Durante todas as fases da minha
vida conheci gente nova. Como qualquer pessoa, houve relações que se
fortaleceram e outras que se esmoreceram.
Da minha já longínqua infância,
ficaram muitos colegas, com os quais mantenho algum contacto, mas poucos amigos.
É algo que considero normal, pois ainda era um tempo em que nem todas as
pessoas tinham telemóvel ou e-mail. Por isso houve amizades que perderam força,
não por zangas ou traições, mas apenas por uma ausência a que a ida para a
universidade obrigou (na maior parte dos casos). Claro que ausência por si só
não significa a perda das amizades.
Porém, os 18 anos mais a
experiência da universidade são momentos de grandes mudanças…de personalidade,
de maneira de ser, de ideais. Por isso penso que alguém que conheci antes da
universidade e que voltei a encontrar anos mais tarde, poderá ser praticamente
um desconhecido que necessita de ser redescoberto…e para isso tem que haver
vontade, tempo e interesse de ambas as partes. Claro que me apraz saber algo
dos meus colegas, principalmente se a vida lhes corre como desejam. Foram
amigos num momento importante da minha vida e isso nunca se esquece.
A universidade foi sem dúvida uma
altura de grandes conhecimentos, de afirmação da minha personalidade e dos meus
ideais…e foi um boom a nível de conhecer novas pessoas. Claro que mudamos ao
longo da vida, mas quem me conheceu na universidade sabe que conheceu o mesmo Jorge
de hoje (com um pouco mais de cabelo na altura).
Conheci gente de todos os feitios e
personalidades. Fiz muitos amigos…grandes amizades. E com as novas tecnologias
pensei que a distância não seria problema, pelo menos para manter o contacto.
A verdade é que já passaram cinco
anos e meio desde que acabei o curso e, de ano para ano, muitas dessas amizades
que pensei que fossem para sempre, pura e simplesmente deixam de existir.
Não culpo a distância, pois essa
não serviu para afastar as verdadeiras amizades. Também não culpo as pessoas. A
amizade é algo que tem que ser pretendido por ambas as partes. Quando uma das partes
tem que sustê-la sozinha, chega um dia e cansa. Creio ter sido o que aconteceu
ou vai acontecendo comigo. Quem me conhece sabe que não abandono uma amizade,
luto por elas, mas chega uma altura (sim, pode ser de um dia para o outro), que
me canso e desligo. Nesse sentido, às tantas a culpa é minha, mas se há coisa
que aprendi estes anos todos, foi a deixar ir as pessoas, a não impor a minha
presença.
Contam aquelas pessoas que ficam.
As que nos querem nas suas vidas. De todos os amigos da universidade, restam
poucos. Não direi poucos…os necessários. Quando tomo a decisão de chamar amigo
(a) a alguém, é algo que não o faço com leveza. E não é o tempo que passo com
as pessoas que determina isso. Há pessoas que conheci durante poucos meses e
ficaram amigos para sempre, outras que levo conhecendo há muito mais tempo e
sei que nunca o serão. Há pessoas com as quais apenas consigo manter contacto
mais constante através da internet, mas mantenho-o. E no dia em que volto a
estar cara a cara com essas mesmas pessoas, é como se as tivesse visto no dia
anterior. Alegria imensa, confiança igual ou maior. Não preciso de as ver nem
falar com elas todos os dias. O que me aportam nos momentos em que estamos
juntos é de valor tal que apenas lhes posso dizer um sincero “obrigado”.
Obrigado por me fazerem acreditar na amizade e lhe dar o valor que dou.
Estes amigos, ajudam-me a manter o
equilíbrio, quer nos bons, quer nos maus momentos. E acima de tudo e prova do
quanto me querem…são sinceros. A sinceridade é a maior prova de confiança e
lealdade que se pode ter numa amizade. Nem sempre o que quero ouvir é o melhor
para mim.
Apesar de tudo o que disse, gosto
de conhecer novas pessoas, fazer novas amizades. Sempre na esperança que perdurem
para a vida. A única condição? Que o façam de livre e espontânea vontade.
Comecei a ouvir esta canção
recentemente e diz muito de como me sinto...sentimento extrapolado no Natal. Do
que sinto ao não ter os meus grandes amigos ao pé de casa. Amigos e família. Reafirmo,
tudo farei ao meu alcance para estar junto a estas pessoas quando mais precisem
de mim.
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