domingo, 22 de dezembro de 2013

Os meus votos...

Como diz a música, este Natal só quero esse “tu” que nos faz ser gente. O “tu” que faz o Natal, sendo religioso ou não, ter um significado especial.
Algo individual, mas ao mesmo tempo imensamente abrangente. Um tu que envolve em si mesmo Pai, Mãe, Afilhada, Afilhado, Padrinho, Madrinha, Primo, Prima, Tio, Tia, Amigo, Amiga, Colega…
Desejo, sem excepção, um Feliz Natal a todas as pessoas que de alguma maneira fazem parte do meu Mundo, especialmente àquelas que me fazem sentir o seu carinho, o seu apoio e a sua amizade ao longo de todo o ano!

Desejo para 2014? Que daqui a um ano possa estar a renovar estes votos a todos vocês!

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Espírito de navidad!

Esta es una época en que se celebran muchas cenas de navidad, entre amigos, del trabajo, de la pandilla del deporte, de familia ect.
Esta semana he tenido la cena de navidad de mi trabajo. Me gusta estar con la gente fuera del ambiente à lo cual estamos acostumbrados, sin los problemas normales del día a día profesional. Conocer un poco más las personas que as veces no conocemos tan bien, mismo que estemos con ellas todos los días.
He pasado un buen rato, poco se ha hablado de trabajo (algo difícil en estas cenas) y la animación fue una constante.
Como es normal, debido a la fecha en que estamos, se han  dicho bonitas y simpáticas palabras que cayeron bien a todos. Pero creo ser muy importante, más que decir las palabras, sentirlas de verdad. Y en el día que eso se torne una realidad, entonces sí, seremos una barco en que todos reman en el mismo sentido.
Esta cena ha valido para animarme en relación a mi situación profesional. Por mi parte y por los demás. Creo que estamos en el buen camino, no olvidando que deberemos siempre mejorar, empezando por mí.
  Después de momentos de tormenta, esperanza es lo que siento!

Hoy me he despedido del “G”, uno ó él enfermo que más me ha tocado hasta hoy. Se marchó para otro sitio en lo que espero que se sienta más a gusto que aquí.  Señor de sus 90 y picos de años (yo le daba unos 60 y pocos), de una frescura mental impresionante, infelizmente no acompañada por su debilidad física. La persona más educada y amable que me ha “pasado por las manos”, siempre con una buena palabra y siempre con el pensamiento positivo en relación a su situación. Persona muy culta y con ganas de aprender más y más.

Te voy echar de menos mi amigo y gracias por me haberes hecho crecer como persona y como  enfermero.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Mandela versus Paul Walker…haja respeito!

Vi ontem certos posts no facebook contra quem criticou ou chamou a atenção sobre o que pareceu ser uma abordagem exagerada ao falecimento do actor Paul Walker, através de uma alusão ao criticar-se a mesma atitude em relação ao Senhor Nélson Mandela. João Manzarra quis ser moralista (como os outros que acusa de o serem), mas não teve coragem de dizer que disse o que disse devido a Paul Walker e não ao Nelson Mandela! E quem partilhou o estado deste senhor, na minha opinião, também omitiu esse facto. Porque eu não vi ninguém a criticar qualquer tipo de homenagem a Mandela, seja ela através de fotos, vídeos ou partilhas de frases memoráveis.
Sou fã da série de filmes “Fast and Furious” e vi mais um ou outro filme do Paul Walker. É um bom actor para este tipo de filmes. É a minha análise como espectador. Mas ser bom neste tipo de filmes não faz dele um ícone da sétima arte. Se esta série de filmes não tivesse resultado ninguém se lembraria deste actor. E acredito que muitas pessoas, principalmente raparigas, deviam de conhecê-lo pela sua aparência e não pelo seu nome. A sua morte, que lamento profundamente, como lamento a morte de qualquer pessoa que não conheço, ainda para mais jovem, serviu ao menos para se aprender o nome do actor loiro de olhos azuis! Eu ao menos sei o nome da Pamela Anderson!
Na minha opinião, o cinema perdeu mais com a morte do talentoso Heath Ledger, esse sim, com dotes de interpretação incríveis, bem superiores ao rosto bonito que podia ter.
Agora tentar comparar, mesmo que dissimuladamente, este caso e a sua abordagem ao de Madiba, é ridículo. Nélson Mandela morreu com 96 anos, nada de inesperado. Como já aqui escrevi sobre isso, às tantas mantendo-o vivo a qualquer custo, mesmo que lhe causasse mais sofrimento. Mas este Senhor, este Herói mundial merece cada homenagem, por pequena que seja, pelos murais desse mundo fora! Todas serão poucas!
Só quem não respeita a História (já nem falo de a conhecerem), é que pode pôr em pé de igualdade o facto de se homenagear Nelsón Mandela e o Paul Walker. Mandela deixa um legado enorme, de profundos ensinamentos e exemplos sobre tolerância, respeito, igualdade, perdão, perseverança, luta, amor ao próximo entre muitos outros. O Paul Walker, por muito boa pessoa que fosse, deixa como legado a frase mais partilhada esta semana “Se a velocidade me matar, saibam que morro feliz!”. Algo que eu não quero que sirva como exemplo para os meus, para quem mais quero.
Mandela deixa mais um legado…a liberdade. As pessoas são livres de homenagearem  quem querem, mas eu sou livre de achar incongruente homenagear-se quem não se conhece e nada de extraordinário fez, deixando cair no esquecimento, muitas vezes, aqueles que nos são próximos.

Caro Manzarra, sempre te achei um pouco para o histriónico, mas digo-te sem problemas, poderei um dia pôr uma foto de uma boa vitela assada à moda de Fafe no facebook (não vou muito à bola com sushi). Ao menos não serei hipócrita ao ponto de publicar homenagens a pessoas falecidas enquanto estou a ver uma comédia na televisão e a soltar umas gargalhadas!

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Exame dos professores...

Tenho acompanhado de relativamente perto a situação do exame que pretendem que os professores façam. Quanto à questão do exame em si, na minha opinião, é uma palhaçada e uma (mais uma) maneira de ir buscar dinheiro aos bolsos, na sua maioria, de quem ainda não trabalha. Faz-me lembrar a questão das cotas da OE, que as cobram quer se trabalhe, quer não se trabalhe. Ok, há a possibilidade da suspensão da inscrição segundo me disseram, mas o que não me disseram é se levantando a suspensão da inscrição se tem que pagar os retroactivos de todo o tempo que não se pagou as cotas…a esta questão, levantada por mim há uns anos, fiquei sem resposta.
Voltando ao tema dos professores, não é sobre a pertinência do exame, ou falta dela para ser mais correcto, que quero falar. Falo num fenómeno que infelizmente já tive a possibilidade de ver e quase viver com os colegas de enfermagem.
O exame criou revolta nos professores que o têm que fazer. Indignação. Estou com eles, acreditem! Nos outros, suscitou um encolher de ombros, com umas vozes a levantarem-se a dizer que não corrigem os exames etc etc. Mas a verdade é que a eles isto nada afecta. Ou seja, a luta aqui tem que ser feita pelos que vão ser sujeitos a exame. Qual o meu espanto quando vejo o número de inscritos! Quase 40 000, acho. É quase como a situação do típico machão (não confundir com machista), que à frente dos amigos diz que ele é quem usa as calças lá em casa e que a mulher faz tudo que ele manda e ao ouvir um “Anda cá imediatamente!” da mais que tudo, mete o rabinho entre as pernas e lá vai ele!
Comparo com a situação dos colegas enfermeiros, que reclamam e clamam contra tudo e contra todos relativamente às propostas indignas de trabalho (as tais dos 3.96 euros à hora, umas um pouco mais, outras um pouco menos) e que na hora da verdade são os primeiros a aceitá-las! Ter trabalho perto de casa, da família e dos amigos ainda é uma boa desculpa para passar uma esponja por cima da dignidade!

Dois casos diferentes, duas atitudes semelhantes. Conformismo. Falsa revolta. Não sei bem explicar. No caso da enfermagem falo com conhecimento de causa. No caso dos professores, peço desculpa se falo do que não sei, mas é a ideia que me passa…a luta tem que ser feita por todos, não apenas por alguns!

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Fim de um ciclo...

Sensação estranha esta que me invade neste momento. Há sensivelmente quatro anos, iniciei um ciclo novo, de morar com novas pessoas. Quatro anos e duas casas depois, sempre com o mesmo grupo, o ciclo terminou. Apesar de começarem a deixar Pontevedra há um ano, creio que esta sensação foi mascarada pela permanência, até agora, da última pessoa que ficou a viver comigo.
Hoje, ao despedir-me desta minha última companheira de casa (algo mais abrangente que colega ou amigo) é que percebi que esta fase tinha mesmo acabado.
Fica um vazio. Quatro anos não são quatro dias. Mesmo que cada um tivesse a sua vida, muitas vezes desencontradas no tempo e espaço, foi muito tempo de convivência. Noutro país, por muito perto que seja, sabe bem chegar a casa e “sentir” Portugal.
Sei que estas idas apresentam uma ambiguidade de sentimentos…tristeza por um lado, mas a alegria de estar junto dos seus. Desejo que sejam felizes, seja em Portugal ou noutro lado qualquer, o resto são restos e não interessam a ninguém!

