terça-feira, 30 de abril de 2013

Se o arrependimento matasse!


Estou na fila da caixa de um supermercado da minha terrinha, avanço para a minha vez e efetuo o pagamento. Como sou uma pessoa observadora e que confia nos demais, não me ponho a olhar para a máquina registadora (basta observar posteriormente o ticket) e prefiro observar o que me rodeia.
Ao receber o troco constato que havia pago uma verba bem inferior à conta que eu tinha feito mentalmente (tenho o hábito de ir fazendo as contas ao que gasto à medida que encho o carro ou cesta). Com toda a inocência e boa vontade, pergunto à menina da caixa (que tinha na sua posse um cartão e não sei quantos tickets) se não se havia enganado e de quem era aquele cartão e tickets! Ao que ela me questiona incredulamente “Não são seus?”
Dito isto, escuto a senhora estava atrás de mim na fila dizer para a menina “Obviamente são meus, o senhor bem sabia que não tinha cupões de desconto!” Ou seja, a senhora, que estava atrás de mim na fila, colocou os cupões em cima da caixa, quando a menina da caixa ainda estava a registar as minhas coisas, viu a menina da caixa a usá-los e não disse nada, ficando à espera de soltar aquela afirmação venenosa.
Ora bem, respirei fundo e pensei cá para os meus botões…”Haverá maneira possível de argumentar com uma pessoa que ainda não descobriu que o neurónio que tem serve para pensar e que desconhece as normas de viver em sociedade?” Decidi-me apenas por dizer à rapariga da caixa para voltar a fazer as contas e despedi-me amavelmente.
Não sou de me arrepender do que faço, mas ontem arrependi-me. Arrependi-me de ter sido boa pessoa! Devia ter feito como muitos chicos espertos, recebia o troco e pisgava-me. Gente desta é o que merece!

quinta-feira, 25 de abril de 2013

A violação do 25 de Abril de 1974!


Acordo hoje em Espanha, neste “nosso” 25 de Abril, de todos os portugueses, vivido por poucos, sentido por muitos…ouvindo “Grândola Vila Morena”.
Já lá vão 39 anos, 39 anos de uma pseudo liberdade. Vivemos numa falácia política, em que só acredita que é livre quem vive obcecado pelas cores e ideais partidários (fictícios hoje em dia). Uma ideia construída e trabalhada por aqueles que rodam sistematicamente a cadeira do poder desde então. Nenhum inocente, todos culpados. Salazar numa coisa teve mais valor do que esta gente, assumiu o que era, um ditador que fazia tudo para manter a lei e ordem no país.
Hoje os ditadores escondem-se atrás de sorrisos e a sua “lei e ordem” é mantida através de um sistema corrupto e de lóbis.
O problema é que, ao contrário do que se passou com os revolucionários do 25 de abril de 1974, nós não estamos preparados para pegar em armas. Porquê? Os nossos pais e avós cresceram com a certeza da realidade em que viviam. Eram prisioneiros do seu próprio país. Para sair dele tinham que sair às escondidas. Não podiam dizer mal de quem governava. Eram, muitos deles, analfabetos ou com pouca escolarização.
E nós? Nós crescemos e vivemos na ilusão. Somos livres! Podemos votar! Podemos escrever a dizer mal de quem governa! (será mesmo assim?) Somos uma geração de super intelectuais que fazem cursos atrás de cursos, mestrados, doutoramentos, pós graduações, apesar de muitos não saberem sequer escrever uma linha sem dar um erro ortográfico, nem têm trabalho para aplicar a vasta gama de conhecimentos adquiridos. Mas hoje isso não interessa, a experiência ganha-se com cursos, não com trabalho na área, não é assim? Seguindo o raciocínio anterior, a nós até nos convidam a abandonar o país, porque lá fora é que se está bem! Engrandecemos e damos medalhas aos heróis de abril, que uma vez por ano são chamados a público! Concluindo, somos livres.
Não tenho dúvidas que para os fundadores deste novo regime, o 25 de Abril foi um êxito (todos eles grandes pensadores, já que em terra de cegos quem tem um olho é rei). Todos eles fizeram carreira política e enriqueceram à custa dela. Criaram um sistema para si e para os seus. Quem lá entra tem a certeza que não sai pior do que estava. Reina a corrupção e os jogos de interesses (ou serão a mesma coisa?) e cada ano que passa sobre esta significativa efeméride, o seu significado perde valor ao ser violado e corrompido de forma sistemática!
Eu vejo o 25 Abril de 1974, em primeiro lugar, como um acto de coragem de poucos e, em segundo lugar, como um acto de aproveitamento de muitos.
Tenho um sonho…que a minha geração tivesse a força de vontade de pegar em armas! Mas não tem! Meteram-nos um chip a dizer que assim é que é bom, assim é que é justo, sério e correcto…e mais absurdo, normal! Resta-nos esperar que as futuras gerações não cresçam a achar que favores e corrupção são meios válidos e normais para atingir os fins. Que não se escondam na desculpa do “se os outros fazem, fazemos também!” Resta ter a esperança de um novo 25 de Abril feito por gente capaz e séria!
Hoje também é dia de recordar quem perdi sem nunca ter tido, imaginar quem nunca conheci…

Deixo aqui uma nova versão da música que tem corrido o mundo, na esperança de uma nova revolução!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Falsa notícia...


