Um ano, está a fazer um ano que recebi aquela chamada
que fez a minha vida dar uma volta de 180 graus. Parece que ainda foi ontem que
tomei a decisão mais determinada, mas mais insegura, da minha vida. Deixar uma vida
estável, um local e pessoas conhecidos, para abraçar um novo e desconhecido
desafio, mas que era o único caminho possível para o sonho que tinha pendente
há mais de sete anos.
Com a voz embargada telefonei à minha chefe (amiga) a
comunicar a minha decisão, com as mãos a tremer fui informando as minhas
colegas, uma a uma, da minha saída. E, com os olhos nublados e sem ninguém ver,
deixei, dias depois, aquela que foi a minha casa nos anos anteriores…e regressei
a casa, àquela que me viu nascer há trinta e dois anos, a dar duzentos por
cento para agarrar esta oportunidade que me foi dada.
Olho para trás e faço agora o rescaldo deste ano de
mudança. Começo pelo meu trabalho. Não vim em busca de um local perfeito de
trabalho, isso não existe, acredito, simplesmente, que temos que ser nós a
tentar torná-lo nisso. E encontrei um grupo que me recebeu de braços abertos,
disposto a aceitar-me como mais um membro da equipa. Acredito também ter contribuído
para isso, da pouca experiência que tenho uma certeza ganhei, não podemos pedir
confiança assim do nada, ela tem que ser conquistada. E foi isso que, com
paciência, procurei ganhar. Muito aprendi num ano, como pessoa e profissional.
Não sei se estou no trabalho perfeito, mas estou, sem dúvida, onde quero e com
as pessoas que quero.
Este regresso permitiu-me começar a dar aulas de
Karate, outro sonho pendente. Ver aquelas crianças crescerem dia-a-dia, vê-las
a aprender, a ultrapassar medos e dificuldades, foi das melhores experiências
que tive até hoje. Espero também ter ganho o respeito e carinho delas, assim
como elas ganharam o meu. Souberam conquistar-me. E começa de novo outro ano,
com a continuação do trabalho do ano anterior e com novas crianças, sendo cada
uma delas um novo desafio que tenho pela frente.
Este ano que passou permitiu-me viver ainda mais de
perto velhas amizades. Das verdadeiras, daquelas que não há nada que as pague. Ficam
outras agora com o peso da saudade, mas não receio por elas, pois sei que são para
ficar, como pude comprovar.
Além das velhas amizades, foi ano de conhecer novas
pessoas. Pessoas que foram ganhando o seu espaço na minha vida, outras no meu
coração. Pessoas todas elas diferentes, todas elas com algo a acrescentar-me.
Apesar de não ter tido tudo o que queria, sinceramente
não há nada que possa dizer que correu mal ou que me tenha arrependido de fazer
ou não fazer. Foi o melhor ano da minha vida, aquele que me deixou mais
completo.
Agradeço tudo o que me deram e dão, todos os momentos
juntos, tudo o que me fizeram e fazem sentir. Prometo que vou continuar com a
mesma ilusão na busca do que quero, aquela ilusão que me fez regressar há um ano
e a dar tudo de mim em busca da felicidade.
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