Isto não é um texto de despedida, mas sim a minha forma de dizer obrigado! Não é um “adeus”, mas sim um “até já”, pois as portas estarão sempre abertas.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Karate...um caminho para a vida!

Ainda me lembro, eu com 6 anos e pouco, tímido, a entrar pela primeira vez e pela mão do meu pai naquela que viria ser a minha segunda casa, a minha segunda família.
Não sabia para o que ia. Vestido com algo que nunca antes tinha vestido, tímido e com algum receio, fiz a minha primeira saudação e disse pela primeira vez “Oss”. Naquele tempo, longe ainda de ter noção do seu significado e da sua importância.
As instalações na altura não eram as melhores, diria que se fosse hoje meteriam medo a muitos dos papás e das criancinhas. Mas eu e muitos como eu, fundamos os nossos alicerces enquanto karatecas nesse sítio. Podia fazer frio ou chover (quem lá esteve percebe o que quero dizer com isto) que a vontade de treinar era a mesma. Tudo ultrapassado pelo companheirismo e união dos colegas de treino, assim como da dedicação de quem nos treinava.
Sou sincero, são já vagas as imagens que tenho desses tempos. Recordo-me, isso sim, de todos os que contribuíram para o meu crescimento enquanto karateca.
Cresci e muito do que sou, além dos meus pais, devo-o aos ensinamentos que me foram passados nesta casa. Disciplina, dedicação, respeito pelos demais e o mais importante…amar o Karate.
Com o tempo fui ganhando uma admiração absoluta pela pessoa que conheço que vive o karate de forma mais intensa e apaixonante…o meu Sensei, pessoa a quem os mais velhos chamam de forma sentida de “Mestre”. É o nosso mentor, quem nos dá os treinos juntamente com a filha, sendo os dois a alma da AKF! É esta admiração e respeito por pessoas como estas, que o karate se distingue de outras coisas. O respeito por quem nos ensina. O respeito por quem nos dá o seu tempo. O respeito por quem gosta de nós. Quem não compreender isto, a meu ver, não saberá o que é ser karateca na sua totalidade.
Considero os meus colegas de treino, principalmente a minha equipa, aqueles que cresceram comigo, como meus irmãos. Aprendi com eles o valor da união. O lutar e sacrificar-me, não apenas por mim, mas também pelos outros. Valores esses que procuramos agora transmitir aos mais novos.
Faz algures este mês, 23 anos que passei a pertencer a esta família. Numa altura em que manter e respeitar compromissos é cada vez mais difícil, tenho orgulho do tempo que levo aqui. É uma honra pertencer à AKF!

A todos que fazem parte deste grupo, o meu obrigado por 23 anos de aprendizagem e de crescimento e por continuarem a ser uma motivação constante! Oss!

domingo, 10 de novembro de 2013

Um dia diferente...

Eu considero-me uma pessoa relativamente sociável, por isso se há coisa que gosto é de conhecer novas pessoas. Porém, das inúmeras pessoas que conhecemos, há poucas que fazem a diferença.
Como é que se sabe como uma pessoa pertence a esse grupo especial? Quando a despedida faz-nos sentir um “já?”
Foi assim que me senti há pouco. Conheci alguém, e já o disse a essa pessoa, que foi uma lufada de ar fresco para mim. Faz-me bem falar com ela. Fez-me muito bem estar com ela.
Gosto de pessoas alegres, educadas, com sentido de humor inteligente, sinceras e acima de tudo, gosto de pessoas cuja beleza interior supera a beleza exterior…mesmo quando é difícil.
Nestes casos, receio às vezes não ser companhia à altura da companhia que me fazem. Apesar de estar cansado, de ter dormido pouco após saída do trabalho, gostei de passear à chuva, gostei das conversas, gostei de sair à noite (de dançar e ver umas coisas estranhas) …simplesmente gostei.
Daí aquele sentimento, não sei bem explicar, de sentir algo de saudade ainda antes de me despedir.

Só tenho uma coisa a dizer…obrigado pela visita.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Meros acessórios ou meios de propagação?

Antes de mais, quero deixar bem claro que há coisas bem piores que andar de pulseiras, anéis e outros acessórios que levam à transmissão de infecções nos hospitais...o que não confere à situação motivos para não ser alvo de preocupação e reflexão…e mudança. Atentem no pormenor de não ter identificado qualquer tipo de classe profissional em relação a este item. Mas já lá vamos.
Durante o meu curso de Enfermagem, sempre se deu importância a estes meios como vectores de transmissão de doenças. Não é preciso ser um génio na matéria para o perceber. O comum dos mortais queimaria o seu uniforme ao fim de um turno de trabalho num serviço hospitalar. Exagero? Admito que sim, mas mais vale pecar por excesso de zelo que por falta dele.
Eu apenas estagiei num hospital em Portugal. Claro que o isolamento intra hospitalar não era perfeito, pois os profissionais saiam do serviço para ir comer com o uniforme do trabalho, mas tentava-se limitar os riscos. Do que me lembro, levávamos sempre uma bata que não usávamos no serviço para estas pequenas e rápidas saídas. O pessoal do bloco operatório não saía do bloco, comendo inclusive no serviço.
Porém, havia (e acredito que ainda haja) uma classe de profissionais resistentes a estes pormenores (tipo os gauleses do Asterix com os romanos). É vê-los a fazer a ronda com a roupa que trazem vestida de casa ou com apenas uma bata aberta a fazer de conta que protege de alguma coisa. É vê-los a ir aos bares dos hospitais com a roupa e bata com que fazem a visita aos doentes (nem que venham de um bloco operatório). É vê-los a andar sempre com um instrumento de trabalho ao pescoço (e de contacto com os doentes…será que o desinfectam de doente para doente?), que segundo a análise de um professor meu de Sociologia (não enfermeiro), dele ou de alguém, este aspecto é um fenómeno social que serve para reforçar estatuto e marcar a diferença nos hospitais.  É a mesma coisa que nós andarmos de seringa ou com as pinças de fazer os pensos nos bolsos dos uniformes! Nem falo só na questão de transmissão de doente para doente…eles não têm família?
Dizer que estes acessórios não são responsáveis por infecções nosocomiais e resistir à mudança, mais que lógica, é atirar areia para os olhos. E vindo de uma entidade que devia promover uma saúde cada vez mais segura, ainda mais estranho é (ou será irresponsável?). É a mesma coisa que dizer que os luxos de alguns não interferem na crise do país…podem não ser a causa principal, mas não deixam de ser uma das causas.
Mais um tiro nos pés de uma Ordem, ainda recentemente abalada com a tentativa desesperada e falhada de tirar trabalho a outros profissionais de saúde.
Claro que a falta de profissionais de saúde prejudica, e muito, o bom funcionamento do Sistema Nacional de Saúde na sua globalidade, não está isso em causa. Mas esta pseudo defesa do SNS por parte da OM, serve apenas para desviar a atenção de algo que já devia ter mudado há muito tempo. Pergunto, será que há alguém (re)compensado por manter vias de transmissão de infecções? Ainda saiu estes dias um artigo sobre a toma errada e exagerada de antibióticos. E não me digam que a culpa é da automedicação dos doentes…quando é preciso receita médica para comprar um antibiótico!

Se a OM está realmente interessada num SNS melhor, está na hora de também mostrar que o quer!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A culpa…é do outro!

