estar insatisfeito, não estava preenchido. Arrisquei e voltei a encontrar-me
comigo mesmo, vendo que antes andava à deriva, com medo de me perder, estando
perdido.
Foi talvez a situação que mais me ensinou uma coisa…os
nossos sonhos não devem depender das pessoas que fazem parte da nossa vida. Se
fosse por aí não teria regressado e não me teria dado hipótese a ser feliz. Devemos
sonhar e ver quais as pessoas que cabem nos nossos sonhos. Nunca ao contrário,
pois arriscamos a ser continuamente infelizes.
Neste momento tenho vários objetivos para a minha
vida, mas apenas dois sonhos por realizar. Quem me conhece sabe bem quais são. E
não vou desistir de os alcançar, sem medo de arriscar, sem medo de sofrer, sem esconder
tudo o que sinto, sem medo de viver.
Dei por mim e a viagem estava a chegar ao fim. Tinha
percorrido os meus sonhos lá bem no céu…agora toca concretizá-los na terra.
Sem comentários:
Enviar um comentário