Acordo hoje em Espanha, neste “nosso”
25 de Abril, de todos os portugueses, vivido por poucos, sentido por muitos…ouvindo
“Grândola Vila Morena”.
Já lá vão 39 anos, 39 anos de uma
pseudo liberdade. Vivemos numa falácia política, em que só acredita que é livre
quem vive obcecado pelas cores e ideais partidários (fictícios hoje em dia).
Uma ideia construída e trabalhada por aqueles que rodam sistematicamente a
cadeira do poder desde então. Nenhum inocente, todos culpados. Salazar numa
coisa teve mais valor do que esta gente, assumiu o que era, um ditador que
fazia tudo para manter a lei e ordem no país.
Hoje os ditadores escondem-se atrás
de sorrisos e a sua “lei e ordem” é mantida através de um sistema corrupto e de
lóbis.
O problema é que, ao contrário do
que se passou com os revolucionários do 25 de abril de 1974, nós não estamos
preparados para pegar em armas. Porquê? Os nossos pais e avós cresceram com a
certeza da realidade em que viviam. Eram prisioneiros do seu próprio país. Para
sair dele tinham que sair às escondidas. Não podiam dizer mal de quem
governava. Eram, muitos deles, analfabetos ou com pouca escolarização.
E nós? Nós crescemos e vivemos na
ilusão. Somos livres! Podemos votar! Podemos escrever a dizer mal de quem
governa! (será mesmo assim?) Somos uma geração de super intelectuais que fazem
cursos atrás de cursos, mestrados, doutoramentos, pós graduações, apesar de
muitos não saberem sequer escrever uma linha sem dar um erro ortográfico, nem
têm trabalho para aplicar a vasta gama de conhecimentos adquiridos. Mas hoje
isso não interessa, a experiência ganha-se com cursos, não com trabalho na
área, não é assim? Seguindo o raciocínio anterior, a nós até nos convidam a
abandonar o país, porque lá fora é que se está bem! Engrandecemos e damos
medalhas aos heróis de abril, que uma vez por ano são chamados a público!
Concluindo, somos livres.
Não tenho dúvidas que para os fundadores
deste novo regime, o 25 de Abril foi um êxito (todos eles grandes pensadores,
já que em terra de cegos quem tem um olho é rei). Todos eles fizeram carreira
política e enriqueceram à custa dela. Criaram um sistema para si e para os
seus. Quem lá entra tem a certeza que não sai pior do que estava. Reina a
corrupção e os jogos de interesses (ou serão a mesma coisa?) e cada ano que
passa sobre esta significativa efeméride, o seu significado perde valor ao ser
violado e corrompido de forma sistemática!
Eu vejo o 25 Abril de 1974, em
primeiro lugar, como um acto de coragem de poucos e, em segundo lugar, como um
acto de aproveitamento de muitos.
Tenho um sonho…que a minha geração
tivesse a força de vontade de pegar em armas! Mas não tem! Meteram-nos um chip
a dizer que assim é que é bom, assim é que é justo, sério e correcto…e mais
absurdo, normal! Resta-nos esperar que as futuras gerações não cresçam a achar
que favores e corrupção são meios válidos e normais para atingir os fins. Que
não se escondam na desculpa do “se os outros fazem, fazemos também!” Resta ter
a esperança de um novo 25 de Abril feito por gente capaz e séria!
Hoje também é dia de recordar quem
perdi sem nunca ter tido, imaginar quem nunca conheci…
Deixo aqui uma nova versão da
música que tem corrido o mundo, na esperança de uma nova revolução!
Sem comentários:
Enviar um comentário