Há uns dias fiquei perplexo com o caso do membro da GNR que foi preso por ter disparado a um carro em fuga num assalto e teve a infelicidade de matar o filho, menor, do assaltante que ia na mala do carro. A culpa? É do polícia, porque foi ele que meteu o filho dentro da mala do carro ou que tinha que adivinhar que há gente no mundo tão burra para levar o seu filho para um assalto e metê-lo na mala do carro! Desejo apenas que este equívoco judicial seja reparado a tempo, para haver alguma esperança na justiça.
O que me leva a escrever isto é outro tema. Que também me preocupa. Li numa rede social, que um participante de um reality engravidou uma rapariga de 15 anos numa discoteca. Não sei se se fala de violação ou não. A mim não me interessa quem ele é, nem é isso que está em causa. Pego no caso e na situação, adulto engravida adolescente de 15 anos numa discoteca.
E preocupa-me por um motivo, pode passar a qualquer um. Bem, não vejo isso a passar-me a mim, porque as discotecas não são o meu lugar preferido para conhecer pessoas, nem sou de relações tão levianas. Voltando ao caso, não considero que ele seja culpado nem pode ser acusado de nada (a não ser que tenha sido violação…aí nem há discussão possível) e passo a explicar.
Deitar as culpas ao homem, é tapar os olhos para os verdadeiros culpados e contribuir para que situações destas continuem a acontecer. Eu quando vou a uma discoteca não deveria ver miúdas de 15 anos ou menos lá dentro (é proibida a sua entrada). Miúdas, que para quem tem olhos na cara, se vestem de forma provocadora, de forma a realçar bem as suas curvas e mostrar mais do que se deve. Tudo, de modo a incitar o desejo masculino. Miúdas que querem mais que provocar o desejo masculino. Miúdas a quem se aplica muitas vezes a expressão “meninas em corpo de mulher”. Não podem ser os homens levados a fazer algo que não deviam, iludidos pela aparência? Será que no tempo dos meus pais, alguém que fosse a uma discoteca teria que pedir o BI a uma rapariga que estivesse presente, antes de falar com ela?
A culpa para mim tem um nome…pais! Que pais conscientes deixam sair uma filha com 15 anos ou menos para uma discoteca e, para piorar, vestidas como vai a maioria? Com todos os riscos que se associam à vida nocturna, desde o álcool, ao tabaco ou às drogas, não faz falta associar mais!
A futilidade da aparência com que se vive hoje em dia começa bem cedo, nestes pequenos comportamentos adolescentes, compactuados por pais sem responsabilidade e noção das coisas e pior…sem poder sobre os filhos menores de idade. Até serem maiores de idade, os pais são responsáveis por eles, mandam neles, podem decidir o que vestem, o que fazem e onde vão e com quem vão. E mesmo maiores de idade, estando sob dependência dos pais, os pais podem controlar os excessos. O problema é que as carteiras hoje em dia são torneiras sempre abertas.

Depois engravidam e a culpa é do outro…porque o outro é que é responsável pelos pais deixarem ir a filha toda descascada para um ambiente propício a que saltem em cima dela e ela deixar que saltem!

domingo, 27 de outubro de 2013

O que acontece em Pontevedra fica em Pontevedra!

Podem pensar que estou a tornar-me repetitivo nos títulos dos textos, mas apenas o faço porque compreendi que é uma das formas de manter em aberto a interpretação que algumas pessoas fazem do que eu escrevo! E eu gosto que as pessoas reflitam sobre o que eu escrevo, mas às vezes passa que as pessoas dizem coisas sobre o que eu escrevo sem antes pensarem no que dizem. Vida complicada!
No sábado revi com grande alegria o “F”, grande amigo da universidade. É daquelas pessoas em que não é preciso muito para se passar um bom momento. Atira-se os foguetes, apanha-se as canas e faz-se a festa! Com ele é assim. A minha melhor versão surge quando estou com ele, a melhor no sentido de desinibição, de diversão. Ele tem o dom de ser abstémio e fazer com que todos que o rodeiam pensarem “este gajo está bêbado!” Já muito nos rimos há conta disso.
Nesse sentido e também devido às outras pessoas que nos acompanhavam, a noite de ontem em Pontevedra foi de ramboia, mas com “R”! Mas se para algumas pessoas ramboia envolve obrigatoriamente álcool, no nosso caso (não digo ausência total, mas uma cerveja não faz mossa) é o oposto. Foi rir do princípio ao fim, com momentos de breves conversas sérias pelo meio.
O “F” é um amigo com quem já comparti grandes alegrias, mas também grandes tristezas. É das pessoas que mais confiança me merece, é daquelas em quem busco conselho quando preciso. Porque apesar da sua faceta cómica, é das pessoas que conheço com uma integridade à prova de bala. Costumo dizer que não ponho as mãos no fogo por ninguém…por ele punha.
Tenho um grupo restrito de amigos e amigas com os quais tenho que estar de tempo a tempo para manter o meu equilíbrio.
Se acontece isto com pessoas, o mesmo acontece em relação a alguns locais, principalmente a uma cidade. E aproveitei o domingo para rever a cidade que se tornou o meu porto de abrigo desde há alguns anos…Viana do Castelo! Já estava em falta com esta terra encantadora há alguns meses.
Percorrer a marginal da cidade e caminhar na praia norte…basta isso para preencher-me com uma sensação de paz e tranquilidade, de bem-estar comigo mesmo. Acrescento a isso comer no restaurante de sempre e um café prologado com uma amiga, daquelas que não se vê muitas vezes, mas cuja confiança é sempre a mesma. Uma amiga que faz com que um café se prolongue durante quase cinco horas. Uma dessas pessoas em que há tema, em que o tempo que faz não faz falta como desbloqueador de conversas, em que o tempo que interessa passa a voar! Apesar de ela se queixar que eu estava a prestar atenção à televisão, pode ter a certeza que praticamente não vi o jogo do Benfica!

Descansei pouco, estou algo cansado, mas sinto-me bem animicamente. E é isso que faz tudo valer a pena!

domingo, 6 de outubro de 2013

O que acontece em Lamego, fica em Lamego!

Lamego é, duas vezes por ano, palco de um estágio da Federação Portuguesa de Karate Shotokan. E é por este mesmo motivo que Lamego se torna inesquecível para quem lá vai a primeira vez, ficando sempre o desejo de voltar.
Foi há mais de 10 anos que iniciei estas “romarias” a esta pequena, mas agradável cidade. Ainda menor de idade. Contudo, foi há precisamente 10 anos que Lamego ganhou especial importância. Foi a primeira vez que fui com os meus, meus irmãos de dojo e treinos, dois recém adultos e dois adolescentes. Tempo de inverno, camaratas sem aquecimento, janelas que não fechavam, água fria, tudo ultrapassado com o que gostamos mais de fazer …treinar Karate e divertirmo-nos! Esse ano tornou-se um ano zero nas idas a Lamego, idas essas que tiveram o seu contributo para fortalecer a união entre nós.
Desde então, ir a esta cidade tornou-se algo natural, apesar de nem sempre ser possível. Com o tempo o convívio alastrou-se a outros colegas do nosso dojo e a colegas de outros dojos, de vários locais do país. Mudaram as instalações, mudou a gastronomia (muito melhor), conhecemos pessoas que passam a fazer parte daquelas de quem gostamos de rever quando possível, como o Chefe “A” e a pobre “M” que deve chegar ao Domingo à tarde a deitar foguetes por irmos embora! Temos um bar que começa já a ser tradição para o convívio de Sábado à noite, apesar de achar que não nos chamam a atenção de nada por sermos muitos e saberem que somos do karate! Além que ganham o fim-de-semana com a nossa presença.
Desta vez realço, mais que a dureza dos treinos, o grupo que se juntou à noite nesse bar. Tanto em tamanho como em qualidade. Não se fazem bons grupos apenas com treino intenso. E o segredo de uma equipa, muitas das vezes, está nos laços que unem cada um dos seus membros. Ontem, por muito cansados que tenhamos ido hoje treinar, saíram fortalecidos.

Por tudo isto, Lamego é muito mais que um estágio de Karate!

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Rescaldo eleitoral


Acabaram mais umas eleições autárquicas e em Fafe, os vencedores de sempre. O povo assim o quis…ou não será assim?
Eu acho que se houvesse repetição das eleições o PS teria uma contundente derrota, embora isto seja eu a pensar. Porque digo isto? Porque a meu ver, a maioria dos fafenses queria uma inovação no poder camarário, independentemente da pessoa que para lá fosse. Nesta lógica, acredito que muitos que votaram PSD votariam no candidato que ficou em 2º lugar, unicamente para conseguir a tal mudança. Mas como se diz, depois do casamento não faltam pretendentes.
Já ouvi dizer, pela diferença de votos ser tão pequena, que a derrota independente se deveu a quem ficou em casa e não foi votar. Isto, como é óbvio, é uma falácia e uma tentativa de quem perdeu justificar a derrota. A primeira leitura que se pode fazer de quem ficou em casa é que, caso votasse, iria votar em branco. Em que alteraria isso o resultado final? Se acreditarmos que quem ficou em casa iria votar em alguém, porque raio se pensa que iria votar nos Independentes? Como se pode afirmar categoricamente uma coisa destas? Eu não votei, mas se votasse, unicamente por querer uma mudança, não por uma crença em determinado candidato, votaria PSD porque o seu candidato foi o que vendeu melhor a ideia que era a oposição mais forte (através do debate que fiz questão de ouvir). Como referi antes, se pudesse votar após saber o resultado das eleições votaria nos Independentes sim senhor. A ideia que tentam passar revela uma mentalidade igual à que impera. E eu, assumo, queria uma mudança em Fafe, mas uma de verdade, não apenas uma mudança em que os tachos passam de uns para outros.
Os Independentes ganharam a Junta de Freguesia de Fafe. Isto revela que Fafe, cidade, quis a mudança. Sinal que a mensagem não chegou foi a outros locais.
É uma derrota dos Independentes, uma vitória do PS, mesmo que por 15 votos. O PS, por culpa própria, colocou-se em situação de perder as eleições. Naquela salgalhada na escolha do candidato permitiram uma réstia de esperança a que a mudança pudesse acontecer. Tenho cá para mim, se o candidato do PS fosse o que todos imaginavam, a vitória seria do PS e de forma natural e com larga vantagem. Sem necessidade de mandar cartas aos funcionários da câmara a pedir votos no PS.
Fafe concelho é socialista e só o é menos quando é o próprio partido a pôr uns contra os outros. Por isso não acredito que se abra uma janela como esta tão cedo. Como já disse em tom de brincadeira e sem qualquer tipo de ofensa para as pessoas do partido, pusessem o “Costinha” como candidato e acredito que ganhavam.

