quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

A lata dos enfermeiros

Li, algures numa rede social, um artigo datado de 2010 em que um ignorante (no sentido de pessoa ou anormal que fala sobre um assunto que nada percebe) teve a lata de dizer que os enfermeiros tinham lata em exigir melhores condições e apenas iam fazer greve (na semana a seguir à Páscoa, creio) só para irem de férias. Talvez para o caribe, digo eu.
A visão da sociedade sobre os enfermeiros é a de serem uns meros vassalos dos médicos, de serem uns limpa cús e, em último caso, são os gajos que dão picas. Atendendo a isto, ganhámos bem demais para o que fazemos, devíamos era ganhar menos ou, quem sabe, trabalhar inclusive de graça. É uma visão global e não apenas de um ignorante.
Pois bem, não me vou pôr aqui a dizer quais as nossas funções, pois entendo que todos os que pensam assim não têm um QI suficiente para compreendê-lo. Mas há algumas coisas que gostava de esclarecer.
Greves…somos das profissões (não a única) mais altruístas a fazer greve! Não é que nos dias de greve comparecemos ao trabalho para desempenhar algo que se chama “cuidados mínimos”! Deixo uma questão para os iluminados…digam-me o “porquê” destes cuidados e da sua obrigatoriedade?
Quanto à propagada disputa com os médicos e à nossa vassalagem, deixem-me que esclareça o significado profissões interdependentes. Dependem umas das outras. Não em tudo como é óbvio. Cada uma autónoma na maioria das suas funções. Os médicos dependem da informação que nós damos (vejam lá meus iluminados, eles até acreditam em nós) para decidir, avaliar ou alterar tratamentos aos doentes, por exemplo. Diz-se que dependemos deles para dar medicação. Isso é das tais falácias que de tantas vezes repetidas se tornam verdade. Também eu podia dizer que os médicos dependem de nós para que a medicação que prescrevem seja administrada. Ou seja, é a velha questão de quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Simplesmente eles prescrevem, nós administramos (temos poder de negar quando achamos que está mal prescrito). Esclarecidos? Não criem guerras onde elas não existem, somos colegas numa equipa multidisciplinar.
Dizem que os colegas dos Centros de Saúde não fazem nada. Eu digo que se as pessoas fossem um pouco inteligentes e seguissem as orientações de médicos e enfermeiros de família, muitos dos problemas que obrigam a internamentos ou a medicação crónica seriam evitados. Chama-se a isso prevenção, meus caros. E os cuidados primários é para isso que estão, não para operações nem internamentos.
Se falo de tudo o que vemos, de tudo o que passamos, dos turnos que alteram a nossa vida, das noites mal dormidas…dizem que já sabíamos ao que íamos. Deixem que vos diga que nenhum enfermeiro tem perfeita noção para o que vai. A maior parte, nenhuma mesmo. Vemos a fragilidade humana no esplendor e nem sempre se consegue reverter isso. Quantos doentes já me passaram pelas mãos e me fizeram lembrar entes queridos que já cá não estão? “Têm que ser frios” dizem, como se para isso apenas bastasse carregar num botão ou como se fosse coisa que se aprenda num curso.
Li um artigo intitulado “Os enfermeiros também choram” e percebo perfeitamente o significado do texto…mas eu digo que os enfermeiros não choram.
Nós não choramos, nós escondemos. Escondemos a nossa dor ou sofrimento para que aqueles que mais precisam de nós se sintam protegidos. Nós sorrimos perante a doença, perante a morte, perante a falta de esperança, para que eles não a percam. Porque sem esperança não há cura. Sabemos ser duros, sendo amáveis. Sabemos ser próximos, sendo distantes.
Nós não choramos, simplesmente temos momentos a sós, no trabalho ou em casa, em que lavamos a alma, em que renovamos a nossa vontade de ajudar o próximo!
E no dia a seguir voltamos ao nosso campo de batalha para provar que os anjos-da-guarda não choram...Voltamos na esperança de que esgares de dor virem sorrisos, que a doença vire saúde, que o desespero vire esperança, que o desumano vire humano, que a indignidade vire dignidade.


Sem dúvida que nós, enfermeiros, temos uma lata descomunal…em fazer o que fazemos por valores tão ridículos!

