Estou na fila da caixa de um
supermercado da minha terrinha, avanço para a minha vez e efetuo o pagamento.
Como sou uma pessoa observadora e que confia nos demais, não me ponho a olhar
para a máquina registadora (basta observar posteriormente o ticket) e prefiro
observar o que me rodeia.
Ao receber o troco constato que
havia pago uma verba bem inferior à conta que eu tinha feito mentalmente
(tenho o hábito de ir fazendo as contas ao que gasto à medida que encho o carro
ou cesta). Com toda a inocência e boa vontade, pergunto à menina da caixa (que
tinha na sua posse um cartão e não sei quantos tickets) se não se havia
enganado e de quem era aquele cartão e tickets! Ao que ela me questiona
incredulamente “Não são seus?”
Dito isto, escuto a senhora estava
atrás de mim na fila dizer para a menina “Obviamente são meus, o senhor bem
sabia que não tinha cupões de desconto!” Ou seja, a senhora, que estava atrás
de mim na fila, colocou os cupões em cima da caixa, quando a menina da caixa
ainda estava a registar as minhas coisas, viu a menina da caixa a usá-los e não
disse nada, ficando à espera de soltar aquela afirmação venenosa.
Ora bem, respirei fundo e pensei cá
para os meus botões…”Haverá maneira possível de argumentar com uma pessoa que
ainda não descobriu que o neurónio que tem serve para pensar e que desconhece
as normas de viver em sociedade?” Decidi-me apenas por dizer à rapariga da
caixa para voltar a fazer as contas e despedi-me amavelmente.
Não sou de me arrepender do que
faço, mas ontem arrependi-me. Arrependi-me de ter sido boa pessoa! Devia ter
feito como muitos chicos espertos, recebia o troco e pisgava-me. Gente desta é
o que merece!