Durante o decorrer da minha vida sempre fui
conhecendo novas pessoas, umas que se tornaram parte integrante dela de forma
permanente, outras num determinado momento e outras que não chegaram a ser nada
de relevante. Creio que isto é horizontal a todas as pessoas.
Mudam-se os interesses, mudam-se os contextos, mudam
as pessoas, muita coisa muda. Porém, se fosse sempre assim, uma vez que estamos
em constante mudança, não se aguentariam as amizades. Mas elas aguentam-se, mas
isso acontecer dá “trabalho”.
Eu não chamo “amigo(a)” a qualquer pessoa. Se o
fizesse estaria a tirar valor àquelas pessoas que, pelas suas atitudes para
comigo, ganharam lugar de relevo nesse restrito grupo. Tal como a palavra “amor”,
hoje abusa-se da palavra “amigo” para, muitas vezes, apelidarmos pessoas que
não são mais que colegas (às vezes nem tanto).
Para mim, numa amizade, como em qualquer relação, há
um aspeto muito importante…a reciprocidade. Ninguém é amigo sozinho, se assim
for não é amizade. E é isso que eu recebo de todos os meus (poucos…ou não)
amigos. Tenho amigos perto, tenho amigos longe, tenho amigos muito longe. Tenho
amigos com horários complicados (juntando ao meu). Tenho amigos casados/comprometidos
e com filhos. Porém, independentemente de todas as barreiras que possa haver,
eles oferecem-me o que de mais precioso têm, a sua disponibilidade e tempo para
estar comigo. Nem sempre é possível, mas sei que que se não podem é porque não
podem mesmo. Muitas vezes surge (de parte a parte) uma mensagem ou chamada a
dizer “logo que fazes? Jantar ou café?”. Ainda um dia destes, duas pessoas
destas acederam a um convite feito à noite para o dia seguinte. Mesmo com
coisas para fazer, com os seus trabalhos, com
desculpas várias que seriam
fáceis de dizer. Sem perguntarem “quem vai?”, pois a minha companhia é
suficiente. Aliás, seja para o que for, acho que perguntar “quem vai?” é a
própria desconsideração do convite em si. Quando se convida alguém, apenas há
duas respostas possíveis, ou “sim” ou “não”. O resto das respostas/atitudes,
apenas demonstram que nos enganamos ao fazer o convite.
É por isso que a estes amigos e amigas eu dou o meu
tempo, o meu apreço, a minha lealdade. Sei que longe ou perto, não me falham, sei
que estão nos bons e nos maus momentos. Há uma maneira que me faz distinguir os
meus amigos de verdade, uma bem simples. Quando há um jantar ou café com eles,
o telemóvel raramente está nas mãos de algum. Sei que um café de uma hora com
eles equivale a estar mesmo esse tempo na sua companhia. As pessoas vão
perdendo a capacidade de falar, faltando conteúdo quando os assuntos triviais
acabam. Todos nós temos experiências de vida, todos nós temos coisas
interessantes a contar e partilhar. Todos nós podemos ensinar e aprender alguma
coisa. Apenas temos que estar dispostos a duas coisas…falar e ouvir. E é tão
interessante fazer isso.
Felizmente tenho exemplos de grandes amigos, daqueles
que posso estar sem os ver muito tempo, mas cujo reencontro é feito com
vontade, alegria, com a normalidade de quem se viu no dia anterior. São eles que dão todo o encanto à palavra "amizade".
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