43 comentários:

  1. Por onde começar? É uma triste realidade a ideia da sociedade sobre esta profissão, a de ser enfermeiro. Tudo correcto sobre o que disse sobre interdependência e multidisciplinaridade das equipas médicas e de enfermagem. Não, não sabíamos ao que íamos. Os turnos com equipas reduzidas (30-40 utentes para 3 enfermeiros??) e como as equipas já estão reduzidas como garantir pessoal para todos os turnos necessários? Mais horas. Os recursos e as infraestruturas limitadas. Os riscos biológicos: já pararam para pensar na quantidade de microorganismos patológicos com que lidamos todos os turnos? Sim minha gente, porque são os utentes doentes, infectados, que precisam de ajuda que os levam. Não foi o pessoal que está a trabalhar no centro de saúde ou no hospital que pediu ao utente para adoecer e este, graciosamente, acedeu. Horas e horas a correr, muitas vezes literalmente, para tentar fazer tudo o mais brevemente possível, a tentar o impossível porque cada profissional continua a ter APENAS 2 pernas e 2 braços. Turnos seguidos, noites, fins de semana, feriados (natais e festas), 5 folgas por mês que não servem para nada porque se está cansado demais para desfrutar. E 5 folgas fictícias porque alguém falta e tem que ser substituído e lá se vai a folga. Cada cuidado prestado é pensado e tem uma técnica que tem 1 razão de ser: até limpar "cús" tem uma técnica correcta, não se limpa duma certa forma e com determinado produto apenas porque sim. Enfim, muito maos haveria a dizer mas não há tempo: vem aí MAIS UM turno de 12 horas para juntar aos outros 16 turnos de 12 horas que fiz este mês. E querem que se faça isto sistematicamente. Ainda pelo vencimento que é. Cada profissional continua a ser o mesmo que cada utente: um ser humano.

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  2. Só mais um apontamento: não creio que alguém seja anjo da guarda: todos temos responsabilidades, temos que sobreviver, temos contas para pagar. Exige-se apenas o que é de direito para a carga de trabalho/responsabilidade. Far-se-á sempre o melhor possível por cada e qualquer utente porque o objectivo de cada profissional de saúde é a vida e o bem estar de quem se atende. Não somos o inimigo. Não há inimigo além do microorganismo que provoca a doença, ou o corpo que não funciona correctamente. Não se podem exigir milagres. A medicina só consegue ir até um certo ponto.

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  3. Agradeço o acréscimo que fez ao meu texto, sendo tudo verdade o que diz.
    O "anjo-da-guarda" é em sentido metafórico, não passamos de simples pessoas, com as limitações inerentes a isso, que fazem o que podem pelo bem do próximo. Mas dado o significado da palavra, é uma metáfora que não é de todo desajustada. Um bom turno caro colega.
    Um abraço, Jorge Gomes

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  4. Como estudante de enfermagem, não poderia estar mais de acordo. Também eu me revoltei perante esse sr. frustrado, também eu lhe respondi:

    «Oxalá o dr. Enfermeiro não seja fino demais ao ponto de o rejeitar, um dia que precise. Porque pessoas assim, não vão longe. Não podem ir. Não merecem.
    «Dentro do hospital, o médico é superior ao enfermeiro.» - claro que é, mas não o é sempre. Porque o médico passa lá, mas há quem fique por todas as outras horas, não é o médico que atende as campaínhas. Somos licenciados sim, e temos um grande conhecimento... Sabe aquelas coisas que os médicos não sabem e nos vêm perguntar pois bem, nós também quando não sabemos vamos perguntar-lhes, SEM RESSENTIMENTO (leia-se). Parece-me que com o seu comentário "será por isso que não fazem o trabalho sujo", está a falar contra si, pois não vejo os médicos fazerem isso e vejo muitos enfermeiros a fazerem, tal como auxiliares. E sabe que mais, não é por sermos licenciados que não o fazemos, mas dada a situação do país, é complicado ter um enfermeiro, ao mesmo tempo, em mais do que um doente.
    Permitam-me a expressão, e a indelicadeza, mas espero que este senhor, se um dia calhar de estar internado, seja do tipo independente pois, o dr. enfermeiro não será capaz de lhe limpar o rabo. Somos de uma elite que não se atreve a realizar tal tarefa
    Pense nisso sr. frustrado.»