Desejo um bom trabalho ao novo Presidente da Câmara de Fafe, mas acima de tudo, mesmo sendo do mesmo partido, que traga uma mudança à cidade. Uma câmara que dê oportunidades às pessoas pelo valor e competências que demonstram, pelo currículo profissional que apresentam (não o académico ou o partidário). Uma câmara que promova a igualdade entre fafenses. Uma câmara que respeite TODOS os fafenses!

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Cumprindo o meu dever cívico, não voto…

Dia 29, novas eleições, o que significa que no último mês ou dois meses, estivemos inundados de publicidade partidária. Rios de dinheiro gastos num país em suposta crise, dinheiro proveniente dos salários cada vez mais diminutos dos portugueses, gasto em brindes, concertos, jantares, cartazes etc. Falta de decoro? Para muitos não, nada de anormal, apenas a máquina eleitoral a funcionar.
Aceito que muitos não se importem dos seus impostos serem gastos assim. Apesar de não descontar em Portugal, a mim importaria se fosse o caso.
Aceito que jovens recém adultos, muitos a votar pela primeira vez, tenham o entusiamo do tão proclamado dever cívico. Principalmente, proclamado por aqueles a quem lhes interessa que se vote, os partidos. Eu também já fui assim, cheio de vontade e fé que o meu voto fazia a diferença. Não aceito tão bem é lições de moral, ainda para mais, mal-educadas e prepotentes, de quem ainda tem muito para aprender, de quem ainda faltam algumas noções de correto e errado (mas aí a culpa é da sociedade e mentalidade de onde se vive) e de quem denota partidarite acentuada. Como não me conseguem convencer, tentam obrigar-me? Só faltava essa…
Aceito que pessoas não tão jovens, continuem a votar. Aliás, democracia é isso mesmo, o respeito pelos outros. Mas aceitar não quer dizer que compreenda. Eu demorei onze anos a comprovar que o sistema político que temos não funciona, ou melhor, funciona para alguns, para aqueles que retiram todos os proveitos dele. Está para lá da minha compreensão é que quem vota há cerca de 40 anos ainda não o tenha percebido. Ou percebe, mas lidar com a política como se lida com o futebol é o maior erro que pode haver. Futebol é paixão, política deve ser razão!
Aceito que me digam para votar em branco. Já o fiz nos últimos anos. Também com o sentimento que esse voto significava uma insatisfação, que pensava eu, seria generalizada. Mas ano após ano, o voto em branco é visto como o voto dos preguiçosos, que só sabem criticar e nada fazem. Dos que não têm bem definidas as suas ideias e ideais políticos! Ideais políticos…alguém me sabe dizer o que isso é? Para mim foi uma desculpa para se formarem vários grupos, de modo a albergar o maior número de pessoas, que possam viver à custa dos contribuintes.
Se todas as pessoas que se manifestaram em Lisboa, Porto e pelo país, se todas as pessoas que criticam os sucessivos governos, se todas as pessoas que dizem que não há alternativas votassem em branco, sabem o que significava? Eleições nulas! Esse seria o poder do voto em branco se as pessoas fossem coerentes com o que pensam, mas acima de tudo, com o que dizem. A verdadeira revolução. Como isso não acontece, há sempre um partido vencedor...que no fundo, legitima este sistema e eleições futuras neste molde. Nas próximas legislativas, metem lá o Seguro para meses depois estarem de novo de passeio a Lisboa para se manifestarem…mesmo os que votaram nele! O quê? Vão-me dizer que acreditam que vai ser diferente?
Seja PS, PSD, CDS, CDU, BE etc, o mal são as bases em que se fundamentam e fundaram este sistema. Um sistema em que são os próprios políticos que decidem os seus direitos (e nenhuns deveres) e benesses. Um sistema construído por políticos, mantido por políticos, para benefício próprio e dos seus. Um sistema em que são os favores e amizades que levam aos cargos e não a competência. Sem qualquer tipo de responsabilidades perante o povo! Povo que na vive ilusão que o direito ao voto lhe dá poder de escolha. Dá, sem dúvida, poder de tirar um e mandá-lo estudar filosofia para Paris e, de seguida, colocar outro, que no fim terá destino parecido. E depois de tudo o que fizerem ainda se lhes permite, um dia mais tarde, candidatarem-se a presidentes da república.
Ouvi num filme americano recente algo assim “Antes de sermos eleitos a 1ª vez fazemos de tudo para o conseguir…mal somos eleitos, já estamos trabalhar para a reeleição”. Duvidam de isto? Eu não.
Muita gente diz que se não voto perco o meu direito de manifestar-me contra quem nos governa! Acho que não. Acho que ganho um direito. Além de poder manifestar-me contra quem me governa (mal seria se não tivesse esse direito, votando ou não), ganho o direito de me manifestar contra quem vota e sustenta este sistema! Se o aceitam, não reclamem das subidas de impostos, do aumento do desemprego, dos direitos abusivos dos políticos etc. Eu continuarei a reclamar de consciência tranquila, pois não ajudei ninguém a subir ao poleiro.
Um dia que as regras mudem, que se responsabilize civicamente quem governa por gestão danosa, que as pessoas ocupem os cargos por mérito e competência, nesse dia…repenso a minha postura.

Dia 29 não voto, mesmo que haja candidatos que possam merecer a minha confiança (sendo autárquicas é mais fácil eu conhecer pessoalmente as pessoas). Não é acreditar numa pessoa, que me faz acreditar no sistema. Não admito que me acusem de incumprimento cívico. O cumprimento cívico há muitos anos era dizer ámen a uma ditadura. A minha decisão é mais que pensada, ponderada e responsável, ao contrário da de muitos que vão votar!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Festa da juventude ou aproveitamento do barulho da juventude?

Fim-de-semana passado venho a Fafe e qual não é o meu espanto ao ver uma rua habitacional (movimentada) cortada, com a monstruosidade de um palco montado mesmo no meio da via! Hoje, pelo barulho, imagino que haja mais do mesmo na mesma rua. Dizem, não sei quem, mas dizem, que são as festas da juventude…mas não de qualquer uma! Na semana passada era da democrata, hoje da socialista. Ou será ao contrário? Tanto dá, volta e meia e a coisa é a mesma!
Em tempos de eleições, má seria a mente que pensasse que estas festas encobrem algum tipo de campanha…dos que não são jovens! Os candidatos à autarquia vão lá discursar apenas porque vão a passar na rua e resolvem dar uma palavra de apoio!
Contudo, mais que o abuso que me parece ser cortar uma via, é o abuso de ter música a tocar até às 3h da madrugada, com habitações a metros do local do concerto! Obrigar pessoas a sair das suas casas para conseguirem dormir (as que têm outras alternativas). Isto é abuso daqueles que são eleitos para zelar pelo bem da sua comunidade, pois esta situação tem que ter o beneplácito quer de partidos, quer de quem lidera a autarquia neste momento.
Ainda há uns meses milhares foram a Lisboa protestar contra as medidas de austeridade, contra o governo cortar e manter certo tipo de gastos! São as mesmas pessoas saltam e aplaudem (de bandeirinha na mão?) as várias festas das campanhas eleitorais que assolam o país neste momento! Aplaudem campanhas apelativas a nível de imagem, mas ocas de conteúdo! Campanhas caras…quem as paga? Uns dirão que são os partidos…eu acho que não!

Hoje disseram-me que um catedrático disse “Vivemos num país de bananas, governado por sacanas!”…estou na tentação de concordar!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

(Con)fusão entre real e virtual...

