Utopicamente falando, o ideal seria
ter um hospital à porta de cada cidadão ou, para não ir tão longe, um em cada
cidade, vila ou aldeia. Eu sei disso, isso é o que todos queremos, eu ainda
mais pois talvez assim tivesse trabalho no meu país.
Desde há uns tempos fala-se na
passagem de vários hospitais para a Misericórdia, o que tem provocado muita
celeuma. Falarei apenas da questão do de Fafe, ou da falsa questão, porque é a
cidade onde nasci, é a minha terra natal. E apesar de ir a Fafe mais ou menos
de 15 em 15 dias, conheço um pouco a realidade do hospital. Tem uma urgência
básica, creio que uma ala de internamento de medicina e outra ala de
internamento de cuidados continuados. Desconheço se ainda se opera lá. E a
revolta das pessoas, pelo que me apercebo, está em que o hospital com esta
mudança possa vir a perder valências. Pensando eu com os meus botões, acho que
se mudassem o hospital apenas de local, mesmo dentro de Fafe, iria sempre
provocar manifestações em contra.
Argumenta-se que faz falta uma
urgência em Fafe, quer para servir as gentes do concelho, quer para servir as
gentes de Basto (Celorico, Mondim e Cabeceiras), salvaguardando a segurança
destas, porque senão teriam que ir para Guimarães, que fica longe! Serei eu o
único a ver a incongruência deste argumento?
Pois bem, na minha análise de senso
comum, as urgências do hospital seriam facilmente substituídas por umas
urgências de centro de saúde, até porque as urgências mais emergentes, são
encaminhadas para outros hospitais. Os problemas que resolvem um e outro serão
idênticos, umas gripes, umas constipações, umas dores de cabeça, umas dores de
dentes etc. Voltamos à velha questão…não admira que faça falta urgências,
devido ao mau uso que delas se faz. Meus amigos, isto já não são falta de
recursos humanos e materiais, é questão de civismo e educação social.
Quanto ao outro argumento, de
solidariedade com as pobres gentes de Basto, faço uma pergunta…nós temos Guimarães,
com Hospital a sério, a 10/15 minutos. Os de Basto, a quanto têm? Não é ter um
hospital em Fafe que lhes dará grande apoio, por pouco mais de tempo chegam a Guimarães.
O que lhes daria um grande apoio era terem um hospital de verdade nas terras
de Basto, não acham? Se somos assim tão solidários, manifestemo-nos, isso sim,
a favor da construção de um naquela zona. Se acham que aquela gente fica bem
servida com um hospital em Fafe, ficaremos nós ainda melhor…um na zona de Basto
e outro em Guimarães! Seríamos uns sortudos!
Tendo em conta a realidade
portuguesa e europeia, defendo a continuidade da instituição aberta, isso sim,
como unidade de cuidados continuados, algo que já vem sendo feito neste
hospital. Além de ser algo muito em falta, ajuda a libertar camas dos hospitais
de verdade de doentes que não necessitam de lá estar, mas que também ainda não
estão prontos para ir para casa. Camas que podem fazer realmente falta para
outros doentes. Além que uma noite de internamento num hospital é muito mais
cara que numa unidade de cuidados continuados. Não estamos nós em crise?
Respeito quem defende a
continuidade do hospital como está, mas não concordo com os argumentos
apresentados. São falsos argumentos. Esta é uma reivindicação de querer por
querer, de hábito, sem fundamento algum…quantos dos que se manifestam a favor
da manutenção do hospital, quando têm algum problema vão a correr a Guimarães ou
ao privado? Aí já não serve? Já não é útil ter o hospital perto de casa? Para
muitos o Hospital serve como tema de debate e para aparecer em manifestações,
para outros serve para as campanhas eleitorais…se bem que duvido que os
políticos da terra façam muito uso dele.
Podem-me acusar de ser menos da
terra por defender isto. Quem o dirá serão certamente mentes cerradas,
hipócritas em que Fafe é o centro do mundo e eles querem ser figura de destaque
nesse mundo. Estou farto de em Fafe governar a política do “Se não estás
comigo, estás contra mim”, numa ditadura intelectual que se diz democrática.
Nasci em Fafe, vivi em Fafe até aos
18 anos, vou lá regularmente e represento o nome de Fafe. Quero que Fafe cresça
e evolua como qualquer fafense. Posso é ter uma ideia de evolução um pouco
diferente da de muitos que nunca saíram de Fafe ou que já estão acostumados ao
que têm.
Preocupem-se com coisas
verdadeiramente importantes e deixem-se de egocentrismos disfarçados. Podem
querer um hospital em Fafe…mas sejam sinceros no que pedem, não é por
necessidade de ninguém, é simplesmente por comodismo!
Onde é que se põe um "gosto" disto?
ResponderEliminarassinado
Fernando Pereira
A última vez que fui ao Hospital de Fafe, foi por indicação da linha 24. Os meus sintomas encaixavam em vários causas entre as quais ataque cardiaco.
ResponderEliminarA linha 24 confirmou que eu podia ser levado para o Hospital de Fafe e indicou que o Hospital de Fafe já estaria à minha espera quando eu ali chegasse.
Só 20 minutos depois de eu ter entrado no Hospital é que uma besta que supostamente está a fazer o atendimento é que apareceu junto de mim e disse:
"realmente estava ali um fax a avisar que voçê vinha"
Perante isto, eu estou-me bem a cagar para o Hospital de Fafe...
Um Hospital que põe a máquina de fax num gabinete onde não está ninguém, e a mesma máquina de fax é usada para estas situações...não pode ter o meu avalo para continuar a gastar o dinheiro escasso, e brincar com a saúde/vida dos utentes.
José Alexandre Fernandes
Nascido no Hospital de Fafe há quase 30 anos.