    Enfim... é por esse valor que nos dão cá, que vamos para fora e somos reconhecidos, somos excelentes.

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    1. Só um reparo, Daniela...

      "«Dentro do hospital, o médico é superior ao enfermeiro.» - claro que é, mas não o é sempre."

      Nãooooooooooooo Daniela!! Não! NUNCA É! Tal como nenhum enfermeiro é superior a uma assistente operacional ou empregada da limpeza! Simplesmente exercemos funções diferentes, que devem estar bem interligadas para que tudo corra pelo melhor. Até porque cada uma destas classes não existe sem as restantes...
      Pensa nisto!

      :)

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    2. Sem duvida vocês são do melhor que há e toda gente tem o direito a greve
      Sejam sempre carinhosos com quem de vós precisa

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    3. se soubesses o que os médicos também trabalham calavas-te. tenho pais médicos e sei bem o que isso é, trabalham horas e horas por dia, sem tempo para comer muitas vezes, e ainda há pessoas que dizem que os médicos ganham demais lol viva a ignorância. os enfermeiros podem suar muito mas os médicos trabalham tanto ou mais muitas vezes por isso "lavem a boca" antes de falar dos médicos, que além do mais, estudaram durante anos como não se estuda em nenhum outro curso e muitas vezes ainda levam com as culpas pela demora no tempo de atendimento quando os próprios não têm culpa nenhuma e se for preciso estão à horas a trabalhar exaustos. Enfim

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    4. Eu sei o que os médicos trabalham, trabalho com eles, além que tenho grandes amigos de infância e familares médicos. Conheço todo o percurso académico deles. Admiro-os por isso.
      Depois há profissionais e profissionais, como em todas as profissões.
      Eu sei que eles trabalham, mas nós também. Por isso não avalio quem trabalha mais. Não sou arrogante a esse ponto, quando até o podia ser. Além que há uma pequena grande diferença...temos enfermeiros com mais de 100 horas acumuladas...sabes por acaso como vão ser compensados por isso? Vão ser pagas como horas extra? Humm, se nem pagas vão ser. Quanto muito dão as horas em folga...mas até nisso tenho dúvidas. Por isso o trabalhar mais é relativo, tendo em conta a recompensa que se tem. Além que também trabalhamos horas seguidas...e exaustos. Se não sabes os teus pais que te digam!
      Quanto às culpas pela demora no atendimento...é fama com algum proveito. Por isso mesmo foram os únicos a levantar entraves ao "picar o ponto". Por isso de vez em quando aparecem reportagens e que médicos estão ao mesmo tempo a trabalhar no público e no privado (poder de omnipresença?). Mas, repito, não meto todos no mesmo saco. Além que os médicos hoje em dia estão a passar por dificuldades, não é como antigamente.
      E sempre disse, os médicos ganham pouco para o que fazem...mas nós ainda ganhamos muito menos para o que fazemos.
      Cumprimentos.

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    5. Além que não vi em nenhum comentário, nem mesmo no meu texto, algo que pudesse ser insultuoso para os médicos, pelo contrário.
      Podes já estar habituado e farto de ouvir dizer certas coisas, que lês coisas onde elas não estão. Fica bem.

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  5. Tive um ano de experiencia na Oncologia do S.F.Xavier com a minha mulher, e só tenho a dizer maravilhas dos enfermeiros. Foram dum profissionalismo a todo o nível, e de uma amabilidade sem limites. Para mim os médicos e os enfermeiros não tem distinção, porque eles completam-se uns aos outros, uns sem os outros não conseguem exercer a sua profissão. Bem hajam....

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    1. obg por entender e perceber...os restantes ignorantes k falam sem saber do k falam...so são felizes numa coisa....nunca passaram por essa experiencia

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  6. A pura lata do Sr frustrado,que tem a grande lata de escrever o que nao sabe nem imagina do que trata o trabalho de um enfermeiro.DEUS deveria pôr este senhor á prova.Coitados dos doentes se não tivessem os cuidados e a atenção dos enfermeiros .Que Deus permita que o Sr frustrado possa vivenciar uma experiencia ao lado de uma equipa de enfermagem.