Ontem foi dia de estar com pessoas a quem muito quero e com quem, por várias circunstâncias, não é possível ter uma convivência mais assídua. O que interessa é que quando nos juntamos, a confiança e o à vontade permaneçam iguais.
No segundo café do dia, um dos assuntos à baila foi o facebook e originou uma breve troca de ideias que dão que pensar.
Eu não tenho problemas em admitir que uso assiduamente o facebook. Às vezes tenho-o ligado e nem estou presente. Partilho fotos, pensamentos, textos, sentimentos momentâneos, falo muito com pessoas que estão longe. Admito que uso e partilho mais coisas do que o que devia. Ponho em causa a minha privacidade, mas creio que o importante é ter noção disso e até hoje nunca tive problemas. Jogo e aceito as regras do jogo. Esta é a minha opinião e noção sobre o facebook.
O que acho que é preocupante, é que as pessoas transportem o facebook (quem fala nesta rede social fala noutras coisas do mundo virtual) para qualquer sítio a que vão. Quando saio da porta de casa para fora, acabou o jogo. Há um mundo real que é preciso viver, conhecer e desfrutar.
Aqui, eu e a minha amiga, encontramos um ponto em comum sobre este tema. Qual o sentido de se ir a um café, supostamente para conviver, e termos o nosso interlocutor sempre com os olhos fixos num pequeno ecrã e com as mãos num frenesim nervoso, teclando teclas sem parar? Eu acho e quero acreditar que as pessoas que o fazem, e são muitas, fazem-no sem terem noção disso. Se têm noção, a mim já me parece falta de respeito e consideração pela pessoa que têm ao lado. Falta de respeito pela falta de atenção ao que se possa estar a dizer. Falta de respeito por uma pessoa que dispensa algum tempo do seu dia para partilhá-lo com alguém que não lhe dá o devido valor.
Como é que é possível que, estando cara a cara, às vezes parece que para se ter uma conversa com a pessoa à nossa frente, é mais fácil ir ao chat do facebook do que falar? Eu para isso não preciso de sair de casa. Deixo-me estar no conforto dela.
Acredito que haja pessoas com dificuldade para manter uma conversa durante quinze minutos, quanto mais manter uma durante uma hora ou mais. Lá está, pode ser falta de cultura geral, falta de temas e assuntos interessantes para falar. Pode ser que eu e outras pessoas como eu, que vão tomar um café para socializar, não tenhamos assuntos interessantes ou não sejamos interessantes ao ponto de motivar a atenção da outra parte.
Quem me conhece sabe bem que eu não troco um bom convívio por ficar colado ao pc, seja no facebook ou noutra coisa qualquer. Eu gosto de estar com pessoas com as quais uma hora (ou mais) passa a voar. Gosto de estar com pessoas que tenham atenção ao que eu digo, que mostrem como são ao vivo e não atrás de um teclado. Porque num cara a cara não há cortinas que tapem o que somos. Há olhares e entoações que denunciam verdades ocultas quando se fala virtualmente. Há pessoas que ao vivo se tornam desinteressantes, quando não há frases feitas, que se vê num perfil qualquer, para lançar.
E há outra coisa, enquanto que no face podemos estar com várias conversas simultâneas em que umas frases de vez em quando a cada um servem para manter o diálogo, ao vivo temos que falar apenas com a pessoa que está connosco. Admito que seja mais difícil…mas também muito mais interessante.

Claro que só posso considerar amigos (as) aquelas pessoas que me fazem sentir à vontade, que conseguem e fazem o favor de deixar o mundo virtual para passar um pouco de tempo comigo. Quanto aos outros, não sei o que são…mas sei o que não são!

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O tempo passa…

Hoje está de parabéns o meu pequenote, o “J” faz um ano! Parece que ainda foi ontem que nasceu e mal abria os olhos! Dentro de pouco tempo já andará atrás das meninas com aquele sorriso que derrete qualquer um!
De parabéns está também a minha afilhada, a “J”, um pouco maior que o meu afilhado, acaba de entrar para a universidade. É com alegria que a vejo a iniciar um caminho que eu já percorri e que tantas experiências novas me proporcionou.
Sempre fui um padrinho babado, desde que a “J” era ainda bebé. Agora sou-o a dobrar! Ser padrinho foi e é umas das melhores experiências que me podiam ter acontecido.
Que hoje seja o primeiro de muitos aniversários para o meu afilhado!

“J”, um beijinho do padrinho

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Piropos, ser ou não ser, eis a questão!

Quero antes de mais ressalvar que, por muito que de vez em quando gostasse de ter arte de mandar um bom piropo (educado e engraçado), que por vezes é uma das formas de galanteio, não sou capaz de o fazer. Personalidade, timidez, educação, não querer infringir a liberdade dos outros...não sei, mas não o faço.
Li um texto no facebook, que me fez reflectir sobre a minha tomada de posição, pondo-me um pouco na outra parte. Chego à conclusão que os piropos, tanto podem ser inocentes como podem ser ameaçadores.
Mais que o texto, achei interessante o debate dos comentários. Eu fui mais um dos que relevou o assunto para segundo plano, porém faço agora um mea culpa. Talvez baseasse a minha ideia na experiência de ver várias mulheres (muitas delas conhecidas), por mais ou menos ordinário que fosse o piropo, porem aquele sorriso que diz algo "Que parvo!", mas que significa um "Até soube bem".
Não sou especialista em direito nem em semântica, porém tenho opinião de senso comum. A meu ver um "és bonita", dito numa única ocasião, por exemplo, de modo algum pode ser considerado falta de educação, assédio etc. E é aqui que a questão das bloquistas peca, por meter tudo no mesmo saco.
Não gostariam elas de ouvir de vez em quando um "És bonita" ocasional, até dito por alguém que nada pretende delas? Eu sou sincero, eu gostaria e gosto. Mesmo que ache que a rapariga nem é muito bonita. Até as senhoras idosas do meu serviço, tendo já critérios bem menos exigentes, quando dizem isso me fazem sorrir. Prefiro pensar que é por terem mais anos de sabedoria em cima. 
Creio ser este ponto o que levou a maior parte das pessoas, homens e mulheres, a dizer que às tantas elas avançaram com isto porque não ouviam piropos. Há muitas mulheres que ao ouvir um “és bonita” ou mesmo um “olá”, pensam logo que a outra pessoa quer algo perverso com elas. Claro que se for um candidato a modelo a dizer algo assim, alto lá e para o trânsito! Aí até o admitem e acham piada! Acho era aqui que devia ter sido feito um aparte na proposta do BE. Não se pode misturar alhos com bugalhos. Nem simplificar demasiado as coisas. A sociologia serve para alguma coisa, estuda, aprofunda e explica os fenómenos sociais. E é disso que se trata, um fenómeno social.
Claro que a mesma afirmação, dita de forma continuada, pode criar um mal-estar, um desconforto, podendo a meu ver ser considerado assédio, não sei em que grau ou se tem grau. Falem com o pessoal da CIPE que eles ajudam com isso.
Agora um "comia-te toda" (peço desculpa pelo "calão", mas sou mesmo mau a nível de piropos...mesmo não considerando isto um piropo), ocasional ou não, mesmo havendo raparigas que gostem, será sempre ofensivo, calunioso, assédio (creio que é um manifesto de intenção, até um pouco violenta). Eu próprio, sendo homem, apesar de nunca me terem dito algo do género (lá serei eu susceptível a que me digam que é por isso que o digo), tenho a certeza que não gostaria de ouvir isso. Porquê? Porque acima de tudo é revelador da falta de educação e de respeito por parte de quem o diz e esse tipo de pessoas não tem nenhum interesse para mim…apesar de admitir que para outros possa ter. Como em tudo, há quem apenas procure caras (e corpos) bonitos, há quem procure algo mais.
Agora um raciocínio só para os homens, muitos dos quais gozaram com a tomada de posição do bloco de esquerda (também para mim portanto), que tenham mãe, mulher, filhas, primas, sobrinhas, amigas…que sentiriam/fariam se vão na rua e ouvissem alguém dizer um “comia-te toda” à pessoa do sexo feminino que vos acompanha? Às tantas nunca aconteceu, porque a presença de alguém do sexo masculino inibe isso por parte dos outros homens. Reformulo…se soubessem que alguma mulher conhecida vossa estivesse a ser alvo de este tipo de má educação, assédio e invasão de liberdade, de forma continuada (principalmente) ou não, iriam ficar impávidos e serenos? Porque um “comia-te toda” pode ser apenas uma frase proferida devido à pouca ou nenhuma inteligência e educação de quem o diz…mas pode também significar um manifesto de intenção. Tal como um “és bonita” contínuo e insistente. E aqui é preciso ter atenção e muito cuidado.
Acredito que acima de tudo, esta situação das ofensas verbais, designação na qual incluo os “piropos” que realmente deviam ser visados pelas bloquistas, é fruto de uma educação social e de um civismo carentes, muito pobres mesmo, baseados no “vivemos em democracia, podemos dizer o que quisermos”. Mas é uma educação social pobre nos dois sentidos, pois uma rapariga que ache piada a uma ofensa verbal, tem tanta culpa como quem a faz, pois ajuda a fomentar este tipo de acções. Ensine-se a respeitar e a fazer-se respeitar a liberdade de cada um.

Não se esqueçam que as pessoas, todas elas, têm o direito de andar na rua livremente, sem se sentirem incomodadas, agredidas e com medo. Seja por um delinquente, um mal-educado, um cão solto ou sem açaime etc.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Em defesa do Hospital de Fafe...os verdadeiros motivos!