Lamento, de uma forma geral, sempre a perda de uma vida. As dos soldados da paz, que morrem em serviço, dando a sua vida pela causa, ainda mais.
Contudo, não convém transformar notícias em falsas notícias, no aproveitamento de uma fatalidade, para fazer aparecer o nome da terrinha no jornal. Eu gosto que Fafe seja falado, mas na divulgação da sua cultura e tradição, como aconteceu ainda ontem no Portugal no Coração, ou ainda recentemente através de toda a cobertura nacional e mundial que teve a prova do WRC. Não gosto, nem me dá especial vontade de dizer “olha Fafe no jornal”, por causa de roubos, mortes ou desabamentos que cortam estradas.
Ontem faleceu um bombeiro em circunstâncias que tanto pode morrer um médico, um empregado de supermercado ou qualquer outra pessoa, quando as normas do bom senso são postas de lado. A Corporação de Bombeiros comemora este ano, se não me engano, o seu 123ª aniversário. O senhor foi lançar fogo-de-artifício e, por azar ou falta de competências para o fazer, um deles acabou por lhe tirar a vida (isto supondo que o senhor não trabalhava na área da pirotecnia). Foi noticiado, pelos vistos quase a pedido de uma pessoa, "Bombeiro de Fafe morreu ao lançar fogo-de-artifício"!
Hoje em dia pensamos, de uma forma geral, que somos polifacetados, que sabemos fazer tudo, só porque o “tudo” se encontra à venda em qualquer sítio, ao alcance de qualquer um. Imaginemos que medicamentos somente permitidos com receita médica passavam a estar ao dispor da vontade do freguês…bem, nem quero imaginar no que sucederia.
Quanto ao fogo-de-artifício, sempre lhe tive muito respeito. Gosto de ver, mas em local seguro. O risco de o lançar ou preparar deve estar puramente estrito aos profissionais do ramo. É mais caro, ok, mas os luxos pagam-se (se hoje em dia não é visto como um luxo é devido a banalização de estar à venda em qualquer sítio). Mas é para isso que eles trabalham e aprendem. Tal como os bombeiros aprendem a combater fogos, que acredito que tenha mais de científico e de estudo do que aparenta. Não sejamos arrogantes ao ponto de pensarmos que podemos e sabemos fazer tudo.
Não concordo que se noticie com títulos gordos “morre bombeiro”. Dá a falsa e heroica sensação que foi em ação, em serviço. Não foi, foi num acidente em que foi vítima de si mesmo. O mesmo caso dos soldados portugueses que morreram há uns anos quando brincavam com engenhos explosivos, apesar de estes supostamente estarem aptos e peritos na matéria. Quando morre alguém num acidente, se é noticiado, identifica-se primeiro a pessoa, a localidade e depois a profissão e etc. Falando no caso da minha profissão, só aceitaria um título destes se um colega falecesse no exercício das suas funções.
Sei que pretender que seja notícia é para honrar, de certa maneira, a pessoa. Mas a nobreza da honra está na verdade.
Apesar desta minha visão, às tantas um pouco fria, da situação, lamento a morte do senhor. As minhas condolências à família e à corporação.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Yo te regalo el ultimo soplo de mi corazón!"

Porque nunca saberemos se podemos ser as próximas vítimas...
Que não fique nada por dizer...
Que não fique nada por fazer...
Que não fique nada por sentir...
Que não fique nada por viver!

Merda para isto...pertencemos todos ao mesmo mundo!


Atentado à bomba na maratona de Boston…
Que significado pode ter um assassínio de pessoas inocentes? Acto de violência gratuita, injustificável, quer por crenças religiosas, quer por ideais políticos.
Sou contra o terrorismo. Por exemplo, Xanana Gusmão também foi considerado por muitos um terrorista. Graças a Portugal, que conseguiu mostrar ao mundo a causa dos seus actos, tornou-se um dos heróis da história de Timor e, quem sabe, do mundo. Mas que eu saiba não andou a espalhar bombas pela Indonésia.
Agora, o que ocorreu em Boston…que explicação? Que significado pode ter? Que causa servirá de bandeira a tão infame atentado?
Sou sincero, tenho medo de viver neste mundo de loucos em que o valor da vida humana vale menos, muito menos, que um punhado de dólares (ou euros). Um filho vai receber o pai à meta da prova em que este participava e, quer um quer outro, veem os seus sonhos, o seu futuro, esfumar-se no barulho e chamas das explosões.
Somos livres num mundo cada vez mais tolhido pelo medo, pelo terror. Já não bastava a grave crise económica mundial, ainda temos que aguentar com atentados destes e bluffs (mas que têm que ser levados em conta) de desastres nucleares!
Já me chega lidar no meu dia-a-dia com doenças que, sendo algo que acaba por ser natural no curso da vida, também vão destruindo sonhos de muita gente. Não eram precisos cobardes que fazem o que fazem sobre anonimato e em nome de algo que algum iluminado inventou.
Ontem tive uma sensação de dejá vu, lembrando-me do 11 de Setembro nos EUA e do 11 de Março em Espanha. Porque as 2 ou 3 vidas que se perderam ontem, apesar do menor impacto, têm a mesma importância dos milhares que morreram nos outros dois atentados.
É o ser humano no seu pior, é a humanidade a semear o seu fim…