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  7. A figura do enfermeiro em si, de facto não cria uma sensação positiva. O próprio fenómeno da doença mostra-me que sociedade não consegue gostar, nem compreender o trabalho dos enfermeiros, até... enfim, até dependerem dos seus cuidados (eu também não gosto de dentistas e eles são sempre amorosos quando lhes recorro...). Depois de conhecerem o trabalho destes profissionais, as pessoas revelam-se surpreendidas com a quantidade de competências, autonomia e esforço que usamos para levar as pessoas até à cura. É que são de facto estas as mãos que curam (ou tentam... meu Deus, e o que isto significa!). Mas na realidade, são umas mãos completamente vazias pelo tanto mal que fazem à enfermagem. Às vezes o reconhecimento genuíno das pessoas que utilizaram o recurso destas "mãos", não chega. O reconhecimento dos enfermeiros não se faz pela sua excelência já demonstrada há muitos anos. Este reconhecimento vai ter de ser feito pela justiça das coisas e pela vontade política que não pára em ser tendenciosa.
    Se conhecerem algum jovem bem formado, generoso que sinta a vocação em "ajudar" as pessoas em dificuldade (certamente como aconteceu com todos os enfermeiros)... tentem impedir e descobrir outra forma de ajudar, porque ninguém merece arruinar e abreviar o seu tempo de viver por tão nobre intenção.

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  8. Sou casada com um colega seu de profissão e ao ler o seu texto ouvia a voz do meu marido nas suas palavras. Sei bem de tudo o que aqui expõe e deixe-me que lhe diga o fez de forma clara: quem são os Enfermeiros. Porque está na hora de serem ouvidos e de serem olhados com tanto respeito como são olhados os médicos. É uma mentalidade bem tacanha a do portuguesinho que calunia e difama toda uma classe profissional que mais não faz do que tratar do corpo (porque da alma, bem... para isso às vezes já não cura) aliviar a dor, mas também acompanhar na hora mais dificil para todo o ser humano que é a morte. Espero que a sua voz seja ouvida e que se servir para pelo menos algumas pessoas mudarem a sua postura já não terá sido em vão.

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  9. Assino por baixo de tudo o que aqui foi dito e espero que um dia os nossos governantes nos reconheçam como licenciados que somos, que a nossa ordem faça mais por isso acontecer. Nos Enfermeiros não esperamos um obrigado pelo que fazemos, penso que falo por todos nós, fazemos o que fazemos porque somos Enfermeiros e com muito orgulho, mas gostaria que nos atribuissem o devido valor. A nossa classe profissional é como qualquer classe, contribuimos para um dia melhor e um futuro melhor de quem necessita dos nossos cuidados e as vezes sabe Deus para dar forças e prestar cuidados quando nós proprios não estamos bem mas, como uma Chefe me disse uma vez, os nossos problemas têm que ficar a porta do hospital ou Centro de Saúde e isso é muito dificil porque somos e seremos sempre seres humanos como toda a gente não vamos trabalhar para uma fabrica, não somos robos, somos pessoas que cuida de pessoas na sua fase mais dificil da vida que é a doença, logo merecemos ser reconhecidos como Enfermeiros Licenciados!

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  10. Caros Colegas.. também eu sou enfermeira, tal como o meu marido..
    Fiquei muito sensibilizada ao ler o seu texto, pois todas as suas palavras me tocam e me são familiares..
    Infelizmente neste pais o nosso valor é pouco ou nenhum.. mas temos de ser superiores a isso, pois nós sabemos aquilo que somos, e aquilo que valemos.. Sabemos isso através do carinho que recebemos daqueles que cuidamos.. através dos sorrisos que somos capazes de colocar nos seus rostos.. e através da segurança e confiança que vemos que têm em nós..
    A minha mae teve um dia um acidente (já faz muito tempo), e ficou muito tempo internada em ortopedia.. até ao dia de hoje, ela diz que foram os enfermeiros que a ajudaram a nunca desistir, e foi graças a isso que se conseguiu tratar! isto para mim (e penso que para todos nós) é de uma satisfação imensa!

    Por isso, nunca se esqueçam daquilo que significamos na vida das pessoas e daquilo que realmente valemos! temos de ter orgulho em nós proprios :)

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  11. Obrigado por este texto bem elaborado. Fiz referência a si no meu blog. Cumps

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  12. Adorava que as almas ignorantes comentasem este texto. Contra factos não existem argumentos certo?. temos que tentar ignorar tanta ignorância mas não é fácil.