Utopicamente falando, o ideal seria ter um hospital à porta de cada cidadão ou, para não ir tão longe, um em cada cidade, vila ou aldeia. Eu sei disso, isso é o que todos queremos, eu ainda mais pois talvez assim tivesse trabalho no meu país.
Desde há uns tempos fala-se na passagem de vários hospitais para a Misericórdia, o que tem provocado muita celeuma. Falarei apenas da questão do de Fafe, ou da falsa questão, porque é a cidade onde nasci, é a minha terra natal. E apesar de ir a Fafe mais ou menos de 15 em 15 dias, conheço um pouco a realidade do hospital. Tem uma urgência básica, creio que uma ala de internamento de medicina e outra ala de internamento de cuidados continuados. Desconheço se ainda se opera lá. E a revolta das pessoas, pelo que me apercebo, está em que o hospital com esta mudança possa vir a perder valências. Pensando eu com os meus botões, acho que se mudassem o hospital apenas de local, mesmo dentro de Fafe, iria sempre provocar manifestações em contra.
Argumenta-se que faz falta uma urgência em Fafe, quer para servir as gentes do concelho, quer para servir as gentes de Basto (Celorico, Mondim e Cabeceiras), salvaguardando a segurança destas, porque senão teriam que ir para Guimarães, que fica longe! Serei eu o único a ver a incongruência deste argumento?
Pois bem, na minha análise de senso comum, as urgências do hospital seriam facilmente substituídas por umas urgências de centro de saúde, até porque as urgências mais emergentes, são encaminhadas para outros hospitais. Os problemas que resolvem um e outro serão idênticos, umas gripes, umas constipações, umas dores de cabeça, umas dores de dentes etc. Voltamos à velha questão…não admira que faça falta urgências, devido ao mau uso que delas se faz. Meus amigos, isto já não são falta de recursos humanos e materiais, é questão de civismo e educação social.
Quanto ao outro argumento, de solidariedade com as pobres gentes de Basto, faço uma pergunta…nós temos Guimarães, com Hospital a sério, a 10/15 minutos. Os de Basto, a quanto têm? Não é ter um hospital em Fafe que lhes dará grande apoio, por pouco mais de tempo chegam a Guimarães. O que lhes daria um grande apoio era terem um hospital de verdade nas terras de Basto, não acham? Se somos assim tão solidários, manifestemo-nos, isso sim, a favor da construção de um naquela zona. Se acham que aquela gente fica bem servida com um hospital em Fafe, ficaremos nós ainda melhor…um na zona de Basto e outro em Guimarães! Seríamos uns sortudos!
Tendo em conta a realidade portuguesa e europeia, defendo a continuidade da instituição aberta, isso sim, como unidade de cuidados continuados, algo que já vem sendo feito neste hospital. Além de ser algo muito em falta, ajuda a libertar camas dos hospitais de verdade de doentes que não necessitam de lá estar, mas que também ainda não estão prontos para ir para casa. Camas que podem fazer realmente falta para outros doentes. Além que uma noite de internamento num hospital é muito mais cara que numa unidade de cuidados continuados. Não estamos nós em crise?
Respeito quem defende a continuidade do hospital como está, mas não concordo com os argumentos apresentados. São falsos argumentos. Esta é uma reivindicação de querer por querer, de hábito, sem fundamento algum…quantos dos que se manifestam a favor da manutenção do hospital, quando têm algum problema vão a correr a Guimarães ou ao privado? Aí já não serve? Já não é útil ter o hospital perto de casa? Para muitos o Hospital serve como tema de debate e para aparecer em manifestações, para outros serve para as campanhas eleitorais…se bem que duvido que os políticos da terra façam muito uso dele.
Podem-me acusar de ser menos da terra por defender isto. Quem o dirá serão certamente mentes cerradas, hipócritas em que Fafe é o centro do mundo e eles querem ser figura de destaque nesse mundo. Estou farto de em Fafe governar a política do “Se não estás comigo, estás contra mim”, numa ditadura intelectual que se diz democrática.
Nasci em Fafe, vivi em Fafe até aos 18 anos, vou lá regularmente e represento o nome de Fafe. Quero que Fafe cresça e evolua como qualquer fafense. Posso é ter uma ideia de evolução um pouco diferente da de muitos que nunca saíram de Fafe ou que já estão acostumados ao que têm.

Preocupem-se com coisas verdadeiramente importantes e deixem-se de egocentrismos disfarçados. Podem querer um hospital em Fafe…mas sejam sinceros no que pedem, não é por necessidade de ninguém, é simplesmente por comodismo!

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Profissionalização…a melhor defesa dos Soldados da Paz

Muito se tem falado nos últimos dias dos bombeiros, infelizmente devido ao elevado número que tem perdido a vida no combate aos inúmeros incêndios que lavram por todo o país. Porém, e na minha opinião, pouco se tem falado na questão essencial e que será a melhor defesa que se pode fazer a estes homens e mulheres…para quando o fim do voluntariado e a profissionalização total desta nobre e mais que necessária profissão?
Não quero menosprezar, de modo algum, o trabalho dos bombeiros voluntários. Acontece que, para mim, a evolução das profissões tem que passar obrigatoriamente pelo profissionalismo. Só um profissional pode estar apto físico, técnico, cientifico e psicologicamente para desempenhar as suas funções a 100%. Aconteceu o mesmo na minha profissão, durante muito tempo desempenhada de modo voluntário por freiras…mas a evolução só se deu depois disso.
Eu não tenho nenhum estudo feito, não é uma evidência científica o que vou dizer, mas este ano parece haver mais mortes de bombeiros que nos anos anteriores. Não sei as causas, não sei o que pode ser feito para que se possa evitar estas situações. Ouvi falar em dotar de mais meios as corporações. Para mim, que falo da minha ignorância (ou não), a melhor arma seria ou será a profissionalização. Permitirmos a quem está a pôr em risco a sua vida que o faça com concentração absoluta no que faz, sem ter que pensar nos problemas que tem no trabalho que lhe dá o sustento, nem acusar o cansaço que este lhe provoca. O cansaço, a falta de concentração, como em qualquer profissão, levam ao erro. O erro num bombeiro pode levar à sua morte. Alguém me sabe dizer um dado muito simples…dos bombeiros que morreram, quantos eram voluntários e quantos eram sapadores?
Dou valor ao que os voluntários fazem, ao arriscar a vida em troca de nada, ao defenderem o que não é seu apenas por altruísmo. Mas aqui coloco outra questão, porque a perda de uma vida humana é a única coisa que não tem reparo. Qual a necessidade de morrer um bombeiro a salvar um monte de mato? Qual a necessidade de morrer um bombeiro a salvar uma casa das chamas? Se nem eu nem qualquer pessoa, que sejamos proprietários desse monte ou casa o faríamos? E que me perdoem os bombeiros, mas aqui não é uma questão de altruísmo. Se não há vidas humanas a salvar, muito menos devia de haver vidas humanas a lamentar. Aqui parece-me mais ser uma questão de má avaliação de prioridades. Não me venham com o argumento que pensam nos bens das pessoas ou que se fosse eu que estivesse com a casa a arder ia querer que a salvassem a todo o custo! Eu nem quero imaginar como me sentiria se alguém morresse para salvar uma casa minha ou um carro meu. Isto também é muita culpa da sociedade em que vivemos, em que as prioridades estão invertidas…o material à frente de tudo, a qualquer custo.
Todos os anos que vivi em Fafe, tirando os 2 primeiros da minha vida, foram passados ao lado do quartel dos bombeiros. Passei muitas horas a brincar juntos aos carros, incluso dentro do quartel, fascinava-me ver o helicóptero a ir e voltar, pouco me incomodando o barulho que fazia. Mas há uma imagem que me recordo muito bem, que era de bombeiros em amena cavaqueira, no cafezito que tinha lá, a beber umas cervejas e a passar o tempo. E de certeza que isto não acontece só na minha terra, porque o hábito da cervejinha está bem assente na nossa sociedade e em várias profissões há pausas para beber a dita. Mas nesta não é admissível. Como se sentiriam se um cirurgião que vos fosse operar, antes da operação, tivesse estado no bar do hospital nos copos?
Há outra imagem bem recente, nas obras do quartel da minha terra, em que as próprias obras e a sua má sinalização estavam a aumentar o risco de acidentes e atropelamentos, com o beneplácito da polícia local e sem qualquer intervenção dos bombeiros e dos seus responsáveis…até serem chamados à atenção por um cidadão voluntarioso e mais que amador no que toca a proteção civil. São situações destas que não podem acontecer, amadorismo e atitudes negligentes.
A profissionalização traz maior responsabilização, ajudando a reduzir o risco de erros. Ouço muitas vezes, quando se questiona a actuação dos bombeiros, que coitados, eles já fazem muito ao fazerem o que fazem de forma voluntária. Não questiono, mas isso não pode funcionar como desculpa. Todas as profissões podem ser criticadas, tem é que ter argumentos para se defenderem.
Eu defendo a profissionalização, porque tem que haver (e há) diferenças obrigatórias entre um profissional e um amador, sem ser apenas a questão monetária. Não ponho em causa a entrega à causa humanitária por parte dos bombeiros voluntários…ponho em causa é a sua disponibilidade (a todos os níveis) para uma profissão tão exigente e de enorme responsabilidade.

A mim revolta-me, eu que adoro futebol, que se fale tanto da profissionalização dos árbitros e que de algo tão importante se assobie para o lado. E o estado agradece, claro, pois mão-de-obra de graça é o que o país precisa.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Emigração…em busca do vil metal?

Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que respeito quem opta por não emigrar. Cada um sabe dos seus motivos, uns mais fortes que outros, mas todos válidos. E quando falar em emigração, falarei de enfermagem, que é a que sinto mais à vontade de abordar.
Esta semana li e ouvi por diversas vezes uma ideia sobre a emigração…ou a não emigração, opiniões sustentadas na maior parte dos casos por um artigo de um jornal que dizia que as relações pessoais também contam na hora de emigrar.
Segundo esta ideia, passada por várias pessoas, quem emigra perde momentos preciosos com a família e amigos, perde a possibilidade de comer pratos tradicionais do seu país, perde o contacto com a terra, no fundo perde a felicidade que lhes dá Portugal. Eu pergunto, quem emigra não saberá isso tudo? Não sentirá (sofrerá) mais do que qualquer outro essas faltas? Não terá ponderado sobre o assunto? Creio que este discurso é um pouco demagógico. Foi preciso sair um artigo para chegar a esta brilhante conclusão!
Faço outra pergunta. Será a emigração uma opção? Claro que sim, opção é, agora é preciso saber o que leva as pessoas a tomar essa opção. Ou pensam que a maior parte de quem emigra não gostaria de trabalhar em Portugal?
Dinheiro, dinheiro e dinheiro…foi esta a ideia que esteve em voga esta semana. Nós, tal e qual como mercenários, abandonamos tudo que amamos pela ganância de enriquecer. É esta mesma ideia que eu não aceito nem respeito, pois considero ser mentira e insultuosa para os milhares que emigraram nos últimos anos. Poder-se-ia dizer isso se houvesse trabalho dignamente pago em Portugal. Não o há.
Claro que há dinheiro envolvido e uma procura de melhores condições. Mas quem opta por ficar dizer “que o dinheiro não compensa tudo” é mesquinho e de muito baixo nível. Se fosse psicólogo, diria que há uma vontade reprimida por detrás disso e uma necessidade de se convencerem a si mesmos que optaram correctamente ao ficar no país.
Eu emigrei, para perto, mas emigrei. Por muito longe ou perto que se esteja, o atravessar de uma fronteira implica automaticamente uma necessidade de adaptação. Mas para não falar de mim, pego no exemplo de muitos amigos que emigraram para mais longe. E peço-lhes desculpa por falar por eles, mas tenho segurança no que digo, quando digo que o dinheiro não foi o seu móbil.
Porque emigramos?
Dignidade e respeito. Dignidade e respeito por nós, pela nossa profissão, pelos colegas que trabalham em Portugal, pelos doentes…pelo sonho de queremos ser enfermeiros. Não somos mercenários.
Os enfermeiros em Portugal ganham mal (mais os do privado que do público, de modo geral), como ganham por esse mundo fora. Compare-se os salários com o nível de vida de cada país e percebe-se que ser enfermeiro não serve para ficar rico. A diferença é que, fora de Portugal, não se encontram salários equivalentes a ganhar 500 e 600 euros no nosso país (como me foi proposto num privado do Minho).
Emigramos na procura de propostas dignas, mas sobretudo, na procura de propostas. Esses que dizem que emigramos por dinheiro, imaginam como seria se os milhares de enfermeiros que emigraram não o tivessem feito? Será que quem ficou no país por amor (seja ele qual for e a que for) teria trabalho ou ganharia o mesmo? Com tantos milhares de emigrados, acham que havia empreendedorismo que chegasse para todos, sendo que emigrar é uma forma de empreendedorismo?
A nossa emigração, embora não se fale nisso, ajuda a travar ligeiramente a “prostituição profissional” que grassa na Enfermagem, favorecida por chulos que, mais que aproveitarem-se do excesso de mão-de-obra, aproveitam-se da falta de respeito que os próprios profissionais têm pelo que fazem. Eu respeito quem decide ficar em Portugal, mesmo que fazendo outras coisas, mas não respeito quem trata desta maneira a sua profissão.
Emigramos porque não temos trabalho em Portugal, nem tivemos “sorte” (não da que se procura, mas da que se conhece) de arranjar trabalho digno perto de casa. Emigramos porque nem todos têm suporte familiar que lhes permita esperar pela “sorte” ou nem todos querem ter essa dependência familiar. Emigramos porque todos temos o sonho de ser aquilo pelo qual lutamos…ser enfermeiros.
Por dinheiro emigram aqueles jogadores de futebol do Benfica e Porto, que em Portugal ganham num mês o que eu ganho em 3, 4, 5 ou 10 anos.

Como em tudo há excepções que, como em tudo, confirmam a regra. Peço-vos um favor, não digam que emigramos por dinheiro. Eu também não digo que não emigram por comodismo, inaptidão ou desonestidade profissional. E não o digo porque, apesar de haver quem não emigre por esses motivos, haverá sempre alguém que não o faça por outros motivos importantes. Só que neste caso, ao contrário de quem emigra, não sei qual é a excepção e qual é a regra.

domingo, 18 de agosto de 2013

Protectores dos animais…fanatismo da hipocrisia!

Antes de escrever o que seja, sei que o que vou dizer vai ser algo que gera controvérsia e vai afectar a suposta honra de muita boa gente que anda por aí.
Nos últimos dias assisti no facebook a duas situações de enviesamento da informação partilhada, de modo a que a informação servisse de ataque a quem supostamente maltrata animais.
Numa delas, uma foto de um cão preso num pequeno atrelado, e quem publicou isso identificou (sem ter nada a comprová-lo) que era um caso de maltrato de caçadores a animais. Como se o comum dos mortais não pudesse maltratar um animal, tinha que ser um caçador. Não sou caçador, mas conheci alguns. Maltratavam animais? Pelo contrário. Criavam-nos e tratavam-nos bem…como animais que eram. Infelizmente, para os “protectores”, não os levavam a manicura nem ao cinema, logo esses animais são vítimas de maus tratos.
O outro caso diz respeito a partilha de uma foto dupla, em que há o touro que tem uma espada espetada (dizendo que é legal) e, ao lado, alguém a fazer um grafiti (dizendo que é ilegal) e usou-se essa foto para atacar a tourada ocorrida em Viana do Castelo. Neste caso, ou há ignorância de quem publica ou esperteza. Ignorância, pois se for alguém que é mesmo contra as touradas e não se lembra apenas quando alguém diz “Vai haver uma tourada, vamos fazer barulho para vir as televisões!”, saberá que touradas de morte em Portugal são ilegais. Por isso, a foto que publicou refere-se a duas questões ilegais em Portugal. Mas sendo pessoa esperta, pode ocorrer o caso de ter publicado isso sabendo que uma foto de uma morte de um touro choca mais que a de uma simples lida à portuguesa.
Eu não sou caçador, nem sou fã de touradas (nunca vi nenhuma ao vivo e na tv já não vejo há uns anos). Mas há aqui um grave problema de fundamentalismo, que tem por detrás hipocrisia e, acima de tudo, o querer controlar a liberdade dos outros.
Fico triste ao ver pessoas dizerem que gostavam que caísse uma bomba no recinto da tourada e que matasse aquela gente toda! E tem esta gente lata de falar que são contra massacres? Tourear não, que é horripilante, agora uma bomba no meio daquilo (só não o fazem porque não podem mesmo) era de louvar. É a mesma coisa se eu dissesse que devia cair uma bomba no Estádio do Dragão. Enfim…
Quanto às touradas, respeito quem gosta e respeito quem não gosta porque acha violento. Não sei se o animal sofre ou não, se sim, também acho que podiam arranjar um mecanismo sem ter que espetar as bandarilhas no touro. Mas fora isso respeito. Dizem os anti touradas (alguns têm cornos piores que os touros) que deviam de acabar com isto. Muitos deles, pessoas que vendo um animal dizem “ai não me toques”! Agora eu pergunto…vão eles fazer criação do touro bravo? Sabem quem cria este tipo de touro e para que o cria? Ou seja, os tais protectores dos animais estão a pedir a extinção de uma espécie. Um pouco demagógico, não?
Mas é fácil apanhar em falso estas pessoas num rol de convicções falaciosas.
Vejamos, em primeiro lugar, só pode ser protector dos animais quem for vegetariano. Como já me disseram que os caçadores caçam por desporto, eu também digo que quem come carne, come por desporto. É sabido que uma dieta vegetariana é completa e, caso não seja, pode ser complementada com suplementos. Meus amigos, estamos todos a condenar animais devido à nossa gula! Protectores dos animais, vocês comem animais por prazer! Além que fomentam uma indústria que os cria em grandes quantidades e com poucas condições! Seus bandidos! Se fosse a vocês praticava um Harakiri agora mesmo …vá lá, estou a brincar!
Em segundo lugar, se defendem os direitos dos animais, deviam protestar contra a construção de autoestradas, casas, prédios, shoppings e qualquer tipo de obra humana, uma vez que destrói o habitat natural de várias espécies. Deixem também de andar de carro, já que impedem os animais de vaguear pelo mundo livremente (além de matar muitos insectos…sim, são animais), ou eles não têm direito disso? Além que poluem o ar e quem sofre são os pássaros! A chatice é terem que ir para as manifestações contra touradas a pé! A quem ainda não o fez, podem praticar agora o Harakiri…vá, estou a brincar outra vez!
Em terceiro lugar, gosto muito de animais, mas não sou hipócrita. O mundo, neste momento, é feito para a vida humana e manietado nesse sentido…e isso é o grande atentado à vida animal (não são os caçadores nem as touradas). Contudo, não estou a ver alguém a querer voltar às cavernas, pois não? Agora a sério, à terceira é de vez, pratiquem o Harakiri…ahah, sou um brincalhão!
Acho muito bem que actuem contra o abandono animal e contra as situações de maus tratos contínuos. Mas sabem o que eu acho que deviam muitos deles fazer? Tratar e cuidar melhor das pessoas, em vez de igualar a vida humana à vida animal. A maior mentira que preconizam é que um defensor dos animais é melhor para as pessoas. Será assim? Como se admite dar de comer a um cão vadio e deixar uma criança ou um sem-abrigo sem comer? Como se admite pegar no primeiro gato ou cão vadio e levá-los para casa ou a uma instituição, porque podem morrer de fome e frio, e deixar uma pessoa sem casa a morrer dessas mesmas causas? Como se admite levar o cão para as férias e abandonar os velhos em lares, hospitais ou em casa? Como se admite que façam queixa contra um vizinho que maltrata o cão, mas fiquem mudos perante as coças que a vizinha apanha do marido? Como se admite que se vá para manifestações anti touradas e em casa batam nas mulheres?

