Recentemente, uma amiga disse-me que o romantismo com
que tenho escrito os últimos textos deveria contagiar-se a outras pessoas. Ao
que respondi “Acho que falta romantismo ao mundo R.”
Não me querendo apelidar de romântico, terão que ser
outras pessoas a dizê-lo, explico o que quis dizer quando digo que o romantismo
está em vias de extinção. E não falo apenas do que se refere a questões do
“coração”. Também, mas não só.
Antes de mais, para mim romantismo tem a ver com
paixão. Só existe romantismo se existir paixão e esta precisa do romantismo
para sobreviver.
Falando de relações, é algo que tem vindo a perder-se
simplesmente por um motivo. A conquista hoje em dia é algo muito fácil (eu sou
sempre a excepção que confirma a regra), as paixões são breves e passageiras,
tendendo a acabar quando se enfrentam as primeiras dificuldades. Há dificuldade
e falta de vontade em cimentar laços e em construir amores duradouros, só
possível, a meu ver, se o romantismo mantiver acesa a paixão ao longo dos anos.
Mas, para mim, a maior falta de romantismo revela-se
no dia-a-dia, em tudo o que fazemos. Nos trabalhos, no lazer, nas relações
diárias, no fundo, em todos os aspectos da nossa vida. Quantos de nós vão
apenas trabalhar por obrigação? Quantos de nós fazem apenas o que têm que fazer
no trabalho e nada mais? Quantos de nós dizem gostar do que fazem, mas depois
nos locais de trabalho mostram-se poucos disponíveis para colegas ou clientes
(no meu caso utentes) ou estão sempre a contar o tempo para sair? Quantos de
nós vão para um treino e estão à espera que a hora do treino acabe? Quantos de
nós vão tomar cafés com os amigos e estão a contar o tempo para ir para casa?
Claro que o facto de vivermos tempos conturbados não ajuda, mas não podemos perder
a paixão que nos deve guiar.
Eu não sei se sou romântico ou não. Agora sei que
apenas concebo viver de uma maneira. Apaixonado…pelas pessoas e pelo que faço.
É tão bom estarmos com alguém ou a fazer alguma coisa e não darmos pelo passar
do tempo, mas isto só é possível se estivermos involucrados em sermos e
querermos ser apaixonados.
Um dia disse a uma pessoa amiga que não era nenhum
Cristiano Ronaldo, mas que queria deixar a minha marca nas pessoas. Felizmente,
quer na minha profissão com os meus doentes, quer no Karate com os “meus”
meninos, tenho a possibilidade de o fazer. Esperando também ir marcando outras
pessoas no decurso da vida.
Sei que é uma visão romântica de viver, mas não digo
que seja fácil. Acredito, isso sim, que de coração cheio é muito mais fácil
enfrentar as adversidades.
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