Cheguei, entro na casa e vejo as tuas sombras ocultas
detrás de corpos gigantes. Sem te ver, senti a tua fragilidade, a tua
dependência, o teu encanto.
Eras o centro das atenções e, sem surpresa alguma,
dominaste a minha atenção também.
Os teus olhos inocentes hipnotizaram-me.
O toque suave da tua pele seduziu-me.
O teu sorriso sincero derreteu-me.
Depois de andares dum lado para o outro vieste ter
aos meus braços. Sentir o teu calor, o teu cheiro ou a tua força ao apertar-me
o dedo da mão…fez-me sentir em paz, uma paz que já provei outras vezes, mas que
já não acontecia há uns tempos. Sabes pequeno, não te conhecia, mas podia estar
ali toda a noite contigo ao meu colo.
Fizeste avivar aquele desejo, sonho ou vontade enorme
que tenho aos anos e que nunca neguei, o ser pai. Se senti algo assim contigo,
é impossível imaginar o que sentirei um dia ao sentir o calor, o cheiro, o
sorriso, o respirar ou a força de um filho meu.
Obrigado por aquele breve momento que durou o resto
da noite. Fizeste-me ganhar o dia.
Provavelmente não sabias, mas eu nada procurava antes
de ti. Eu vivia feliz com a minha vida, dela não desejava nada mais, dela não
esperava nada mais. Sentia-me preenchido, sentia-me realizado, sentia que tinha
tudo o que precisava.
Foi então que surgiste do nada, naquela mesa de café,
no meio de tanta cara desconhecida, foi a tua que me captou todos os sentidos.
Foram-me todos apresentados, só o teu nome fixei.
Foi nesse dia que percebi que vivia num vazio
camuflado de tudo, foi, ao conhecer-te, que vi o deserto que existia na minha
vida. Entraste nela sem pedires licença e desorganizaste todo o meu interior...que continuas a desorganizar a cada passagem, qual furacão!
Percebi que era um espaço à espera, à espera de ser
preenchido pelo que de mais maravilhoso existe no mundo…amor.
Sei que tudo o que sinto provavelmente nada significa
para ti, sei que todo o turbilhão de emoções que vibra dentro de mim de cada
vez que te vejo esbarra no muro que ergueste. Há vozes que dizem que posso (me)
perder, porém eu acho que nada tenho a perder, poderei, isso sim, ter tudo a
ganhar. Nunca podemos perder o que nunca foi nosso, o que nunca tivemos. Muitas
vezes surgiu a dúvida se me iria arrepender de não ter travado isto, de não ter
dado meia volta à primeira oportunidade, de não te ter esquecido, de não te ter
impedido de ter o papel principal …diria a razão que sim.
Mas sabes, diz o coração (e eu ouço muito o que ele diz) que não…não me arrependo. Acho
que andamos neste mundo para nos apaixonarmos, para amarmos, para sentir o que
de melhor a vida tem para nos dar. Não andamos aqui para termos e sermos copos
meio cheios. Claro que o melhor que poderei alcançar é o teu amor, mas não
posso negar que ter-me apaixonado por ti foi o melhor que me aconteceu este
ano. Mesmo sendo uma incógnita o dia de amanhã, agradeço-te que, naquele dia,
tenhas entrado na minha vida, que me tenhas permitido (sem saberes) voltar a sentir algo que
sentia apagado, algo no qual andava descrente, algo que eu já duvidava que
algum dia voltaria a sentir.
Sempre fui dos que disse que amor só é possível
quando são dois a amar. Não podia estar mais enganado ou então não sei que
sentimento é este de querer alguém mais do que quero a mim mesmo.
Amar alguém nunca deve ser sinónimo de vergonha,
muito pelo contrário, deve ser sinónimo de orgulho, quando tal sentimento é
verdadeiro. Assumo, sem medo e com confiança, a responsabilidade do que sinto
por ti, sentimento esse que não procuro esconder, mesmo que ninguém saiba quem
és. Sentimento esse que espero que seja capaz de derrubar muros e construir
pontes e um dia te faça dar-me a mão. Poderei não ter capacidade para o
conseguir, poderei não ser pessoa que aches que mereces, mas um dia certeza
terei que tentei…tentei…tentei. Será o suficiente para dizer que nunca
lamentarei o amor pelo qual lutei.
Peço desculpa por usar o teu nome neste espaço tão
meu, mas se há pessoa que o merece és tu. Foste aquela pessoa que, desde o
início da nossa relação, sempre me deu o que eu acho que mereço. Mesmo que numa
primeira fase não soubesses o que eu era, a partir do momento em que ganhaste
consciência disso, fizeste-me sentir o melhor padrinho do mundo.