É por isto tudo que, em vez de considerar os protectores dos animais uns anjos, considero-os pessoas autoritárias (no sentido de ditadores), com muito pouco respeito pela liberdade dos outros quando não coincidem com as suas ideias e com uma filosofia de vida baseada numa grande hipocrisia…ignoram (por vontade própria) que a sua existência e modo de vida é, por si só, um maltrato à vida animal.


(tradução do vídeo "Cometo Harakiri em nome de todas as vacas, bois, cabritos, galinhas, perús, patos, bacalhaus, sardinhas, camarões e lampreias que comi!"

sábado, 17 de agosto de 2013

Fátima...ou Fátima SA?

Em primeiro lugar isto não é um texto religioso nem contra o que quer que seja. É apenas a constatação do que vejo ano após ano. Se acredito em Deus? Sim, acredito numa entidade superior, denominador comum a todas as religiões (porque será que a nossa é a verdadeira? Não é esse dogma, igualmente comum a todas as religiões, causa de milhões de mortes?).
Como é hábito/tradição, sempre que regresso de férias do sul com a família, faz-se uma breve paragem em Fátima.
Quando era pequeno, quando acreditava que a história de Jesus (e as da Bíblia) foi tal e qual como a igreja diz, que morreu da maneira que morreu, eu entrava no santuário e fazia uma sentida homenagem à imagem de Cristo (aliás, presente em todas as igrejas). Depois cresci, fui lendo coisas (o livro o “Último Segredo” apesar de ficção, faz uma verdadeira análise Histórica ao livro de ficção “pouco” científica Bíblia), soube que os nossos Adão e Eva foram uns macaquinhos etc. Fui a Roma, ao Vaticano…vi uma indústria que não o deveria ser. Vi uma demonstração de riqueza (igrejas cobertas de ouro entre outras coisas) de quem supostamente faz voto de pobreza. Será que são seguidores degenerados de Cristo…ou, pelo contrário, são na verdade fiéis seguidores? Como se sabe que Cristo foi como se diz que foi? Meus amigos, investigações (ou melhor, não investigações) da igreja não contam. Para mim é o mesmo que o Macdonalds dizer que a comida deles faz muito bem e devia ser menú diário das pessoas. Há historiadores com obras publicadas, em que analisam cientificamente (sim, história é uma ciência), com muito maior objectividade que a igreja, o percurso do Cristianismo
Voltando à nossa Fátima, deixo a questão do “foi ou não foi verdade o milagre?” de parte. Nisso, tal como na igreja, acredita quem quer e eu respeito. Não consigo respeitar é o negócio “Fátima”. Não falo da cidade que acolheu o dito milagre, mas sim do “shopping” em que se tornou o santuário.
A começar pelas pessoas, muitas parecem vindas directas da praia (ou que iam para lá). Cada um veste o que pode, ok, se uma pessoa não tem mais nada para vestir deve ter o direito de professar a sua fé, mas…
Depois há a questão das velas, em que se as pessoas derem o dinheiro correspondente ao preço (sim, preço) da vela, não precisam de queimar a vela que a promessa fica paga na mesma (está lá escrito numa placa, não é invenção minha)! É a mesma coisa que eu dizer “Dão-me o dinheiro de um pão e não precisam de o comer que ficam sem fome na mesma!”! Será que se levar uma vela dos chineses conta? Há ainda a questão das esmolas, em que, muitas vezes, quem dá são as pessoas que podem menos, já nem digo menos que a igreja, porque aí podemos todos menos que esta instituição. Este ano, para cúmulo, vi que fizeram uma igreja (ou espécie de) no lado oposto ao Santuário. Entrei…para meu espanto, não há sala de cinema ou auditório no país maior e melhor que aquilo! Parecia algo mais ao estilo da IURD…às tantas querem fazer concorrência!
Muitas pessoas criticam o futebol e o dinheiro que se gasta. Respeito essa opinião. Porém há uma diferença. Eu vou a um jogo ou sou sócio de um clube e as pessoas dessa instituição são honestas comigo. Aquilo é um espetáculo, um negócio e, como tal, paga-se. A igreja, tendo como pano de fundo o “clube” Fátima, que também tem os seus espectáculos, dissimula o pagamento, passando a ideia que é de graça. Mas não é…
A melhor designação que ouvi ate hoje (presente na peça em baixo), foi a de Fátima SA! Sem tirar nem pôr!

Repito, não sei se o milagre é real ou não…sei, isso sim, que aconteceu para a igreja e para o seu regozijo!

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Looking for Paradise

Certamente não há nenhum lugar na Terra que se assemelhe ao paraíso…pode haver sítios paradisíacos, que é algo diferente. Ser turista nesses ditos lugares é, de certeza, muito diferente de viver o dia-a-dia como nativo.
Por isso, para mim, o mais perto do paraíso que se pode estar (estando vivo) é quando estamos de férias, com bom tempo, boa praia, uma água que não nos gela os ossos, quando fazemos umas corridas matinais e uns passeios noturnos, comemos alimentos mais leves, bebemos uma boa cerveja, vemos o início de época do Benfica (mesmo que periclitante), lemos bons livros e atualizamos o nosso videoclube.
Desde há uns tempos para cá, o que mais valorizo nas férias é o descanso físico e psicológico. Muita gente aproveita esta altura do ano para sair para as várias festas noturnas, que se celebram por todo o país, aproveitando o não ter que se levantar cedo nos dias seguintes. Admito que cada um descansa como bem entende, mas eu já passo mais de metade das noites do ano acordado, por isso aproveito as férias para dormir de noite, na tentativa vã de recuperar um pouco do que dificilmente será recuperável…o sono em atraso.
O sair à noite, não sendo o que mais me cativa, é algo que prefiro deixar para o resto do ano, para as minhas folgas. E a verdade é que me sinto rejuvenescido com o deitar nunca depois das 24h e acordar às 7h, com uma pequena sesta no intervalo da praia.
A seguir ao descanso, o que mais apraz é a praia. Adoro andar na areia, sentir o sol, nadar no mar, jogar ténis de praia, ler na praia ou simplesmente ouvir música. Há uma coisa que não gosto, mas mais que não gostar, não consigo fazer…estar ao sol durante tempo indeterminado. Normalmente as pessoas vão à água no intervalo dos momentos que estão ao sol. Eu não! Eu estou ao sol nos intervalos dos momentos em que estou na água.
Sinto-me em paz na água, embora respeite muito o mar e a sua força. Acho piada aos comentários das pessoas que dizem que a água no algarve “está fria!” Claro que quente não está, mas para quem está habituado às águas gélidas do norte de Portugal e, no meu caso, mais acima um pouco, um dia em que a água esteja fria aqui equivale a um dia em que a água esteja quente lá para cima!
Nestes dias aproveitei para ver alguns filmes. Destaco o filme Intouchables, um dos grandes filmes que vi, e o The Blind Side, filmes que destacam o melhor do ser humano, não precisando de grandes efeitos especiais para captar a atenção de quem os vê.
Tudo isto numa nada normal ausência de internet durante quase 15 dias! Se senti falta? Sinceramente, não. É um vício, algo que damos valor em demasia (falando em termos lúdicos e não profissionais).

Estes dias no paraíso estão prestes a acabar. Não tenho pena, pois serviram o seu propósito. E brevemente volto a algo que adoro…ser enfermeiro.