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  13. "Do silêncio à voz" um livro de Suzanne Gordon e Bernice Buresh que aconselho vivamente! A todos!! A nós enfermeiros, porque também o sou caros colegas, mas principalmente a todas as mentalidades que povoam o nosso país. Pior que o não reconhecimento salarial é o descrédito e indiferença social... Revolta-me

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  14. Caro Enfermeiro/a: "Na casa onde não há pão, todos se queixam e ninguém (ou todos) tem razão.O problema é "ignorance across the board" tanto dentro como foram da enfermagem e profissões relacionadas com saude. Resumindo: Quem se queixa, precisa de mais preparação.Quem não tem: "Compaixão, Realização e Desapêgo" pode muito bem estar em qualquer profissão.Mas não com humanos em estado vulnerável.Se Vc, é uma dessas pessoas, não se preocupe; Você é simplesmente humano.PS: Sim precisa de treino profissional tb.

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  15. para pensar: Porque será que as enfermarias se chamam ENFERMARIAS e não medicarias????!!!!!!

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    1. Chamam-se enfermarias porque é lá que estão os enfermos, ou seja, quem sofre de enfermidades. Medicarias não faria muito sentido, pois não? :)

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    2. Sem duvida que a origem das enfermarias vem do termo enfermo. A mesma origem tem o termo enfermeiro(a), daí entender o comentário anterior apesar de, friso de novo, cada profissão no seu galho. Uma mais virada para a cura da doença, outra para o cuidar da pessoa doente. Parece o mesmo, mas não é, apesar de serem as duas fundamentais na melhoria da saúde das pessoas :)

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  16. Mensagem positiva que reflete o nosso quotidiano...Parabens!

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  17. Não percebo porque é que os enfermeiros fazem sempre comparações com os médicos. Quem trata melhor dos pacientes, quem sabe mais do quê, quem é mais importante, quem trabalha mais, etc.
    São profissões bem diferentes! Qualquer tentativa de comparação é pura ilusão.
    Relativamente ao médico enquanto figura fugaz, sempre de passagem, relembro que, tal como os enfermeiros, os médicos têm horários que devem cumprir (de 35h, 40h ou de 42 h).

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  18. Certamente não leu atentamente o texto. Eu procuro desmistificar essas mesmas comparações, que acho absurdas. Quanto ao serem figura fugaz, não o digo em lado nenhum, mas se o são é devido ao seu papel de médico, que não exige a presença 24h sobre 24h. Isso cabe-nos a nós. Não vejo qual a celeuma. Quanto aos horários...concordo, mas não foram os enfermeiros os que levantaram problemas quando se instalou o sistema de "picar o ponto" (acho que agora mais moderno, digital) para controlar os horários dos profissionais de saúde :)

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  19. Nem imagina como me identifico nestas suas palavras!!! Vivemos numa dura luta...mas não seremos nós próprios os primeiros a nos rebaixarmos??? Como colega dos cuidados de saúde primários agradeço as suas belíssimas palavras, e espero sempre por dias melhores, mesmo quando tudo se torna negro...esperança numa enfermagem reconhecida e bem paga!!! Obrigada

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  20. Concordo com a Enf Margarida Pereira.
    Nós próprios é que nos rebaixamos.
    Trabalho fora do país há 4 anos. Não aceitei trabalhar a 1€ por hora, escolhi deixar toda a minha vida e família para trás. A escolha foi dura e continua a doer todos os dias. MAS não podia aceitar que me tratassem como um objecto após os anos de estudos e de esforço (meu e dos meus pais).
    Ao Enf Jorge, parabéns pelo retrato da realidade. Coragem a todos os que resistem a esse sistema.
    Cumprimentos

    Ana Silva

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  21. Pois Ana Silva é disso mesmo que falo. Mas não só. Falo também dos muitos colegas que contribuem sendo(ou deixando-se ser) meros executores de tarefas ou então aqueles que passam o tempo a lutar uns contra os outros em vez de lutarem por uma enfermagem de excelência!! É nesta que acredito e que espero ver reflectida todos os dias em cada local de trabalho...Se todos contribuir-mos com o nosso "pouco" este "pouco" se tornará em TUDO!!