Sei que devia de ser ao contrário, mas se há alguém
que sempre me acarinhou, que sempre me fez sentir especial, esse alguém foste tu.
Sabes, sinto-me nostálgico…de segurar-te nos meus
braços e, ao mesmo tempo, de te ter abraçada a mim. Quando o fazias era
incrível como um ser tão pequeno me podia fazer sentir tão único.
Nasceste linda, cresceste magnífica e tornaste-te
numa bela mulher. Por muito que me possa apaixonar ou amar nesta vida, tu terás
sempre o privilégio de teres sido o meu primeiro grande amor…aquele pelo qual viverei
eternamente apaixonado, num amor sem limites.
Mesmo estando mais perto, devido à profissão que
abracei, não me será possível estar contigo. Adoro o que faço e sei que implica
perder alguns momentos como estes, mas podes ter a certeza que me faz dar mais
valor a todo
e qualquer minuto que passo contigo.
Neste dia marcante na minha e na tua vida, desejo-te
apenas que continues a ser aquela menina feliz, alegre e encantadora que sempre
foste e que me conquistou desde o primeiro minuto. Que tenhas um feliz
aniversário minha Princesa.
Estávamos os dois no meio duma multidão de corpos,
todos a mexerem-se ao som da música e a visão enublada pelo fumo sufocante.
Fechei os olhos uns segundos e, inexplicavelmente, ficamos, eu e tu, frente a
frente.
O meu coração pareceu reanimado, a bater forte, bem
forte, rápido, muito rápido. Recebi uma espécie de choque que percorreu todo o
meu corpo, um choque anestesiante. Podia sentir o teu calor, o teu aroma, a tua
presença…não sentia nada mais, não havia nada mais.
Os meus olhos foram hipnotizados ao ver o teu vulto
num baile gracioso, como se fosses uma serpente encantada. Os meus braços e
pernas limitavam-se a oscilar inconscientemente, comigo a contemplar-te, como
se fosses o centro do Universo!
Cada vez mais perto, os teus dedos tocaram nos meus,
ou terão sido os meus a tocar nos teus, não sei bem. Ganhei coragem, da mais
difícil de conseguir, prendi delicadamente a tua mão na minha, aproximamos-nos,
e ao mesmo tempo que te envolvia de forma suave pela cinta, pousavas a tua mão
no meu peito.
O tempo parou nesse momento. Segurava nos meus braços
o tesouro mais precioso do meu mundo. Dois corpos a dançarem ao som da música,
numa sintonia harmoniosa. Dois corações a baterem sincronizadamente, dois
olhares encontrados, os dedos finalmente entrelaçados. Senti-me um Príncipe a dançar com a minha Princesa.
De repente acordei deste torpor inebriante e vi-te,
distante de mim, naquele meio metro imenso que nos separava. Continuavas a
dançar, continuavas encantadora como sempre, continuavas a dominar o meu
ser…mas já não estávamos sós, voltávamos a estar rodeados de figuras anónimas.
Talvez tenha fechado os olhos apenas por uns segundos, mas foram segundos em
que te senti perto de mim, em que te tive nos meus braços, em que fui o homem
mais feliz. Não sei se foi sonho ou imaginação, talvez os dois, mas tocaste-me
sem me tocar.
Depois dum sonho bom, fica sempre a sensação de vazio
por se tratar disso mesmo, dum sonho, mas desta vez não ficou. Ficou, isso sim,
a esperança que um dia sejas a mulher que embale nos meus braços, naquela que
será a dança perfeita.
Recentemente, uma amiga disse-me que o romantismo com
que tenho escrito os últimos textos deveria contagiar-se a outras pessoas. Ao
que respondi “Acho que falta romantismo ao mundo R.”
Não me querendo apelidar de romântico, terão que ser
outras pessoas a dizê-lo, explico o que quis dizer quando digo que o romantismo
está em vias de extinção. E não falo apenas do que se refere a questões do
“coração”. Também, mas não só.
Antes de mais, para mim romantismo tem a ver com
paixão. Só existe romantismo se existir paixão e esta precisa do romantismo
para sobreviver.
Falando de relações, é algo que tem vindo a perder-se
simplesmente por um motivo. A conquista hoje em dia é algo muito fácil (eu sou
sempre a excepção que confirma a regra), as paixões são breves e passageiras,
tendendo a acabar quando se enfrentam as primeiras dificuldades. Há dificuldade
e falta de vontade em cimentar laços e em construir amores duradouros, só
possível, a meu ver, se o romantismo mantiver acesa a paixão ao longo dos anos.
