Começo por referir que o Natal dos Hospitais
é diferente do Natal nos Hospitais. Um aparenta festa, música e alegria, o
outro a realidade. Por muito que se diga, por muito que possamos fazer, ninguém
gosta de passar esta noite num hospital.
Pode haver até doentes que ao
passar o Natal num hospital têm um Natal um pouco melhor do que costumam ter
(pessoas sem família ou de família destruturada, sem condições em casa ou sem
tecto), mas nunca será uma noite de alegria.
Por muito que os profissionais
tentem amenizar a tristeza que se vê nos olhos de quem cuidam, permanece sempre
uma sensação de vazio. Neles e em nós. Ver doentes que manifestam o desejo de
ir a casa e não podem, ver familiares que gostavam de ter os seus consigo e não
podem. Tudo isto contraria o espírito que reina por estes dias. Na rua, em
casa, nas redes sociais e, em alguns casos, dentro de nós mesmos.
Claro que sei o difícil que é para
maioria dos profissionais abdicarem desta noite que devia ser com os seus, para
se dedicarem a outros. Se há noite que me custa trabalhar é a da véspera de
Natal, mas quando me toca, olho para tudo o que tenho e para o que vou perder e
olho para o que aqueles de quem ajudo a cuidar têm e vão perder. Apercebo-me
que queixar-me é contrariar tudo o que defendo nesta época...e porque não, o
que defendo para todo o ano.
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