Sei que de religião, futebol e
política não se deve entrar em discussão, devido ao facto de nunca levarem a um
entendimento, mas eu aqui não entro em discussão, apenas faço a minha análise
do que vou observando por aí.
Em algumas conversas que tive nos
últimos tempos sobre o tema e do que conheço, tomei real consciência que as
pessoas são religiosas por questões culturais e não tanto por fé. Que nos
incutem a religião dominante na nossa região, isso nunca tive dúvidas. O mais
devoto católico português, muito provavelmente, seria o mais devoto muçulmano
se tivesse nascido num país onde essa religião predomina.
Não é disso que falo. Falo no facto
das pessoas dizerem que são de determinada religião, mas pouco ou nada o
demonstrarem. As pessoas têm que interiorizar que para serem o que dizem que
são, têm que cumprir com as regras/normas/princípios que as levam a dizer, por
exemplo, “sou católico”. E nestas coisas meus amigos, ou se é ou não se é. Não
há cá meio-termo, não há cá a invenção que tanto jeito dá a muitos para não se
sentirem mal consigo mesmos do “católico não praticante”! Um católico (ou
muçulmano) tem que praticar, senão não o é. Simples.
Depois há as incongruências que se
veem muito por aí, de pessoas que não acreditam ou acreditam, mas não praticam,
de quererem casar pela igreja ou, em caso de morte, a uma missa e um enterro
religioso. Ou seja, as pessoas olham para a religião como uma tradição e não
como um acto de verdadeira fé.
Quem se diz católico e não cumpre
na íntegra os dez mandamentos da Igreja Católica está a tapar os seus próprios
olhos. Ou quantos crentes ficam na cama ao domingo em vez de ir à missa, que, sem ser uma obrigação, devia ser algo inato a cada crente? Muitos dizem-se
também religiosos pelo medo do desconhecido, pelo que acontecerá na pós-vida.
Do tipo “É uma estupidez cumprir com as regras todas, mas acredito na mesma
pelo sim, pelo não!” Não será este medo, uma prova de fraca fé ou de falsa fé?
Se lerem com atenção, não estou a
pôr em causa as pessoas acreditarem no que querem. Eu tenho as minhas crenças e
respeito as dos outros, tenham ou não sentido para mim. Por isso não entro em
discussão sobre este tema. Seria não ter esse respeito. Não aceito é que me tentem impingir ideias. Aliás, acredito que para quem é verdadeiro crente a
religião pode ser algo benéfico, principalmente a nível de paz interior.
As religiões tiveram um grande
revés com o evoluir da ciência e a descoberta de muita História que estava por
descobrir. A ciência trouxe sérios problemas ao que as religiões diziam ser
História, levando estas a mudar certas interpretações das escrituras, até a
data tidas como fiel relato do quê se passou, sendo essa uma confissão que
essas escrituras pouco ou nada poderão servir como textos históricos…para bom
entendedor meia palavra basta.
Podem dizer que estou a pedir que sejam
todos religiosos radicais? Podem, mas não, não estou. Quem o diz são as
próprias religiões. E clarifico que com radicais não me refiro andar a matar
pessoas de outras religiões, que isso já são interpretações dúbias que se fazem
das escrituras sagradas de cada religião. Simplesmente, para se ser religioso,
à que ser radical nos seus pressupostos.
O que me leva à seguinte pergunta…será
que as religiões têm lugar e espaço no mundo actual? (Às tantas, as que existem
não…)
Estou de acordo em quase tudo o que o caro enfermeiro e estimado amigo disse. Apenas gostaria de reforçar alguns aspetos. Sou religioso e costumo ir à misa aos domingos, não todos, e só por isso não me considero menos praticante, religioso, crente que o individuo que vai aos domingos, dias santos, festas de padroeiros. Repetir o mesmo Pai-Nosso ou a mesma ladainha todas as vezes, vomitando aquilo sem saber o que diz, se realmente sente isso ou se realmente cumpre ou pensa o que significa esse memorando que lhe doutrinaram. Que bom muçulmano, judeu ou cristão é aquele que vai declamar a Torá, rezar na mesquita ou confessar-se e dali a pouco, vai ter com a amante também ela casada, bate na mulher, vigariza um amigo com um negócio fraudulento, ameaça e toma represálias imediatamente porque o filho do vizinho sem querer lhe partiu um vazo com flores no jardim, vai de férias no inverno para a serra da Estrela e deixa os pais idosos doentes sozinhos em casa ou no hospital para não chatear muito... Vejo a religião, sem querer entrar em aspetos teológicos nem dogmáticos como uma filosofia de vida que deveria dar coerência com uma convivência e consciência de vida verdadeiramente humana, embora infelizmente muitas vezes adulterada e manipulada, mais que por ignorância por interesses, tal como politica... Por último ciência e religião não têm que ser antagónicos, apesar de muitos "radicais" ou "fundamentalistas", que para mim teriam outro nome, nos querem fazer "crer"... Para mim Deus tanto podia por Sol, à volta da Terra como a Terra à volta do Sol ou mesmo os dois à volta um do outro, o mal é que ele só contou que o fez em 7 dias e não como deixou a funcionar. Creio que enganado está aquele que pensa que o Todo-Poderoso é ser magico que, em vez de esfregares a lamparina, lhe rezares muito, vai conceder todos os teus desejos. Para mim não representa o teu guarda-costas particular por ser religioso que vai vingar-te do teu advogado que não ganhou a tua causa. Na minha humilde opinião o que representa Cristo não se altera com o facto de se ele teve irmãos ou mulher... Tenho até uma teoria propria que “Adão” e “Eva” deveriam ser a tradução aproximada, e mesmo assim ponho dúvidas, de dois grunhidos ora Neendertais ora Erectus para dedignar: tu macho e tu fêmea respetivamente. Deixando de parte a parodia ciência e religião creio que devem coexistir como duas caras da mesma moeda, como duas perspetivas, visões, com o seu significado e o seu âmbito na mesma realidade. A nossa sociedade deve muito aos valores que tem fruto da tradição e cultura religiosa assim tecnologia e condições de vida conseguido através do conhecimento científico. O importante é que ambas não se fiquem pelo conformista pré-estabelecido, evolucionem com o senso comum sim, mas com sentido crítico, coisa que no meu entender faltava aos antigos devotos (religiosos) e alquimistas (científicos) …
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