terça-feira, 9 de abril de 2013

Pessoas que nunca partem…



Lembranças, saudades, sentimentos…são a força maior que não deixa sair da nossa mente e coração quem já partiu.
Eu não conto os anos que passam desde esses tristes dias. Não sei se partiram há 1, 2, 3 ou 10 anos…Para mim, foi ainda ontem que estive a falar com essas pessoas, que tanto me dizem.
Fizeram parte do meu crescimento e a sua presença sente-se na pessoa que sou no dia-a-dia. São parte de mim, deram-me muito (por pouco que às vezes possa parecer) e a sua ausência levou uma parte de mim.
Hoje relembro com especial carinho uma dessas pessoas. Uma pessoa por quem sempre tive uma inexplicável admiração e um respeito absoluto. Um exemplo de dignidade e perseverança na sua luta final.
Não digo que este meu tio tinha um tratamento diferente comigo do que com o resto dos sobrinhos. Não o sei, nem isso me interessa. O que sei é que me fazia sentir diferente, no bom sentido.
Como se costuma dizer, não interessa a quantidade de tempo que passamos com alguém, mas sim a qualidade…por tudo isto, hoje é um dia de recordações…só de boas recordações.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Visita...


Disse-me alguém uma vez que existem várias maneiras de viver uma amizade. E eu concordo plenamente com isso.
Podemos e devemos chamar amigo apenas a alguém que conviveu connosco muitos anos? Não o acho. A “M” é um caso desses. Conheci-a através de uma rede social e, apesar de estarmos poucas vezes juntos, também devido a motivos profissionais, mantemos um contacto regular.
É uma pessoa que devagar e com o passar do tempo pude chamar de amiga. É uma pessoa que, neste momento, me conhece melhor que muita gente que estudou comigo durante 5 anos e eram os meus melhores amigos.
É uma amiga que não me custa conseguir tempo para, como foi o caso de hoje, passar uma tarde agradável na sua companhia.
Obrigado “M” pela visita e sempre que estiveres com pachorra para aturar aqui o chato serás bem-vinda. És das pessoas que lamento ter tão distante, pois gostaria de ter mais pequenos momentos destes.
Um beijo e até breve…

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Uma amizade de valor...




Chego a esta hora da noite completamente de rastos. 3 noites seguidas a trabalhar e ao fim disso não veio o descanso…mas sim uma breve, porém, dadas as circunstâncias, longa viagem ao Alto Minho.
Como se costuma dizer, quem corre por gosto não cansa. Tenho as minhas dúvidas quanto a isso, mas que atenua o cansaço isso é verdade.
Há pessoas que fazem falta na nossa vida, daquelas com quem gostaríamos de estar mais vezes do que as que estamos. São pessoas que nos aportam algo diferente. O “F”, desde o meu primeiro dia na universidade, tornou-se uma dessas pessoas. De todas as pessoas que conheci nesse período, ele é aquela que, sem dúvida alguma, sempre tive certeza que seria um amigo para a vida. Qualidades raras, muito difíceis de se encontrarem nos dias de hoje. A nossa amizade fundou-se nos pilares mais fortes que uma amizade pode ter…o respeito absoluto pelas diferenças um do outro. Diferenças culturais, religiosas, clubísticas. Respeito não quer dizer compreender o outro…apenas aceitá-lo como ele é, sem juízos de valor.
Actualmente, cada um está numa ponta de Espanha. Distância minimizada pelo contacto quase diário que a internet permite. Contudo, a internet ainda não suprime certas faltas. Por isso a viagem de hoje, a um pequeno povo do norte do país, rever alguém que há quase um ano que não via. Pequeno, mas grande na forma de acolher quem vem de fora. De fazer jus ao lema “amigo de meu amigo, meu amigo é”.
Saudades mitigadas por estes breves instantes de constante boa disposição, numa Páscoa tradicional do Alto Minho, cheia de música, comida e bebida. Melhores enchidos? São daqui, ainda para mais, acompanhados por um bom vinho! Como ouço este meu grande amigo dizer desde que o conheço “perdoa-se o mal que faz, pelo bem que sabe!”
Regresso cansado para casa, mas com o espírito mais leve. Com a esperança de voltar a ver o “F” o mais breve possível. E agora, um dois em um. A santa da “N” que o acompanha integra, sem dúvida, o meu lote de amigos. Gosto de os ver juntos. Vejo-os felizes e fico feliz por eles.
Até breve meu caro…