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  22. Sem dúvida alguma que grande parte da culpa é da própria classe. Já escrevi aqui um texto, "Um problema chamado Enfermagem" em que falo sobre o que penso que nos leva a remar cada um para o seu lado.
    Quanto aos salários baixos, pertencemos a um mercado de trabalho que joga com os dados a seu favor. Excesso de mão-de-obra; falta de regulamentação;factores pessoais que levam as pessoas a aceitarem essas propostas;falta de sensibilização da sociedade para com as pessoas que em algum momento da sua vida vão cuidar deles.
    Eu preferi sair do país, a aceitar 500 euros a recibos verdes.
    Já agora, obrigado a todos pelas palavras, nunca pensei que o texto tivesse a repercussão que teve (e ainda tem). É sinal apenas de uma coisa, pois acredito que a maior parte de quem o leu são colegas...a maioria sente e vive a profissão da igual maneira.

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  23. Sim também penso que nós enfermeiros devemos reflectir muito mais e mostrar que não nos deixamos cair...estamos aqui para lutar por um presente e futuro melhor!! Obrigada pela partilha e pelas palavras. E espero sinceramente que nos colegas que estão fora do país possam regressar brevemente.
    SEJAM BONS ENFERMEIROS e isso basta.

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  24. Nao discordando do que foi dito, acho que no final, os enfermeiros são até respeitados demais para a atitude que habitualmente os caracteriza... uma atitude arrogante e minimizadora perante os outros profissionais de saúde, sejam médicos, auxiliares de enfermagem, assistentes sociais, secretários de unidade, etc. Falta-lhes frequentemente uma abordagem humilde e respeitadora, criando mau ambiente.

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    1. Peço desculpa, mas respeitados demais? Sim, existem enfemeiros que não tem a melhor conduta, e porque? Porque andam deprimidos, cansados, exautos pelas horas que tem de fazer para não deixar os doentes sem os cuidados que precisam. Para além disso, todas as pessoas têm dias menos bons, mas o enfermeiro (infelizmente) não os pode ter pois tem sempre alguém a depender dele! Faz alguma ideia como isso é frustante? Acredito que não faça. Como estudante de enfermagem ainda não vi quase nada. Mas do que vi, o respeito pelo outro nunca é demais. Lembre-se BEHAVIOR BREEDS BEHAVIOR é o que andamos a aprender agora na universidade. Não é porque alguém nos responde mal que vamos fazer o mesmo. Aliás, temos de dar ainda mais atenção. Com todo o respeito à sua opinião, está muito mas muito enganado.

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  25. minha cara colega, quem fala assim não gagueja....... Muito bem dito......
    Ser-se Enfermeiro é um Dom, ser-se ignorante é uma ESCOLHA, que o Sr. iluminado segui-o......
    Que fiquem todos eles sem Enfermeiros nas unidades de saúde, comunitária e hospitalar e quero eu ver o que fazem....? SEM NÓS......
    É a velha máxima não se dá valor a nada que temos de bom.......
    Se não nos tivessem....???? Talvez dessem?
    Um dia perceberão a nossa importância......
    Felicidades para todos..... sejam bons naquilo que fazem que isso é que nos fará crescer um dia.....:-)

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  26. Caro anónimo, na minha opinião ninguém é respeitado em demasia. Ou há ou não há respeito.
    Tem o direito à sua opinião e à sua visão sobre as coisas, até acredito que tenha vivido uma má experiência com enfermeiros (para dizer o que diz, só o concebo assim). Duvido é que conheça a realidade de todos os hospitais, unidades de saúde familiares, unidades de cuidados continuados e de qualquer outro serviço onde trabalhem enfermeiros, para poder falar duma classe da maneira que fala. Claro que também haverá maus profissionais, como em tudo. Não sei que profissão o senhor exerce, mas certamente há nela quem tenha "uma atitude arrogante e minimizadora perante outros profissionais".
    Gostaria de saber, mais pormenorizadamente, o tipo de abordagem humilde e respeitadora a que se refere...e teria todo o gosto em tomar um café consigo para falar sobre o assunto, pois humildade e respeito pelos demais foi algo que me foi incutido desde muito novo, antes ainda de imaginar o que seria ser enfermeiro.
    Melhores cumprimentos

