Muito se fala na busca da
felicidade, nos árduos caminhos na procura de um estado permanente para o resto
da vida. E é pensar na felicidade como algo que pode ser permanente, nessa
perigosa ilusão, que nos leva ao perigoso limbo do abismo.
De um modo geral, a vida é um
contínuo (e porque não, cíclico?) equilíbrio entre felicidade e infelicidade,
de momentos de alegria e de tristeza. Creio que apenas podem escapar a este
ciclo aquelas pessoas sem preocupações, sem compromissos, sem laços, aqueles
que eu costumo chamar de tontos alegres. Uma vida sem objetivos (não falo de um
plano rigoroso), no fundo, uma vida do tipo “andar aqui por ver andar os outros”,
pode ser uma vida que permita essa felicidade eterna a quem nada dela exige.
Pois a infelicidade vem da exigência que colocámos em nós em relação aos outros
e também nos outros em relação a nós.
Um estudante depende das notas para
ser feliz, um atleta dos resultados das competições, um pai do sucesso do
filho, um filho do bem do pai…apenas e só, se houver compromissos ou laços
criados. Quem não os tem, pode conseguir a felicidade contínua.
Por isso às vezes gostava de ser um
desses tontos. Mas depois penso um pouco mais e a pessoa que sou não teria
sentido de ser sem tudo aquilo que me pode levar ao risco da infelicidade…os
laços com as pessoas que mais quero, o compromisso que tenho com a minha
profissão, a responsabilidade que tenho em várias outras vertentes da vida.
Podemos ser felizes sendo tontos,
mas creio que só poderemos dar valor à felicidade que conseguimos se houver
algum risco/esforço na sua obtenção.
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