Mas, para mim, a maior falta de romantismo revela-se
no dia-a-dia, em tudo o que fazemos. Nos trabalhos, no lazer, nas relações
diárias, no fundo, em todos os aspectos da nossa vida. Quantos de nós vão
apenas trabalhar por obrigação? Quantos de nós fazem apenas o que têm que fazer
no trabalho e nada mais? Quantos de nós dizem gostar do que fazem, mas depois
nos locais de trabalho mostram-se poucos disponíveis para colegas ou clientes
(no meu caso utentes) ou estão sempre a contar o tempo para sair? Quantos de
nós vão para um treino e estão à espera que a hora do treino acabe? Quantos de
nós vão tomar cafés com os amigos e estão a contar o tempo para ir para casa?
Claro que o facto de vivermos tempos conturbados não ajuda, mas não podemos perder
a paixão que nos deve guiar.
Eu não sei se sou romântico ou não. Agora sei que
apenas concebo viver de uma maneira. Apaixonado…pelas pessoas e pelo que faço.
É tão bom estarmos com alguém ou a fazer alguma coisa e não darmos pelo passar
do tempo, mas isto só é possível se estivermos involucrados em sermos e
querermos ser apaixonados.
Um dia disse a uma pessoa amiga que não era nenhum
Cristiano Ronaldo, mas que queria deixar a minha marca nas pessoas. Felizmente,
quer na minha profissão com os meus doentes, quer no Karate com os “meus”
meninos, tenho a possibilidade de o fazer. Esperando também ir marcando outras
pessoas no decurso da vida.
Sei que é uma visão romântica de viver, mas não digo
que seja fácil. Acredito, isso sim, que de coração cheio é muito mais fácil
enfrentar as adversidades.
Eu sei que deveria dizer que és perfeita, aquela
princesa com que sempre sonhei desde que comecei a pensar nestas coisas. Eu
sei, mas como começar alguma coisa com uma mentira?
Deixa que te diga, de forma fria e insensível, tu não
és perfeita e soube-o desde o dia em que te conheci.
Não serás a mulher mais bela do mundo e até poderás
nem ter um corpo escultural, daquelas que fazem o trânsito parar, mas foi a tua
beleza que tornou insignificante a beleza de todas as outras e que acelera o
meu coração de cada vez que te vejo.
Não terás, porventura, o sorriso mais encantador do
mundo, mas tens aquele que me encanta todos os dias e que faço tudo para que domine
as tuas feições.
Nãos tens os olhos mais cristalinos do mundo, mas são
eles que prendem o meu olhar, que me fazem vaguear no imaginário do que eles vêem!
Não és uma mulher sem problemas ou preocupações, mas
és uma mulher terrena e de carácter.
Não terás sempre dias bons, terás dias de maior
cansaço, com mau feitio e teimosia, mas são os dias em que provarás a minha
paciência. É o teu mau humor que quero aturar e o de mais ninguém.
Não serás uma mulher de sonho, mas és a que habita os
meus todas as noites!
Como podes ver não és perfeita e eu sei disso, mas descobri
o tamanho do que sinto por ti no dia em que percebi que tens o fascínio
perfeito da imperfeição!
Desde há algum tempo que descobri que, mais do que os
lugares, o que realmente conta são as pessoas com quem estamos. Podemos estar
no sítio mais agradável do mundo e passar uma má experiência como podemos estar
no pior sítio do mundo e a experiência ser amenizada com a companhia que temos.
Compreendo quando as pessoas dizem que não gostam de
voltar a sítios onde já foram. Sei que há muito mundo por descobrir e pouco
tempo para o fazer. Porém, um sítio visitado com pessoas diferentes em
contextos diferentes, automaticamente, torna-se uma experiência distinta.
Já visitei e adorei Barcelona, Roma, Veneza, Florença
ou Paris, mas admito que são cidades às quais, pelo seu encanto, gostaria de
voltar em outra circunstância.
Estes dias revisitei Lisboa com um grupo de pessoas
que, na sua maioria, entraram na minha vida relativamente há pouco tempo.
Voltei a locais aos quais já tinha ido, vi outros que ainda não vira, mas posso
dizer que foi uma experiência completamente diferente de todas as outras. Tudo
devido ao grupo no qual estava inserido, sempre com a boa disposição a dominar.
Há pessoas que nos acrescentam alguma coisa e depois
há as outras. Há pessoas em que o tempo despendido com elas não é tempo perdido
e que merecem a nossa atenção Há pessoas que nos fazem viver e sentir vivos…pessoas
que, simplesmente, valem a pena!