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  27. Pois Jorge, infelizmente só assim entendo este "Anónimo" como tendo uma má experiência. Mas que não englobe toda a profissão. Más pessoas existem em todos os lados independentemente da profissão. E que me desculpe não suporto pessoas que mandam as "bocas" e se escondem atrás do anonimato. O que caracteriza a nossa profissão é o CUIDAR com EXCELÊNCIA!!! E tenho a certeza que nós OS ENFERMEIROS podemos nos orgulhar dos cuidados que prestamos ao longo do ciclo de vida e tenho orgulho em dizer somos "uma braço amigo qualificado" para os utentes. Só assim me revejo na enfermagem. Por isso peço a este ou esta anónima para não nos julgar e propositadamente denegrir a nossa imagem. Somos muito, mas muito mais....isso tenho a certeza!!!

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  28. Quanto ao anonimato, estou de acordo, mas serão pontos de vista e não vou julgar ninguém por isso. Cada um faça aquilo que achar melhor. Eu dou a cara pelo que digo e faço. Outra qualidade de muitos enfermeiros. Desde que os comentários sejam em tom correcto, aceito-os a todos, concordem ou não comigo.

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  29. Alfredo Ramalho Santos6 de março de 2014 às 00:24

    Muito gente diz mal por dizer e eu duvido sempre dessa gente, porque o que acontece, é que como estão mal com eles próprios, tentam descarregar as suas frustrações para cima dos outros. A experiência que ultimamente tive no H.da Prelada e H.G.Stº António a nivel de atendimento médico e enfermagem, foi excepcional. Vi muita falta de educação em alguns doentes, mas esses, têm algum desconto por estarem na pior situação, falta de saúde. Mas o pior de todos, é o comportamento dos visitantes, falta de educação e respeito por quem ali está a recuperar. Geralmente sou bem atendido em qualquer local, porque sou dos que usam "por favor". Alfredo Santos (63 anos)

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  30. Claro que deves postar aquilo que as pessoas pensam daí o diálogo...mas realmente não fica bem generalizar! Mas cada um responde por si, isso concordo. Ao Sr Alfredo Ramalho santos agradeço a outra perspectiva que nos trouxe...e ainda bem que o faz! Fico muito feliz por trazer testemunho daquilo que acredito!!

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  31. Generalizações são sempre perigosas, devem ser evitadas e, a serem feitas, devem ser ponderadas.
    Agradeço de igual modo aos Sr. Alfredo Santos o relato da sua experiência e o passar uma grande mensagem...educação gera educação, respeito gera respeito. Obrigado!

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  32. A falta de valor atribuída aos enfermeiros começa pelas nossas chefias quando nos dizem que somos substituíveis (que motivação externa!) ou melhor "querem transferência, ganham pouco, vão para o desemprego e vejam se é melhor, não fazem falta", em vez de perceberem o que se passa com o enfermeiro, vê-lo como pessoa e não desvalorizá-lo perante a menor "falha", quando colegas dizem "esta profissão de merda" junto de médicos e AO e até de visitantes!!!!!, "onde estavamos com o juízo quando escolhemos esta profissão?", "fazer uma licenciatura para limpar merda", quando tivermos sentimentos do género para com os da nossa classe "os especialistas é que estão bem não fazem nada e ganham bem", etc etc... Caros colegas isto só vai mudar quando mudarmos a nossa atitude como nós próprios nos vemos na profissão e mostrar à sociedade o que fazemos realmente!!! Façam um filmes reais "Retalhos da vida de um enfermeiro" em vários contextos!! Mostrem a realidade...

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  33. Serão os juízos de valor abordados nas secantes aulas da faculdade que não servem para nada !? Poderam ser os cuidados considerados de excelência sabendo que têm de ser conscientes e que inconscientemente existem contínuos juízos de valor ? Uma sociedade que faz juízos sob cidadãos , cidadãos que se entitulam de "colegas" e que trabalham em "equipa" sabendo que esses mesmos juízos de valor começam logo aí ? Serão estes juízos de valor possíveis de serem tão banalizados ? Ou será que dá demasiado trabalho mudar ?

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